quarta-feira, dezembro 27, 2006

Arte poética: José Luís Peixoto















Fotografia: Axel Bückert

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.


José Luís Peixoto, a criança em ruínas, Quasi Edições, 2001
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5 Comments:

Blogger cristina said...

Li isto há pouco tempo quando fui espreitar "A curva da estrada"...

quarta-feira, dezembro 27, 2006 10:53:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Ontem estive a tomar café com uma amiga nossa e nós demos conta de que está uma série por acabar ... sobre o quadro de um tal de Pablo Picasso ...

quarta-feira, dezembro 27, 2006 10:56:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Pois... é o poema que o "Curva da Estrada" e que tenho permanentemente comigo.

quarta-feira, dezembro 27, 2006 11:40:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Lamento [ou não] informá-las mas… eu retirei este poema do José Luís Peixoto da criança em ruínas. E nem sequer é a primeira vez que coloco no GR excertos do José Luís Peixoto. Isto só vem provar que a Leonor também tem muito bom gosto. ;)

quinta-feira, dezembro 28, 2006 9:25:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Obrigada pela parte que me toca. As obras quando são publicadas são de todos e de nenhum. Estou a ler agora O Cemitério de Pianos.

quinta-feira, dezembro 28, 2006 11:02:00 da tarde  

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