domingo, agosto 20, 2006

A eterna parábola do cisco no olho do vizinho

Certa Faranaz Keshavjee, identificando-se como "membro da comunidade ismaelita", assina uma prosa no Público de hoje queixando-se da intolerância Ocidental sobre os muçulmanos. O artigo em nada destoa de muitos que por aí correm (há excepções, naturalmente). Contém partes lírico-doces, destinadas a proclamar a necessidade de paz e harmonia entre os povos, bem como a condenar o emprego abusivo e generalizado de nomes como Islamismo ou Muçulmanos; e contém partes raivosas e espumosas, falando genericamente em Ocidente e chamando "fascistas" a George Bush, Vasco Pulido Valente e todos aqueles que alinham em certas interpretações. É um fenómeno bem conhecido, este. Há muita gente que, ao mesmo tempo que proclama a paz, a harmonia e o perigo das generalizações, desata aos berros e recorre ao ódio e às generalizações quando se trata de atacar quem pense de maneira diferente da deles. Haverá leis psicológicas que expliquem isto. Entretanto, seria bom que a Senhora Faranaz meditasse nas suas próprias palavras: "As opiniões facciosas e falaciosas que acabam por moldar o senso-comum têm o perigo de provocar a violência sistémica, porque a esta se responde ainda com maior violência".
Partilhar