No centenário de Rómulo de Carvalho (António Gedeão)
Tudo é foi
Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
Já todo o mundo é diferente.
Já outro ar me rodeia;
Outros lábios o respiram;
Outros aléns se tingiram
De outro Sol que os incendeia.
Outras árvores se floriram;
Outro vento as despenteia;
Outras ondas invadiram
Outtros recantos de areia.
Momento, tempo esgotado,
Fluidez sem transparência.
Presença, espectro de ausência,
Cadáver desenterrado.
Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescendência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.
António Gedeão, Poemas Escolhidos
Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
Já todo o mundo é diferente.
Já outro ar me rodeia;
Outros lábios o respiram;
Outros aléns se tingiram
De outro Sol que os incendeia.
Outras árvores se floriram;
Outro vento as despenteia;
Outras ondas invadiram
Outtros recantos de areia.
Momento, tempo esgotado,
Fluidez sem transparência.
Presença, espectro de ausência,
Cadáver desenterrado.
Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescendência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.
António Gedeão, Poemas Escolhidos
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