terça-feira, maio 02, 2006

Então... valeu a pena?

Eu não quero parecer um desses simpáticos zeladores de um certo ideal esquerdista de democracia. Mas, mesmo correndo esse risco, tenho que perguntar: A operação da PSP, tal como se desenvolveu, nesse tal de Bairro da Torre sempre se justificou? Quero eu dizer… será que os resultados da operação justificaram o aparato, o número de agentes (600), e os inconvenientes – para não dizer prejuízos – para os moradores das 200 habitações revistadas, já para não falar do investimento do erário público?

Não me interpretem, rogo-vos novamente, como um qualquer zigoto "marxista-leninista-cheguevarista que vota no Louçã porque ele fuma charros" e que “simpatiza com os imigrantes ilegais que roubam o trabalho dos portugueses”. Se calhar a minha questão é simplista e, porventura, a apreensão de uma só arma ilegal num bairro onde moram não-sei-quantas-centenas de pessoas é mais importante do que as pessoas em si. Mas, não querendo parecer demasiado exigente, gostaria que o digníssimo “superintendente da PSP Neto Gouveia”, citado pelo Público, esclarecesse quantas armas são “algumas” – e já agora, de que tipo – e quantas detenções são “várias”.

Não é por nada… e, se for muito incómodo, deixe lá… é só porque gostamos de aferir a competência da polícia que temos, e perceber melhor os critérios que levam certos magistrados a emitir determinados mandados. Só para termos a certeza que não voltámos atrás no tempo… digamos… uns 40 anos.

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5 Comments:

Blogger André Carvalho said...

10 pessoas+19 armas

terça-feira, maio 02, 2006 9:54:00 da tarde  
Blogger Raimundo said...

Ah... excelente número... Que golpe no crime organizado. Que machadada no tráfico de armas. Hoje até durmo melhor!

terça-feira, maio 02, 2006 10:01:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Olá Raimundo,

Não me quero substituir ao digníssimo superintendente da PSP, mas deixo-te aqui um link. :)

Abraço

terça-feira, maio 02, 2006 10:01:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Eu não quero parecer um desses simpáticos zeladores de um certo ideal de direita :), mas, apesar de considerar que foi muita parra e pouca uva, mesmo assim, pelo facto de terem retirado 19 armas da rua, considero que valeu a pena. Sabe-se lá o que uma única arma nas mãos erradas pode fazer, quanto mais 19.

terça-feira, maio 02, 2006 10:09:00 da tarde  
Blogger Raimundo said...

André...

...Simpatizo com essa posição até certo ponto. Afinal, até para um sociopata como eu, uma arma (legal ou ilegal) nas mãos de um civil é uma arma a mais.

Mas, engendrar uma operação deste calibre - 600 agentes, 200 habitações revistadas, meio dia de buscas, fechaduras arrombadas, loiça partida, etc. - para, no fim, se encontrarem 19 armas ilegais e se fazerem dez detenções (o que dá menos de duas armas por indivíduo detido, e parte destes até pode estar inocente) parece-me uma montanha a parir um rato.

Ninguém tenha ilusões. Esta operação foi um fracasso total. Foi um tiro no pé. E, por muito que as altas patentes da PSP venham agora dizer que a acção serviu, sobretudo, como efeito de dissuasão, a verdade é que só veio denegrir ainda mais a imagem da polícia aos olhos do cidadão comum.

Primeiro porque a quantidade de armas apreendidas é irrisória para ser considerada "uma machadada" no tráfico. A polícia estava à espera de encontrar mais, certamente. Mas o resultado da operação diz-nos que a PSP, ou estava mal informada, ou agiu com excesso de zelo. E nenhuma das duas razões abona a seu favor, porque estão conotadas com a incompetência e com o abuso de poder, respectivamente.

Segundo porque, sendo o Bairro da Torre, um local problemático pela natureza étnica e social dos seus habitantes, a ideia que passa – depois do logro da operação cujos resultados negam a justificação – é a de que há um preconceito racial por detrás da operação. Ainda que tal ideia seja completamente falsa.

Em qualquer dos casos, foi a credibilidade da PSP enquanto força de segurança e autoridade que levou a “machadada”.

quarta-feira, maio 03, 2006 6:19:00 da tarde  

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