quarta-feira, setembro 20, 2006

querelas mundanas

“(…) Ai de mim! Se a heroína de um romance não for amparada pela heroína de outro, de quem poderá esperar protecção e respeito? Eu não o posso aprovar. Deixemos isso aos críticos, que eles maltratem como bem entenderem tais efusões da imaginação, e que acerca de cada novo romance falem nos esforços gastos com o lixo sobre o qual a imprensa agora se debruça. Não desertemos uns dos outros, somos um grupo maltratado. Embora as nossas produções tenham proporcionado maior e mais profundo prazer do que as de qualquer outro grupo do mundo, jamais outra escrita foi tão denegrida. Por orgulho, por ignorância ou por moda, os nossos inimigos são quase tantos quanto os nossos leitores. E, enquanto o talento da nonagésima pessoa que resume a História de Inglaterra, ou do homem que reúne e edita num volume algumas dúzias de linhas de Milton, de Pope, ou de Prior, com um nota do Spectator e um capítulo de Sterne são elogiados por mil canetas, parece existir um desejo generalizado de denegrir a capacidade e desvalorizar o trabalho do romancista, e de desprezar as execuções que só têm o engenho, o talento e o gosto para as louvar.” p.49-50
AUSTEN, Jane, A Abadia de Northanger, Mem Martins, Publicações Europa-América, Agosto 2004, pp. 49-50
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