Então... valeu a pena?
Eu não quero parecer um desses simpáticos zeladores de um certo ideal esquerdista de democracia. Mas, mesmo correndo esse risco, tenho que perguntar: A operação da PSP, tal como se desenvolveu, nesse tal de Bairro da Torre sempre se justificou? Quero eu dizer… será que os resultados da operação justificaram o aparato, o número de agentes (600), e os inconvenientes – para não dizer prejuízos – para os moradores das 200 habitações revistadas, já para não falar do investimento do erário público?
Não me interpretem, rogo-vos novamente, como um qualquer zigoto "marxista-leninista-cheguevarista que vota no Louçã porque ele fuma charros" e que “simpatiza com os imigrantes ilegais que roubam o trabalho dos portugueses”. Se calhar a minha questão é simplista e, porventura, a apreensão de uma só arma ilegal num bairro onde moram não-sei-quantas-centenas de pessoas é mais importante do que as pessoas em si. Mas, não querendo parecer demasiado exigente, gostaria que o digníssimo “superintendente da PSP Neto Gouveia”, citado pelo Público, esclarecesse quantas armas são “algumas” – e já agora, de que tipo – e quantas detenções são “várias”.
Não é por nada… e, se for muito incómodo, deixe lá… é só porque gostamos de aferir a competência da polícia que temos, e perceber melhor os critérios que levam certos magistrados a emitir determinados mandados. Só para termos a certeza que não voltámos atrás no tempo… digamos… uns 40 anos.
5 Comments:
10 pessoas+19 armas
Ah... excelente número... Que golpe no crime organizado. Que machadada no tráfico de armas. Hoje até durmo melhor!
Olá Raimundo,
Não me quero substituir ao digníssimo superintendente da PSP, mas deixo-te aqui um link. :)
Abraço
Eu não quero parecer um desses simpáticos zeladores de um certo ideal de direita :), mas, apesar de considerar que foi muita parra e pouca uva, mesmo assim, pelo facto de terem retirado 19 armas da rua, considero que valeu a pena. Sabe-se lá o que uma única arma nas mãos erradas pode fazer, quanto mais 19.
André...
...Simpatizo com essa posição até certo ponto. Afinal, até para um sociopata como eu, uma arma (legal ou ilegal) nas mãos de um civil é uma arma a mais.
Mas, engendrar uma operação deste calibre - 600 agentes, 200 habitações revistadas, meio dia de buscas, fechaduras arrombadas, loiça partida, etc. - para, no fim, se encontrarem 19 armas ilegais e se fazerem dez detenções (o que dá menos de duas armas por indivíduo detido, e parte destes até pode estar inocente) parece-me uma montanha a parir um rato.
Ninguém tenha ilusões. Esta operação foi um fracasso total. Foi um tiro no pé. E, por muito que as altas patentes da PSP venham agora dizer que a acção serviu, sobretudo, como efeito de dissuasão, a verdade é que só veio denegrir ainda mais a imagem da polícia aos olhos do cidadão comum.
Primeiro porque a quantidade de armas apreendidas é irrisória para ser considerada "uma machadada" no tráfico. A polícia estava à espera de encontrar mais, certamente. Mas o resultado da operação diz-nos que a PSP, ou estava mal informada, ou agiu com excesso de zelo. E nenhuma das duas razões abona a seu favor, porque estão conotadas com a incompetência e com o abuso de poder, respectivamente.
Segundo porque, sendo o Bairro da Torre, um local problemático pela natureza étnica e social dos seus habitantes, a ideia que passa – depois do logro da operação cujos resultados negam a justificação – é a de que há um preconceito racial por detrás da operação. Ainda que tal ideia seja completamente falsa.
Em qualquer dos casos, foi a credibilidade da PSP enquanto força de segurança e autoridade que levou a “machadada”.
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