é bom ser mulher...
Acabei de ler "Queimada Viva". A nível literário não estava a achar nada de especial; tinha uma excessiva repetição de ideias, que já me começava a cansar. Mas só mais adiante percebi o que já devia saber desde o início, se tivesse estado mais atenta: a história é real e estava a ser contada na primeira pessoa - Souad. Souad teve a infelicidade de ter nascido mulher na Cijordânia...
Na minha aldeia, se os homens tivessem de escolher entre uma rapariga e uma vaca escolhiam a vaca. O meu pai não se cansava de repetir que nós não servíamos para nada: «Uma vaca dá leite e vitelos. O que é que se faz com o leite e os vitelos? Vendem-se. Traz-se dinheiro para casa, o que significa que uma vaca presta serviços à família. E uma rapariga? Que serviços é que presta à família? Nenhum. [...]» [...] Nós, as raparigas, estávamos convencidas que assim era. Aliás as vacas, as ovelhas, as cabras eram muito mais bem tratadas do que nós. Nunca batiam às vacas ou às ovelhas!
O título do livro decorre da punição familiar decorrente de um "crime de honra"...
De repente senti uma coisa fria escorrer-me pela cabeça. E de súbito o fogo envolveu-me.
O livro é um testemunho. Tomar consciência de que estas coisas (ainda!) acontecem fez-me lê-lo com outros olhos e pensar que é bom ser mulher... em Portugal!
Na minha aldeia, se os homens tivessem de escolher entre uma rapariga e uma vaca escolhiam a vaca. O meu pai não se cansava de repetir que nós não servíamos para nada: «Uma vaca dá leite e vitelos. O que é que se faz com o leite e os vitelos? Vendem-se. Traz-se dinheiro para casa, o que significa que uma vaca presta serviços à família. E uma rapariga? Que serviços é que presta à família? Nenhum. [...]» [...] Nós, as raparigas, estávamos convencidas que assim era. Aliás as vacas, as ovelhas, as cabras eram muito mais bem tratadas do que nós. Nunca batiam às vacas ou às ovelhas!
O título do livro decorre da punição familiar decorrente de um "crime de honra"...
De repente senti uma coisa fria escorrer-me pela cabeça. E de súbito o fogo envolveu-me.
O livro é um testemunho. Tomar consciência de que estas coisas (ainda!) acontecem fez-me lê-lo com outros olhos e pensar que é bom ser mulher... em Portugal!
2 Comments:
Assustador não é? Eu tinha noção das diferenças, mas quando os talibãs(?) cairam [foram tombados, (Provocaçãozinha)] e arrastaram com eles a cortina, percebi que havia de facto muito a fazer, aguardar... e que tinha muita sorte por ter nascido à Ocidente.
Sim sem duvida é bom ter nascido no Ocidente...mas ocidente por ocidente, entao seja o ocidente escandinavo, onde certamente a taxa de violencia doméstica deve ficar muito aquem da nossa. DEve ser das influencias do al-andalus...
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