Cheque em branco
Ainda no congresso do PSD, alguém volta a falar no cheque família. Consiste esta magnífica ideia no seguinte: o Estado, em vez de apoiar exclusivamente as escolas, entrega às famílias uma determinada quantia, que lhes permitirá escolher a escola, pública ou privada, onde querem pôr os filhos a estudar. Sempre que ouço esta proposta, espanto-me com a ideia que os seus proponentes farão dos portugueses. O que isto significa é, simplesmente, uma hipótese de financiamento público a instituições privadas. Na prática, isto não se distancia muito de um certo liberalismo à portuguesa, que consiste na reivindicação de largos investimentos estaduais em empresas privadas, em nome da iniciativa. António Barreto já disse que isto significa, mais ou menos, que os custos são de todos (isto é, dos contribuintes), e os lucros só de alguns. Mas, no caso das escolas, podemos ir mais longe. Por acaso, várias escolas privadas têm tido dificuldades, em virtude da natalidade e da situação económica do país. De modo que o cheque vinha mesmo a calhar. Nestas coisas, há que sermos claros.
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