Rambo bom Rambo mau
O cinema é um testemunho da sociedade que o produz, e não está livre dos condicionamentos sociais da sua época. Em conformidade com o paradigma da indústria de Hollywood - matriz da produção cinematográfica ocidental - os filmes são produzidos de acordo com os gostos e expectativas das audiências, que, numa relação dialéctica, também são influenciadas pelos filmes.
As poderosíssimas máquinas industriais cinematográficas de algumas potências ocidentais têm vindo a difundir massivamente e globalmente, ao longo de décadas, uma visão ocidentalizada dos problemas e dos acontecimentos, sempre de acordo com os seus interesses económicos, sociais e políticos. No Ocidente consideramos esta estratégia comunicacional inteiramente legítima. Para o comum cidadão ocidental não existe nenhuma controvérsia no facto de, nos “Rambos” e seus derivados, os vietnamitas nos serem apresentados como sádicos, os russos como prepotentes, os árabes como fundamentalistas, os africanos como selvagens... e os americanos como heróis.
Mesmo que um filme induza a uma interpretação errónea de um determinado acontecimento, o que realmente interessa é que o espectáculo deleite as audiências. Aparentemente, no mundo do show business Ocidental, deste que não se negue o Holocausto, tudo o resto é tolerado.
Seguindo o mesmo trilho desta lógica ocidental, foi produzido recentemente na Turquia a película, «Kurtlar Vadisi». Neste filme, o principal herói é uma espécie de «Rambo» justiceiro do Islão que enfrenta, corajosamente, as forças militares americanas no Iraque. Tal como nos "Rambos" americanos, o filme turco tem cenas bastante violentas e mistura a ficção com realidade, aludindo explicitamente aos abusos cometidos pelas tropas americanas sobre os prisioneiros iraquianos de Abu Ghraib.
«Kurtlar Vadisi» é maior produção cinematográfica turca de sempre – 10 milhões de dólares – e estreou no passado dia 9 de Fevereiro na Alemanha. Após o sucesso obtido no seu país de origem, a película também está a ser um êxito de bilheteira em terras germânicas – já foi visto por mais de 250.000 espectadores, a maioria dos quais, jovens alemães de ascendência turca.
Porém, como em «Kurtlar Vadisi» os "bad boys" são os americanos, o primeiro-ministro da Baviera, Edmund Stoiber, apoiado por outros políticos conservadores alemães, exige que o filme seja retirado de cartaz, considerando-o como um incentivo à violência contra os EUA e o Ocidente.
As poderosíssimas máquinas industriais cinematográficas de algumas potências ocidentais têm vindo a difundir massivamente e globalmente, ao longo de décadas, uma visão ocidentalizada dos problemas e dos acontecimentos, sempre de acordo com os seus interesses económicos, sociais e políticos. No Ocidente consideramos esta estratégia comunicacional inteiramente legítima. Para o comum cidadão ocidental não existe nenhuma controvérsia no facto de, nos “Rambos” e seus derivados, os vietnamitas nos serem apresentados como sádicos, os russos como prepotentes, os árabes como fundamentalistas, os africanos como selvagens... e os americanos como heróis.
Mesmo que um filme induza a uma interpretação errónea de um determinado acontecimento, o que realmente interessa é que o espectáculo deleite as audiências. Aparentemente, no mundo do show business Ocidental, deste que não se negue o Holocausto, tudo o resto é tolerado.
Seguindo o mesmo trilho desta lógica ocidental, foi produzido recentemente na Turquia a película, «Kurtlar Vadisi». Neste filme, o principal herói é uma espécie de «Rambo» justiceiro do Islão que enfrenta, corajosamente, as forças militares americanas no Iraque. Tal como nos "Rambos" americanos, o filme turco tem cenas bastante violentas e mistura a ficção com realidade, aludindo explicitamente aos abusos cometidos pelas tropas americanas sobre os prisioneiros iraquianos de Abu Ghraib.
«Kurtlar Vadisi» é maior produção cinematográfica turca de sempre – 10 milhões de dólares – e estreou no passado dia 9 de Fevereiro na Alemanha. Após o sucesso obtido no seu país de origem, a película também está a ser um êxito de bilheteira em terras germânicas – já foi visto por mais de 250.000 espectadores, a maioria dos quais, jovens alemães de ascendência turca.
Porém, como em «Kurtlar Vadisi» os "bad boys" são os americanos, o primeiro-ministro da Baviera, Edmund Stoiber, apoiado por outros políticos conservadores alemães, exige que o filme seja retirado de cartaz, considerando-o como um incentivo à violência contra os EUA e o Ocidente.
7 Comments:
Um bom exemplo de como a "ocidentalidade" não compra o que apregoa...
Talvez ainda não seja a altura para generalizar, porque a posição do senhor Stoiber está muito longe de vincular o Ocidente. Mas também não a podemos ignorar, senão, podemos estar a colocar em risco algumas das liberdades fundamentais que adquirimos ao longo das últimas décadas. Nesta altura, é preciso estar com atenção às “movimentações”.
Ora cá está mais um político a meter o nariz onde não é chamado!... Mas que jeitinho eles têm para serem abelhudos!
Que se ponha a pau! Com o tamanho que a comunidade turca tem na Alemanha, arrisca-se a nem ser candidato às próximas eleições...
Beijola
O André num dos seus momentos de rara lucidez! :)
Tens razão. Generalizei. Mas da forma que se tem falado, escandalizados com o atentado à dita liberdade de expressão, parece que os nossos países não o cometeram até aqui. E, na verdade, todos temos tehlados de vidro.
Tal e qual o que pensei quando li a notícia no jornal.
É tudo uma questão de "perspectiva"...
Daqui a uns seis ou oito meses, quando os Estados Unidos decidirem que é hora de invadir o Irão com a ajuda do Iraque - até porque não há nada melhor que uma guerra contra um inimigo comum e exterior para unir um País dividido - talvez Hollywood se lembre de criar uma joint-venture "Rambo/Kurtlar Vadisi".
Já estou a ver os posters promocionais: O americano de metrelhadora gigante num braço e a fita de balas no outro, de perfil e a contra-costas com o iraquiano a empunhar uma AK-47, com helicópeteros russos da Guerra Fria a dispararem rockets em segundo plano, e camiões a explodirem, e edifícios a explodirem, e camelos a explodirem... Já adivinho o título: "Rambo & Kurtlar - the ultimate ride"; seguido do slogan: "They fight hard, They fight good, they fight toguether... for Democracy"!
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