quarta-feira, dezembro 28, 2005

É a língua, estúpido!

Bernardo Soares, num passo do seu magistral Livro do Desassossego, disse que não percebia como é que os ocultistas sabiam as causas últimas do universo, e desconheciam a Língua Portuguesa. Há cavaquistas parecidos. Sabem como resolver os problemas do País. o que não sabem é escrever em Português: Haverão razões sérias para tamanho alvoroço?
Não. Nada que uma gramática não resolva.
Adenda a 29/12/2005: o "post" foi alterado. Este fica desactualizado.
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8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Haverão" não é a terceira pessoa do plural do futuro do indicativo do verbo haver?

Já agora podias explicar porque é que está mal escrito? Muito obrigado.

quarta-feira, dezembro 28, 2005 6:58:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Acho que o problema não é só a língua. Então não é que fui ao «Pulo do Lobo» chamar-lhes discretamente a atenção para o erro e para o gajo [que nem sei quem é] não ficar mal visto e os gajos publicam-me o e-mail mesmo depois de eu frisar que aquilo não era nenhum comentário. Mas que grandes tótós. Ainda por cima publicaram o meu comentário a dizer: «isto não é um comentário!» Isto só visto. ;)

quarta-feira, dezembro 28, 2005 8:58:00 da tarde  
Blogger Tiago Geraldo said...

Terna e eternamente agradecido pelos alertas.
Mal abro o bico, um batalhão de leitores - invariavelmente mais cultivados do que eu - puxam do manual e corrigem a sabedoria do cafre. Fazem bem.
Ainda assim, tomei a liberdade de digitalizar duas páginas.
Estão disponíveis aqui: http://pwp.netcabo.pt/tR9/gramar1.jpg e http://pwp.netcabo.pt/tR9/gramar2.jpg
É certo que a 3ª pessoa do singular o verbo haver é empregue na forma impessoal (houve, havia, haverá), etc.) A conjugação no plural, ainda que não usual, não viola nenhuma cartilha gramatical.
Para mais esclarecimentos, não deixe de comprar dois livrinhos - «Sobre formas de tratamento na língua portuguesa» e «Nova Gramática do Português Contemporâneo», ambos do Prof. Lindley Cintra - que respondem cabalmente à questão que parece levantar no comentário (a impessoalidade da 3ª pessoa no verbo haver), coarctando a conjugação do verbo «haver» à 3ª pessoa do singular. Por que razão o verbo haver, tomado em sentido existencial, como actualmente se lhe atribui, é considerado impessoal? Se me conseguir explicar isto, eu prometo corrigir o texto e expiar o meu pecado.

Cumprimentos,
Tiago G.

quarta-feira, dezembro 28, 2005 9:36:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Deixa lá isso Tiago... comigo acontece-me o mesmo... com bastante frequência. ;)

Quanto à resposta, deixo-a ao Filipe, que é o purista cá da casa.

Já passei a bola Filipe... :)

quarta-feira, dezembro 28, 2005 9:48:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E ainda queriam acabar com os exames de Português...

quarta-feira, dezembro 28, 2005 11:03:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Pois pois Filipe... conta-me estórias. ;)

quarta-feira, dezembro 28, 2005 11:18:00 da tarde  
Blogger Tiago Geraldo said...

Nem de propósito. Machado de Assis é um dos meus autores favoritos.
Mesmo assim, e aproveitando para agradecer o esclarecimento, não me convenci a mudar o post.

Com os melhores cumprimentos,

quarta-feira, dezembro 28, 2005 11:31:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É, Filipe, parece que uma boa gramática não chega para resolver... Agora só me lembro daquelas coisas como "errar é humano, mas repetir o erro é estupidez" ou "o pior cego é aquele que não quer ver"... mas não sei como dizer isto sem ferir susceptibilidades... Força, Filipe, estamos contigo! Fizeste o que podias...

quinta-feira, dezembro 29, 2005 1:08:00 da manhã  

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