Choque de civilizações: desmistificar a cooperação
Tenho acompanhado com interesse o debate na blogosfera nacional em torno da conhecida tese do politólogo norte-americano Samuel P. Huntington, que prognosticava em 1993 que a conflituosidade pós-Guerra Fria seria, essencialmente, de natureza civilizacional.
[para acompanhar o debate ler: Paulo Gorjão, Henrique Raposo, Constança Cunha e Sá, Vasco Pulido Valente, Bruno Cardoso Reis, João Morgado Fernandes...]
A certa altura deste debate, Paulo Gorjão refere a existência de uma cooperação entre os Estados islâmicos e o Ocidente, em matérias que dizem respeito ao terrorismo transnacional.
Paulo Gorjão: “ (…) como os últimos anos demonstraram, o terrorismo transnacional não poupa as próprias populações islâmicas, i.e. não poupa a sua própria civilização. Valerá a pena recordar, para citar apenas alguns exemplos, os atentados na Indonésia, no Iémen, na Jordânia, ou na Arábia Saudita? (…) Mais. Valerá igualmente a pena recordar como estes Estados islâmicos têm vindo a reprimir o terrorismo transnacional, inclusive cooperando com o Ocidente? Ou seja, é inegável que há um interesse comum na cooperação entre Estados islâmicos e ocidentais no combate ao terrorismo transnacional, precisamente porque este é uma ameaça contra ambos. Muito claramente, no que se refere ao combate ao terrorismo transnacional não há nenhum choque de interesses e de civilizações. Interessante, não é?”
Esta pretensa cooperação levanta outro tipo de questões que passo a relevar:
O terrorismo islâmico é financeiramente sustentado por elites imensamente ricas, fanáticas, e profundamente anti-ocidentais. Convém não esquecer que a maioria dos dirigentes e estadistas islâmicos, há muitos anos que já fazem parte da lista das maiores fortunas do planeta. Contudo, os seus súbitos continuam a viver no limiar da pobreza, e não lhes são sequer assegurados alguns dos mais elementares direitos fundamentais.
Os objectivos do terrorismo islâmico são bastante obscuros, mas não passam, claramente, pela procura um mundo melhor, mais livre ou mais democrático. O ódio e fanatismo de que se alimentam - e que alimentam constantemente -, serve unicamente para manter inalterados os privilégios das suas elites e adiar, ad eternum, qualquer tentativa de emancipação dos seus povos. Não é uma rebelião, mas uma cruzada ideológica totalitária, de base niilista, como o Nazismo ou o Estalinismo.
Nas últimas cinco décadas, a imensa riqueza gerada pelo petróleo nos Estados islâmicos não serviu para criar sociedades desenvolvidas, modernas, cultas, livres, ou democráticas. Essa riqueza serviu, exclusivamente, para solidificar o poder de ditadores fanáticos e de monarquias fascistas, interessadas em manter políticas medievais que continuam a privar o mundo islâmico de estruturas sociais mais justas.
Que sociedade do futuro se está a construir nas escolas fundamentalistas do Sudão? Mesmo em países como o Paquistão, as crianças continuam a ser educadas nas mais de 5.000 madrassas corânicas espalhadas pelo país. Quantos mais militantes radicais irão sair destas escolas que proliferam por todo o mundo islâmico?
Também, são do conhecimento público, algumas das cumplicidades existentes entre Estados islâmicos e movimentos fundamentalistas. Quem não se recorda do apoio financeiro do Iraque de Saddam Hussein às famílias dos suicidas palestinianos? Quem não reconhece o apoio financeiro do Irão ao Hamas ou da Síria ao Hezbollah?
Se não tenho qualquer dúvida que o fundamentalismo islâmico faz bastantes vítimas entre os muçulmanos - podem mesmo ser considerados as suas principais vítimas -, porém, no que concerne à cooperação entre Estados islâmicos e o Ocidente, os factos parecem indiciar que tudo não passa de uma mera farsa.
