terça-feira, novembro 28, 2006

A Caixa

Em relação ao anunciado e decidido encerramento da Caixa de Previdência dos Jornalistas andava há vários dias - porque também me toca - a ruminar sobre o assunto. A tentar ler os dois lados. Continuo a ruminar. Por um lado preocupa-me o facto de perder um sistema de previdência que, sejamos realistas, é bem melhor que o do SNS, e que acho que mereço, tal como a generalidade dos meus colegas de profissão quer se encontrem em Lisboa a receber 2000 euros por mês ou em Bragança a ganhar pouco mais que o salário mínimo. Por outro lado compreendo a necessidade de todos contribuirem para um bem comum e se sacrificarem por igual em prol do mesmo. Ainda continuo a ruminar. Ainda não sei em que fico ou em que vou ficar. Mas fico satisfeito por não ser o único.
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3 Comments:

Blogger Unknown said...

"tal como a generalidade dos meus colegas de profissão quer se encontrem em Lisboa a receber 2000 euros por mês ou em Bragança a ganhar pouco mais que o salário mínimo."

O problema da diferença entre Lisboa e Bragança é outro.

Ainda há pouco tempo um colega meu dizia que os restaurantes em Lisboa eram demasiado caros, e eu lá avisei o rapaz que a maneira de resolver isso era diminuir o ordenado dos quadros que trabalham em Lisboa.

Eu percebo que para ti os dois problemas estejam ralacionados e sei que a interioridade tem um preço, mas não convem misturar os dois assuntos.

terça-feira, novembro 28, 2006 4:54:00 da tarde  
Blogger Raimundo said...

Para mim, Luís, não há dois assuntos para misturar. É só um. É que a Saúde custa o mesmo em Lisboa que em Bragança. E se pensarmos bem, o preço de restaurantes da mesma categoria em Lisboa e no Interior já não difere assim tanto. Eu sei. Porque apesar de viver na Covilhã vou bastas vezes a Lisboa meu amigo. Agora, também estarei de acordo se me disseres que uma renda em Lisboa não tem nada a ver com uma numa cidade raiana. E se calhar até tens mais exemplos para me dar. Não os discuto sequer.

Depois, eu não tenho nenhum problema com a interioridade. Não me faz espécie. Estou cá porque quero e porque me sinto bem. Aliás, eu nem sequer me penso no Interior. Penso-me numa cidade mais pequena e com uma qualidade de vida que nunca encontrei em Lisboa ou no Porto. Não foi para me queixar que eu citei Bragança - e podia ter referido outra cidade qualquer da faixa Interior. Apenas quis dar a entender que, por um trabalho que desgasta de forma igual (porque a generalidade dos jornalistas da imprensa nacional não trabalha mais que a generalidade dos da imprensa local), a remuneração é muito díspar.

De qualquer forma também não é isso que está em questão porque não respeito mais uns e menos outros. E acredito que o fim da CPJ vai afectar tanto uns como outros, embora a uns mais que a outros.

Mas o que eu quero dizer - para concluir isto - é que as pessoas têm uma ideia dos jornalistas como uma massa homogénea de profissionais que vivem segundo as mesmas regras e nas mesmas condições e que estas até serão bastante aceitáveis. E acreditam nisso porque só tomam em consideração os jornalistas dos grandes órgãos nacionais sediados em Lisboa e, raros casos, no Porto (e atenção que mesmo aí há muitos a viver em condições precárias a nível pessoal e profissional) e esquecem que o grosso dos jornalistas que beneficiam da CPJ neste país trabalha fora de Lisboa… de Braga a Lagos, de Bragança a Vila Real de Santo António. Para esses, acredito que mais que para os dos grandes órgãos, a CPJ era um dos poucos incentivos à aposta na carreira.

Mas volto a repetir… ainda estou a ruminar nisto. Ainda não sei se é bom ou mau. Se compensa ou não. Ou para quem é que compensa. Não sei se vamos ver jornalistas de imprensa local a abandonarem aos magotes, se os vamos ver a reclamar melhores salários para compensar o fim dos benefícios da CPJ. Estou para ver e à espera de ser melhor esclarecido…

terça-feira, novembro 28, 2006 9:15:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

"Apenas quis dar a entender que, por um trabalho que desgasta de forma igual (porque a generalidade dos jornalistas da imprensa nacional não trabalha mais que a generalidade dos da imprensa local), a remuneração é muito díspar."

Como entenderás sou leigo na matéria.

Na frase que cito tocas naquele que é o ponto mais interessante para mim. Se calhar os jornalistas têm uma profissão particularmente desgastante. Se assim for eu reconheço que o "privilégio" da CPJ é um privilégio inteiramente justificado e que o discurso do governo é populista.

Um abraço

P.S. e vê lá se me desenrascas umas sacas de areia ...

terça-feira, novembro 28, 2006 10:27:00 da tarde  

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