sexta-feira, setembro 29, 2006

Quando a praxe não(?) é o que devia ser [editado]

As discussões sobre a praxe e a recepção ao caloiro são por norma acaloradas. Lembro-me que em tempos o movimento anti-praxe foi particularmente bem organizado no meu curso. Nesse ano a discussão entre os que defendem a tradição académica à antiga e os que se opõem à praxe foi particularmente dura. Não havia manhã ou tarde em que na sala de alunos de física não houvesse uma discussão sobre o assunto. A discussão versava tópicos tão delicados como a maneira como os alunos do primeiro ano deviam ser referidos: "alunos do primeiro ano" ou "caloiros"? De acordo com o movimento anti-praxe de então (no qual eu me revia) o uso da palavra "caloiro" era "revelador de uma atitude inaceitável de superioridade por parte dos veteranos" (fim de citação).

Como se está bem a ver este ambiente de tensão política (e linguística) culminou ... no dia de recepção ao caloiro.

Decidiu-se que a comissão de praxe e a comissão anti praxe organizariam actividades de recepção ao caloiro, perdão alunos-do-primeiro-ano, em pontos convenientemete afastados do campus, para evitar conflitos e garantir que cada um recebia o caloiro de acordo com os seu princípios.

Eu não estive nem num lado nem noutro, assim sendo foi com natural curiosidade que me aproximei da sala de alunos de física na tarde do dia da recepção ao caloiro. Estranhei a atmosfera, onde eu esperava acesa discussão reinava o companheirismo e a descontração ... curioso perguntei: "Então como é que correu a recepção ao caloiro." A resposta não se fez esperar: "Estivemos aqui a comparar e concluimos que o movimento anti-praxe e a comissão de praxe receberam os caloiros da mesma maneira!". Ora bolas!
Partilhar

6 Comments:

Blogger mega said...

'pessoalmente acho q a palavra "caloiro" devia ter outras aplicações..
explo.: "irra, este verão teve muito caloiro..." não?.. ok, desculpem...'

sexta-feira, setembro 29, 2006 3:19:00 da tarde  
Blogger cristina said...

Independentemente da conotação praxistica da palavra, os alunos do primeiro ano são caloiros! E, à partida, isso não tem conotação negativa - nem positiva, nem coisa nenhuma! - é uma constatação. São simplesmente novos na coisa!

Eu não conheço de perto nenhuma comissão anti-praxe organizada. Apesar disso, custa-me a crer que "o movimento anti-praxe e a comissão de praxe receberam os caloiros da mesma maneira!". Ora define lá essa "mesma maneira"!

sexta-feira, setembro 29, 2006 5:46:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cristina, sinceramente não me lembro mesmo dos detalhes, mas lembro-me que o tratamento dos caloiros, perdão alunos-do-primeiro-ano foi muito parecida. Não me espanta que a ti te custe a acreditar, mas é verdade.

Eu não sou contra o facto das pessoas quererem fazer brincadeiras e jogos, eu sou é contra os exageros e a humilhação indiscriminada da rapeziada nova.

sexta-feira, setembro 29, 2006 8:08:00 da tarde  
Blogger Woman Once a Bird said...

Faz-me mais confusão o estatuto de "veterano"... os graduados a apodar os novos de animais e afins são os chumbos do sistema. Afinal, quem deve apanhar nas unhas? Dá que pensar...

sexta-feira, setembro 29, 2006 10:24:00 da tarde  
Blogger cristina said...

Eslcareçamos as coisas mais um bocadinho: "o movimento anti-praxe e a comissão de praxe receberam os caloiros da mesma maneira!" - ou seja, sem exageros. Portanto, isto dá-se "quando a praxe é o que devia ser!"

[Só agora, enquanto escrevia este comentário, percebi o título (original) e a ironia do itálico no "devia"...]

segunda-feira, outubro 02, 2006 11:56:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

lol, admito que o ponto de interrogação ajuda ...

terça-feira, outubro 03, 2006 9:56:00 da manhã  

Enviar um comentário

Voltar à Página Inicial