Neutralizante
Pelo facto de não ter tido uma aula, aproveitei para rapidamente sair daquele edifício quadrado (não propriamente na forma física) e fui-me meter - lembrando-me de uma reflexão da Constança Cunha e Sá - numa das FNAC de Lisboa enquanto esperava por um telefonema.
Deambulei por ali e dei com um livro chamado “Portugal Hoje, O Medo De Existir”, de José Gil. Li apenas uma meia dúzia de páginas. O pouco que li, falou-me da “padronização” a que nos habituamos no quotidiano, concretizada nos momentos informativos em televisão. Como ali se escreve, é pacificamente aceite e pouco chocante ouvir todos os dias que mais um número x de palestinianos e um número y de israelitas explodiram à pancada, tal como é normal que haja mais uma rebuscada peripécia futebolística ou que, da mesma maneira, se ouça a meteorologia. No entanto, bruscamente, surge um assunto novo, altamente dramático, e isso “é” notícia.
Não querendo tirar a relevância que um acontecimento pode ter, a televisão logo trata de “neutralizar” a questão dando, muitas vezes, a ideia de que todo o drama é longínquo e que não atinge o telespectador. Tudo, pois, se neutraliza e regressa aos “padrões”.E isto é claro quando nos apercebemos de que “não temos de que falar” ou que, havendo “que dizer”, tudo é repetido. Repetindo eu próprio a história dos cartoons - de tal forma o facto foi “chocante” que o dr. Freitas do Amaral foi dizer que sim (ou que não, não importa), houve para aí umas "manifs", nas universidades serve de exemplo para cada pormenor a ser explicado e as pessoas estão-se absolutamente borrifando para a coisa porque isso é tudo menos o que importa resolver. A “banalização” dá cabo do bom trabalho da “intelectualidade” e mantém o Portugal real absolutamente ignorante.
3 Comments:
É curioso teres referido no mesmo post este livro de José Gil e simultaneamente a Constança Cunha e Sá. Digo isto porque, o "Portugal Hoje" é um livro de "culto", referido diversas vezes aqui no GR e em muitos blogues, porém, se não estou em erro, uma das poucas pessoas que afirmou publicamente não ter apreciado o livro foi precisamente a Constança Cunha e Sá. Coincidências. :)
bem então já somos duas! o livro referenciado é dum pretenciosismo atroz... na consegui passar das primeiras vinte páginas. na sua ânsia de buscar conceitos filosóficos originais, gil perde-se na parvoíce. grrr!
essa padronização e mt mais que fala o livro [pelo que nos descreveste] foi uma das principais razões pk fui pa sociologia.. :)
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