Baleias
Grandes tribos flutuantes
migrações
icebergs de carne e osso
ilhas dolentes
Soa na noite triste
das profundidades
a sua elegia e despedida
porque o mar
foi despovoado de baleias
Sobreviventes de outro fim do mundo
adoptaram a forma dos peixes
sem chegarem a ser peixes
Precisam de sair para respirar
cobertas de algas milenárias
e então se encarniça com elas a crueldade
do arpão exclusivo
E todo o mar se torna
um mar de sangue
enquanto as levam para o esquartejamento
para fazê-las bâton
sabão azeite
alimento de cães
Os seus olhos são as pálpebras da aurora
das suas narinas sai fumo
Como de uma panela ou caldeira a ferver
No seu cachaço está a força
e na fronte se espalha o desalento*
José Emilio Pacheco
*Job 4.
Whales face a new threat
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