gente que não tem mais nada que fazer
sentada no canto esquerdo da porta principal, cabisbaixa, aguada, no lado de lá da porta frontal as outras bichanando desassossego. contornando o motivo continuou fazendo de conta de seu taciturnismo, um soturno decadente seguindo um ou outro pensamento ilativo. a outra sentou-se junto dela, as mãos buscando sintomas de nervosismo, os pés desconversando cansaço.
- já estavam a falar de mim, eu sei, esta gente! – ela destronando o conclusivo.
- como sabes que falam de ti? – a outra alheando o reflexivo.
- bichanam e olham pra mim – ela convencendo o obviamente.
- sabes… há dois tipos de pessoas: as que dominam a imaginação e a transtornam criando; e as outras, as que se deixam domar pela imaginação e realmente se perturbam – a outra discreteando o complexo.
- ahum, não percebo nada do que estás a dizer – ela incentivando o imaculável.
- é, deixa lá, mas olha… não imagines o que os outros dizem sem eles to confirmarem por escrito, afinal uma escrita criativa é bem mais interessante do que uma previsível – a outra desvinculando o devaneio.
- eu acho qu’elas ‘tavam a falar de mim e do Ricardo, esta gente não tem mais nada pra fazer.
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