[para acompanhar o debate ler: Paulo Gorjão, Henrique Raposo, Constança Cunha e Sá, Vasco Pulido Valente, Bruno Cardoso Reis, João Morgado Fernandes...]
A certa altura deste debate, Paulo Gorjão refere a existência de uma cooperação entre os Estados islâmicos e o Ocidente, em matérias que dizem respeito ao terrorismo transnacional.
Paulo Gorjão: “ (…) como os últimos anos demonstraram, o terrorismo transnacional não poupa as próprias populações islâmicas, i.e. não poupa a sua própria civilização. Valerá a pena recordar, para citar apenas alguns exemplos, os atentados na Indonésia, no Iémen, na Jordânia, ou na Arábia Saudita? (…) Mais. Valerá igualmente a pena recordar como estes Estados islâmicos têm vindo a reprimir o terrorismo transnacional, inclusive cooperando com o Ocidente? Ou seja, é inegável que há um interesse comum na cooperação entre Estados islâmicos e ocidentais no combate ao terrorismo transnacional, precisamente porque este é uma ameaça contra ambos. Muito claramente, no que se refere ao combate ao terrorismo transnacional não há nenhum choque de interesses e de civilizações. Interessante, não é?”
Esta pretensa cooperação levanta outro tipo de questões que passo a relevar:
O terrorismo islâmico é financeiramente sustentado por elites imensamente ricas, fanáticas, e profundamente anti-ocidentais. Convém não esquecer que a maioria dos dirigentes e estadistas islâmicos, há muitos anos que já fazem parte da lista das maiores fortunas do planeta. Contudo, os seus súbitos continuam a viver no limiar da pobreza, e não lhes são sequer assegurados alguns dos mais elementares direitos fundamentais.
Os objectivos do terrorismo islâmico são bastante obscuros, mas não passam, claramente, pela procura um mundo melhor, mais livre ou mais democrático. O ódio e fanatismo de que se alimentam - e que alimentam constantemente -, serve unicamente para manter inalterados os privilégios das suas elites e adiar, ad eternum, qualquer tentativa de emancipação dos seus povos. Não é uma rebelião, mas uma cruzada ideológica totalitária, de base niilista, como o Nazismo ou o Estalinismo.
Nas últimas cinco décadas, a imensa riqueza gerada pelo petróleo nos Estados islâmicos não serviu para criar sociedades desenvolvidas, modernas, cultas, livres, ou democráticas. Essa riqueza serviu, exclusivamente, para solidificar o poder de ditadores fanáticos e de monarquias fascistas, interessadas em manter políticas medievais que continuam a privar o mundo islâmico de estruturas sociais mais justas.
Que sociedade do futuro se está a construir nas escolas fundamentalistas do Sudão? Mesmo em países como o Paquistão, as crianças continuam a ser educadas nas mais de 5.000 madrassas corânicas espalhadas pelo país. Quantos mais militantes radicais irão sair destas escolas que proliferam por todo o mundo islâmico?
Também, são do conhecimento público, algumas das cumplicidades existentes entre Estados islâmicos e movimentos fundamentalistas. Quem não se recorda do apoio financeiro do Iraque de Saddam Hussein às famílias dos suicidas palestinianos? Quem não reconhece o apoio financeiro do Irão ao Hamas ou da Síria ao Hezbollah?
Se não tenho qualquer dúvida que o fundamentalismo islâmico faz bastantes vítimas entre os muçulmanos - podem mesmo ser considerados as suas principais vítimas -, porém, no que concerne à cooperação entre Estados islâmicos e o Ocidente, os factos parecem indiciar que tudo não passa de uma mera farsa.
3 Comments:
Cooperam quando dá jeito.
Olá Joana,
Quando lhes dá jeito e quando são forçados a isso.
Bjs
Wonderful and informative web site. I used information from that site its great. »
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