segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Trabalho


Pacheco Pereira constata que na blogosfera portuguesa, como no cinema, parece que ninguém trabalha. Ignoro se isto é específico da nossa blogosfera. De qualquer forma, arrisco uma explicação: quem trabalha fica cansado, farto, esgotado, extenuado. Chegando a casa, em frente ao computador, a última coisa de que quer ouvir falar é em trabalho. Quanto aos que não trabalham, já têm horas a mais para pensarem nas contas a pagar e no Futuro (ou na ausência dele). Por isso, e pelo menos durante uns momentos, querem relaxar - e os blogues podem servir esse fim, em diversas modalidades. Mas o mais importante não é isso. Abstraindo das intenções de Pacheco Pereira, há algo de perturbador nesta série de fotografias do Abrupto. Algo de parecido a um bando de engomadinhos que, do alto dos seus salários, das suas vivendas de luxo, dos seus fatos late fashion e dos seus Havana, assiste a um conjunto de pedreiros que partem pedra ou de empregadas domésticas que lavam o chão, como quem vê um chimpanzé numa jaula ou um cãozinho numa loja. A propósito, conto uma história: aquando das obras no Estádio Municipal de Guimarães, juntou-se um conjunto de pessoas a ver. Os trabalhadores suavam ao sol, partiam pedra, pegavam em baldes. Ao lado, um bando de sujeitos assistia e comentava. A dada altura, um dos trabalhadores teve uma frase definitiva: «Parece que hoje há cá mais engenheiros que trolhas».
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4 Comments:

Blogger Carlota said...

Para mal dos meus pecados, não encontro no blog do JPP nada que me leve à primeira frase do teu post.
A culpa não é tua. Eu é que me desoriento no Abrupto. Gosto do JPP, mas não gosto do blog dele...
De qualquer forma, essa constatação de que falas só pode virar-se contra o próprio JPP. Lembra-me os tempos em que ele era suposto trabalhar como deputado europeu e já tinha o seu blog em velocidade de cruzeiro...
Quem tem telhados de vidro...
Beijola

segunda-feira, fevereiro 20, 2006 10:25:00 da tarde  
Blogger A. said...

Grande coisa... acho que o JPP anda a plagiar-me, que já disse isso há muito tempo (brincadeirinha), mas porque a avaliar pela hora a que são publicados a maioria dos posts chega-se à conclusão que os bloggers não trabalham ou então andam a postar em pleno horário laboral!

terça-feira, fevereiro 21, 2006 1:35:00 da manhã  
Blogger Carlota said...

Filipe, obrigada pela transcrição!

terça-feira, fevereiro 21, 2006 12:16:00 da tarde  
Blogger Arrebenta said...

Katia Rebarbado d'Abreu entrevista Lola Chupa, sobre Pacheco Pereira

Katia – Querida Lola, que pensa de Pacheco Pereira?...

Lola – Filha, no meu trabalho, nós pensamos pouco: eles, ou vêm cá, ou não vêm…

Katia – Quer dizer que Pacheco Pereira nunca cá veio?...

Lola – (pausa) … querida, acha que um homem tão trabalhador, que passa tanto tempo nas televisões, a fazer o papel da virgem indignada, teria tempo para vir dar uma canzanada numa pobre travesti de esquina, como eu?...

Katia – Não seria o primeiro…

Lola – É verdade, coração, nem o último… Mas, olhe, vou ser sincera: eu ADORO Pacheco Pereira. São os dois melhores números de transformismo da Televisão Portuguesa: ele, e a Monchica, quando fazia de “Pilita”. Quando venho para o trabalho, para a minha… sei lá… para a minha quadratura do círculo, que é dar-lhes simultaneamente aquilo de que eles tanto precisam, um mangalhão, mas disfarçado por um bom par de mamas, trago sempre comigo uma t.v. portátil, que, aliás, ponho logo aqui, em cima deste “capot” de carro (aponta para um Volvo cinzento), para o ver, enquanto ele fala na T.V…

Katia – E consegue ouvir alguma coisa?...

Lola – Querida, para dizer a verdade… não, mas só o erotismo de ele pôr aquelas sobrancelhas ao alto, aquele piedoso juntar de mãos, aquele permanente agitar de bumbum na poltrona… dão-me uma tusa… (Lola cora)… Não está a gravar o que eu estou a dizer, pois não?...

Katia – Claro que não, querida.

Lola – … e sabe como eu conheço tão bem a natureza masculina… Vij’e Maria, quando vejo um homem de barba, fico sempre a desejar ter uma vagina, para que ele me… sei lá… para que ele mordesse os bicos e me cuniliguassse a noite toda. E, então, se a barba tiver uns pelitos brancos, ainda mais húmida me põe: à noite, quando me sento no bidé, para as abluções vespertinas e agarro num pelito alvo, fico sempre com a sensação de que tive a boca do Pai Natal entre as pernas… Ai, filha, não custa nada sonhar!…

Katia – Pacheco Pereira está então, para si, muito perto da perfeição.

Lola – (pausa) … olhe, amorosa, se eu lhe tivesse de dar um conselho de imagem, era mesmo só um: lembra-se de como ele põe os olhos em bico e olha para um lado, enquanto junta as mãozinhas e as estende para o outro?...

Katia – Sim… isso é típico da teatrada dele…

Lola – Vou-lhe confessar uma coisa… mesmo de mulher para mulher… sabe, eu, aqui, no Conde Redondo, já abri muitas braguilhas, e…

Katia – E?...

Lola – É assim: quando ele abre aquela boca erotiquíssima e a vira para a direita, apontando as mãos para a esquerda, eu sei que a tomatada, ao mesmo tempo, também se move em sentido inverso, está a ver, tipo uma onda sísmica vertical?... Eu acho que um homem na idade dele não se deve prestar a esses esforços: imagine que um dia se emociona mais e lhe vão as mãos para um lado e os tomates para o outro!... Isso, em directo, na TV, seria… um horror…

http://braganza-mothers.blogspot.com/

terça-feira, fevereiro 21, 2006 11:23:00 da tarde  

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