terça-feira, novembro 21, 2006

Conteúdo e género

Ciclicamente Cavaco dá azo a reflexões extravagantemente filosóficas.

A elite detesta Cavaco.

Já uma percentagem elevada de povinho (não a utopia de povo) adora Cavaco.

Porquê a dicotomia?

Para uma certa elite (os apóstolos de Mário Soares, por exemplo) há uma crença estruturalmente fundada: o poder pertence só aos pares, uma espécie de monarquia cultural.

Para o povinho Cavaco simboliza o rigor, a austeridade, a competência.

Há uma certa elite que vê as entrevistas de Cavaco e insiste no ré: a falta de uma ideia dissonante, original, que se imponha, falta de teatralidade, enfim falta de calor humano; esta certa elite faz de conta que não percebe o óbvio: Cavaco não está no poder para nos oferecer doutoramentos virtuais, Cavaco está no poder porque acredita que Portugal pode chegar a um determinado patamar.

Essa elite satisfaz o intelecto nos salões faustosos da umbiguidade e tece teses brilhantes sobre a ineficácia de Portugal; justiça lhe seja feita as conclusões são vulgarmente cintilantes.

A diferença entre Cavaco e uma certa elite é dramática, pois a opulência do conteúdo invalida o género.
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2 Comments:

Blogger Pitucha said...

Gostei da filosofia!
Beijos

terça-feira, novembro 21, 2006 10:39:00 da manhã  
Blogger Unknown said...

Entre a esquerda intelectualóide há uma opinião que defende que é chato as pessoas que não pertencem às classes A e B votarem em Cavaco Silva. Resa assim: "Os pobresinhos coitadinhos ao menos podiam votar na esquerda."

Acho essa ideia do mais antidemocrático e demagógico que pode haver.

O que eu gostava de ver era o Manuel Alegre na presidência, pelo menos escrevia muito mais posts sobre o assunto.

terça-feira, novembro 21, 2006 1:40:00 da tarde  

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