sábado, dezembro 17, 2005

Freud explica

O governo, numa manifestação de puro bom-senso, recuou na questão dos exames, de modo que o exame de Português continua a ser obrigatório para todos os alunos. Aguarda-se idêntica decisão para a Filosofia. Entretanto, houve quem contestasse este recuo do governo. Quem? Alguma organização libertária que propugne pelo fim de toda e qualquer avaliação em regime de "peace and love"? Talvez. Mas também a Associação de Professores de Português. Está bem...
(O artigo do Público é referido no Blasfémias)
Adenda: Leio no Público de hoje a resposta de Paulo Feytor Pinto, presidente da APP:
«Para a APP, é indiscutível a importância da disciplina de Português, designadamente no ensino secundário, pelo facto de ser a língua materna da maioria, o veículo de ensino em todas as outras disciplinas e um dos alicerces da cultura portuguesa (...). (...) não nos parece aceitável que se considere que um exame nacional seja o instrumento que garante que todo o programa é ensinado pelos professores e que garante que mais programa é aprendido pelos alunos. Melhores garantias parece-nos poderem ser dadas pela diversificação dos instrumentos de avaliação ao longo do ciclo de ensino, por uma formação inicial adequada baseada em perfis pré-definidos, por uma formação contínua de professores regulada pela avaliação das suas necessidades e do impacto dessa formação na aprendizagem dos alunos, pela selecção de manuais complementada pela sua certificação prévia, pelo cumprimento dos programas, por melhores equipamentos, por turmas mais pequenas, entre outros(...). Por outro lado, já nos parece aceitável que, no quadro do acesso ao ensino superior, sejam feitos exames de admissão que garantam que todos os candidatos são sujeitos a um mesmo crivo e que todos têm alguns dos conhecimentos e competências consideradas indispensáveis pelo ensino superior. Neste contexto, se as universidades e institutos politécnicos exigirem um exame de Português para avaliarem algumas competências, a direcção da APP concorda!»
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2 Comments:

Blogger André Carvalho said...

Felizmente que reconsideraram esta decisão. reconhecer os erros e voltar atrás em decisões é muito melhor que as manter por pura teimosia. Agora só falta a Filosofia, a Ota e o TGV. :)

Quanto à contestação da APP... simplesmente não a compreendo.

sábado, dezembro 17, 2005 2:01:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Confesso que também me chocou a possibilidade do exame de Português não ser obrigatório, mas não é assim tão difícil de perceber a posição da APP.

O que a APP contesta é simplesmente tudo aquilo que de mau têm os exames nacionais - que é bastante! - num contexto de ensino orientado para competências e não para objectivos, com uma avaliação contínua e por métodos diversificados. Os exames nacionais transformaram o 12º num ano de preparação para a dita prova. O professor que lecciona 12º fica fortemente condicionado pelo tipo de questão e respectivos critérios de correcção habitualmente utilizados em exame, que podem não ser, de todo, os mais adequados à sua turma. Do outro lado há a tal necessidade de existência de um "mesmo crivo", obviamente, indispensável em situações comparativas.

Num ensino ideal, não deveríamos precisar dos exames nacionais! O que a APP parece defender é uma real aproximação a esse ensino ideal, ao invés da construção, fortemente condicionadora, de uma frágil ponte de ligação.

Pessoalmente, acho que, perante a falta de alternativas disponíveis, enquanto essa real aproximação não acontece, a tal ponte frágil é um mal menor...

domingo, dezembro 18, 2005 4:57:00 da manhã  

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