o bom português de Frida Kahlo

Frida kahlo, exposição em Belém, CCB, 26 obras, objectos pessoais, fotos inéditas, feriado de 3ª feira de Carnaval, Portugal.

Frida diria, " meu caro bruno, obrigado pelas simpáticas palavras de congratulação referentes à minha primeira exposição em Portugal. No entanto, não seria sincera nem consigo nem para comigo se não lhe confidenciasse que, todos os louros da massiva presença dos seus irmãos portugueses devem-se inteiramente a Salma Hayek, a Hollywwod e Julie Taymor. Sei agora, que a melhor forma de expor é numa sala de cinema, em frente da tela, e depois - e só depois - numa galeria."

Eram duas da tarde, levava na cabeça quadros impressionantes que vi apenas nos livros de história de arte, ao lado de tantos outros pintores que admirava. quando cheguei ao CCB, a minha admiração ficou toda para o português que se apinhava numa fila como nunca antes vi. grupos de 4 e 5 pessoas alinhadas atrás de grupos de 6 ou 7 engrossando a fila que ia da entrada do recinto à bilheteira.

Aplausos, aplausos. “ se não vejo hoje a exposição, muitos outros estão neste momento” até fins de maio terei concerteza oportunidade.

Acendi o possível instrumento da minha morte, e enquanto esfumaçava questionei o porquê de tamanha afluência. O filme, claro!

Não retirei ao Português a paciência de feriado para as filas, a vontade e a curiosidade do que esperavam ver... mas questionei o motivo e as expectativas. E conclui, ai de Frida Kahlo se não corresponder ao filme, ai daquela mulher de bigode cantiflas e sobrancelhas unidas, amante de pintores, revolucionários e intelectuais, mais a sua história de sofrimento físico caso o português não tenha, entre pessoas e ombros e quadros e as vitrines um relampejo de semelhança com a película Kodak e frames, que lhe permitam dizer no fim “ o filme é sem dúvida muito bom, retrata realmente o que esperava ver na exposição!”. Como se antes de Tinta de Frida existisse a projecção de Hollywood.

“Cara Frida, compreendo o que me diz do filme, mas não seria honesto se também não partilhasse a seguinte confidência, a de que o portugueses serão concerteza seduzidos por si, mais do que Salma hayek.

Ps.: não faça o bigode... fica-lhe bem! “