domingo, fevereiro 26, 2006

Passeando pelos media

«Eu também sou de uma aldeia e compreendo o tipo de medo expresso pelos pais. Mas não podemos defender a aldeia à custa do sacrifício das crianças». Só quem nunca visitou escolas em aldeias remotas do interior do país, onde três ou quatro crianças passam dias monótonos e silenciosos a consolidar a sua solidão, é que pode discordar desta ideia pronunciada pelo primeiro-ministro num debate do grupo parlamentar do PS. Retirar as crianças desses cenários de depressão e integrá-las em escolas onde há barulho infantil, dinâmicas de grupo na aprendizagem e jogos colectivos no lazer é uma obrigação do Estado. Mas exige-se do governo muito mais do que “compreensão” sobre o impacte que o encerramento de quatro mil escolas vai ter nas aldeias do Portugal profundo. (…)
Mas, se no caso do encerramento das escolas o superior interesse da educação e socialização das crianças justifica as medidas do governo, muito mais difícil será aceitar a extinção de serviços ligados às actividades económicas das zonas mais frágeis, como os da agriculrura, e, principalmente, os da saúde. (…) Enquanto a garantia de igualdade de direitos no acesso aos serviços públicos for uma obrigação do Estado, não se poderá nunca obrigar os habitantes do interior a deslocar-se 40 ou 50 quilómetros por estradas muitas vezes intransitáveis para uma simples consulta de urgência.»
Manuel Carvalho, Público de hoje
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1 Comments:

Blogger maloud said...

Não sei se o Manuel Carvalho daqui a uma ou duas semanas não escreverá um editorial a dizer que se tem de atacar o deficit pelo lado da despesa e não pelo da receita. Às vezes estes editorialistas do Público, que eu também leio, parece que defendem a quadratura do círculo.
Não seria mais razoável melhorarem-se esses "caminhos de cabras" que serpenteiam pelo nosso interior?

domingo, fevereiro 26, 2006 1:39:00 da tarde  

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