sexta-feira, agosto 25, 2006

Mais uma dúvida existencial

Caro João Fernandes, já que não tem dúvidas, explique-me se puder, conseguir, ou quiser: porque é que considera que o «Governo tem todo o direito de propor às televisões que passem menos fogo nos telejornais»?

Também acha que o governo pode propor às televisões que passem menos assaltos? Menos sequestros? Menos acidentes de viação? E já agora... o governo também pode propor "coisas" a outros media, ou esta ideia só é aplicável às televisões?
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7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

André, não quero defender ninguém, mas já equacionaste a questão de que existe certo tipo de pessoas cujo prazer é ver arder. E que essas mesmas pessoas podem ser levadas a cometer o crime de fogo posto, pelo simples facto de passarem horas sem fim a ver images de fogos?

Dou-te um exemplo, numa terreola perto de Arganil, havia um moçinho, novinho, que gostava de ver os bombeiros em acção. Acabou na coorporação lá da terra e a atear fogos só para os ir apagar.

sexta-feira, agosto 25, 2006 3:42:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá Susana,

Por esse lógica (carecida de fundamento científico), o Telejornal deveria aplicar precisamente o mesmo critério a outros crimes.

O que estás a dizer não passa de uma suposição, pois eu poderia dar o exemplo de muitos outros mocinhos, em muitas outras terreolas, que, depois de verem na televisão a aflição por que passam as pessoas com os fogos, poderiam passar a ter mais cuidado com as beatas que atiram pelos vidros dos seus carros em andamento quando estão a passar em zonas florestais, ou com as fogueiras que ateiam a fazer campismo selvagem, ou evitar fazer uma queimada, etc.

Esta última versão é precisamente a lógica da publicidade preventiva, que confronta as pessoas com o efeito trágico que determinado comportamento pode causar.

sexta-feira, agosto 25, 2006 4:51:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Seria intolerável que o Governo se metesse nessa ou em qualquer outra questão que à informação diga respeito. Parece-me que o ano passado houve um acordo entre as televisões para se deixar de dar tanta relevância aos fogos.
Digo-lhe que me parece muito bem, porque 3/4 de hora de telejornal a falar de incêndios enjoa.

sexta-feira, agosto 25, 2006 6:33:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

André, como disse não quiz defender ninguém, até porque não concordo com a intervensão estatal nos meios de informação (que se querem independentes... mas não são...). Por outro lado acho que há coisas que têm de ser tratadas com alguns cuidados, até porque neste país há mais espetáculo que informação.

sexta-feira, agosto 25, 2006 8:40:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Susana,

Eu sei que não estás a defender ninguém, mas mesmo que estivesses, estavas no teu pleno direito. Mas se reparares no que escrevi, não estou a defender de forma alguma aquilo a que chamas (salvo seja) o espectáculo televisivo dos fogos. Para além do mais, os profissionais da informação sabem – ou deveriam saber – disso melhor que ninguém.

sexta-feira, agosto 25, 2006 10:12:00 da tarde  
Blogger jmf said...

Meu caro, é óbvio que o Governo tem o direito a ter opinião e a sugeri-la às televisões ou a quem quiser. Algo, completamente diferente, é a pressão que o articulista em causa alega. Quando comentamos, convém que comentemos o que os outros escrevem.

sábado, agosto 26, 2006 12:20:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro JMF,

A questão que lhe coloquei, e a que gentilmente acedeu responder, nada tem a ver com a pretensa pressão que Eduardo Cintra Torres refere no jornal Público.

Apesar de também me parecer que não está a comentar o que eu escrevi, a sua resposta acaba por ser elucidativa. Não concordo nada com a sua opinião, mas é esclarecedora.

Contudo, não posso deixar de achar estranho que um profissional da comunicação social considere que um governo tenha o «direito» de sugerir o que quer que seja à comunicação social.

O governo tem um leque de meios legais ao seu dispor e poderes executivos que lhe permitem fazer bem mais do que sugerir algo que julgam estar errado. Por isso, quando um governo faz “sugestões” à comunicação social significa, pura e simplesmente, que está a pedir um favor aos seus compadres da comunicação social. Caso contrário não precisaria de fazer sugestão nenhuma e agiria com a legislação reguladora adequada.

Vejamos este caso dos fogos a que faz referência no seu post (linkado por mim). Mas por que motivo – para além do jeito que lhes dá – é que o governo teria de sugerir à comunicação social, que não dê tanto tempo de antena aos fogos? Porque não pedir menos tempo de antena para a guerra do Líbano, crimes, etc.? Mas já não existe uma entidade reguladora do sector para fazer as “sugestões” que achar oportunas?

O que me parece evidente é que há agora muita gente na comunicação social e não só) que acha normal que o governo faça as sugestões que bem entenda, mesmo que sejam no interesse do próprio governo, mas se o governo fosse outro… já achavam mal, e andavam para aí a falar de censura.

segunda-feira, agosto 28, 2006 5:42:00 da tarde  

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