segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Nados viciados em fantasia

Aquando das passadas eleições autárquicas, quase todos os candidatos foram expôr as suas ideias à “minha” universidade.

Maria José Nogueira Pinto, para além do que quis dizer, manteve um discurso com base pedagógica que não deixou de ter interesse. Dizia ela que, no seu tempo, a juventude “lutava” por qualquer coisa de mais importante e útil do que os congéneres de agora. Envolviam-se em movimentos políticos ou de outra espécie qualquer que favoreciam os seus interesses, tendo por base o esforço, o trabalho, a dedicação e, o mais importante, o gosto nessas conquistas. Quais self made man!

Para além deste discurso, num dos últimos cortejos cavaquistas, estive a trocar umas impressões com o João Gonçalves acerca do que ali se assistia e, a propósito das várias improfícuas “juventudes” partidárias, recebi as queixas que eu próprio corroboro. Estas juventudes reflectem bem o desfile de podridão que, na generalidade, faz parte da ambição jovem na sua vertente menos saudável. Para mais exemplos, dirija-se, o leitor, a qualquer turma de comunicação social e assista ao sonho de aparecer naquela coisa maior ou mais pequena que é a televisão.

É “engraçado” aperceber-me como, tão simplesmente, a única diferença de agora para os tempos de Maria José Nogueira Pinto e de João Gonçalves é a qualidade do objecto de interesse. A tal “luta” mantém-se inalterada, com os mesmos vigor e astúcia que são necessários, mas para alimentar a vaidade (algumas vezes inconsciente) que melhor facilita o ganhar de umas “coroas”. E dado o contexto do objectivo moderno (a televisão pode chamar-se fama, “livro”, roupa, carro, noite, telenovela, “êxtase”, “CARAS”, etc), às vezes é complicado lidar com um sucesso mal sucedido ou, melhor dizendo, inútil.
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2 Comments:

Blogger João Gonçalves said...

No desalinho perfeito da sua escrita, o AL-M coloca o dedo nalgumas feridas. É - e fujo de lhe estar a fazer qualquer favor - das coisas melhores que tem trazido cá para fora. Fala-me da minha juventude, uma coisa que, "por delicadeza", perdi. Era demasiado velho e soturno na adolescëncia. Agora sou porventura mais "infantil" do que devia ser. "Muito cedo na minha vida era tarde demais", escreveu a Duras. Nada me move contra a juventude e tudo me mobiliza contra a infantilizaÇao dos costumes, comum a adultos e a "jovens". Chama-se a isto, em inglës, "dumbing down". Quanto a juventudes partidárias, estamos conversados. Deviam pura e simplesmente ser fechadas já que constituem meras escolas dos piores vícios políticos.Inúteis, diria o António.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006 11:33:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Não conheço o mundo das juventudes partidárias, mas pelas informações que me vão sendo passadas por pessoas amigas, deve ser de fugir.

terça-feira, fevereiro 21, 2006 8:52:00 da tarde  

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