segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Faz algum sentido?

O confronto civilizacional entre o Islão e o Ocidente já remonta ao período das Cruzadas, entre os séculos VIII e XIII, quando os Cristãos pretendiam assegurar o domínio sobre a Terra Santa. Depois do controlo do Islão sobre parte da Europa, e da influência colonial europeia sobre grande parte do mundo muçulmano, no final do século XX, no contexto pós Guerra Fria, os antagonismos, rivalidades e desconfianças mútuas, assumiram uma importância capital nas Relações Internacionais. Após o 11 de Setembro, a ameaça do fundamentalismo islâmico ganhou uma dimensão nunca antes vista.

Se a recente reacção do Islão à publicação na Europa dos cartoons de Maomé, dificilmente será entendida por um ocidental, o mesmo não sucede com as imagens divulgadas ontem pelos media britânicos, onde se deu conta de uma situação de efectivo abuso da violência por parte de um grupo de militares ingleses no Iraque. Contudo, perante estas imagens, o Islão reage de forma bastante benevolente, e as principais vozes de protesto e indignação surgem da boca do mais comum cidadão ocidental.

Por muito menos, em 1991, deram-se os já tristemente famosos tumultos raciais em Los Angeles, originados precisamente pela divulgação de imagens de brutalidade policial sobre o afro-americano Rodney King, que foram recolhidas quase acidentalmente por um vídeo amador.

Sendo verdade que este incidente que envolveu os soldados britânicos não foi caso único, e que um ambiente hostil como o que se vive no Iraque pode conduzir a alguns chocantes abusos, típicos de situações de guerra, também é de inteira justiça afirmar que não é esta a prática habitual dos soldados ocidentais. Todavia, a violência gera violência, e o que não faz qualquer sentido é que o Islão conviva tão bem com a violência e a brutalidade, e se indigne profundamente com uns cartoons.
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