Falar de Blogues com Pacheco Pereira, e mais qualquer coisa (Act II)
Quando finalmente chegaram à pequena mesa da conferência, Pacheco Pereira parou, e permaneceu estático por breves segundos, à espera de um qualquer sinal de José Carlos Abrantes. Este, topou logo a “cena” toda, posicionou-se adequadamente e com um ligeiro acenar indicou-lhe a cadeira livre do seu lado direito. «O lugar politicamente correcto» pensei eu [politicamente falando].
Após alguma cerimónia, lá se acabaram por sentar. Em compasso de espera, enquanto o público se ia aconchegando, Pacheco e Abrantes continuaram a trocar uns imperceptíveis pareceres em voz baixa. Ali na sala, à vista de todos, parecia uma conversa bastante menos subversiva.
Quando se começou a fazer silêncio no público, o moderador preparava-se para tomar a palavra quando, Pacheco Pereira começou a sorrir e a acenar para um par de donzelas que se encontravam ao fundo da sala, indicando-lhes os tais lugares ao lado da mesa principal que ainda se encontravam livres. Com toda a certeza, os olhos de Pacheco Pereira não estavam virados para a meia dúzia de marmanjos que se encontravam de pé, atrás de mim, e a escassos metros da banca do orador. Após as meninas que estavam lá no fundo da sala se dirigiram para os lugares vazios à frente e se sentarem, Abrantes, sem antes conseguir deixar de esboçar um sorriso aberto, tomou de vez a palavra e começou a desfazer-se em agradecimentos e elogios ao convidado de honra. No final de cada frase de Abrantes, Pacheco correspondia sempre com um suave acenar de cabeça, demonstrando simultaneamente agradecimento e concordância. Tudo muito very polite, como convinha. Mais um bocado e já parecia o “debate” entre Cavaco e Alegre, e mais outro bocado, se retirássemos José Carlos Abrantes e colocássemos no seu lugar Mário Soares, pareceria uma conferência de imprensa do MASP I - sem ofensa para José Carlos Abrantes.
Politiquices à parte, o moderador começou por contar que tinha recebido muitos e-mail com opiniões dispares sobre Pacheco Pereira. Uns gostavam muito dele, outros nem por isso. José Carlos Abrantes acabou por informar o público que tinha recebido um e-mail de uma amiga que gostava muito do convidado, mas que não achava piada nenhuma a blogues. É claro que a senhora ainda não conhece o «Geração Rasca» caso contrário nunca teria dito um disparate daqueles. :)
Nesse momento constatei que haveria algo que destoava enormemente da última palestra. Faltava a “música” de fundo, isto é, o constante tagarelar do Paulo Querido. Após um rápido correr de olhos por toda a audiência, fiquei completamente desapontado. Para mim, e até o resto da minha vida, colóquio de blogues sem o Paulo Querido não é colóquio que se preze. Ainda para mais, nem sequer estava lá o António Granado para fazer aquelas perigosas mas sempre divertidas brincadeiras com o microfone para animar o público. Desta vez a organização tinha falhado redondamente. Por outro lado pensei, «Se calhar fizeram de propósito… pois o Pacheco Pereira está habituado ao silêncio bucólico da Marmeleira, e o burburinho constante do homem que trata a tecnologia por tu, ainda acabava por lhe estragar a prédica.»
(continua…)
Após alguma cerimónia, lá se acabaram por sentar. Em compasso de espera, enquanto o público se ia aconchegando, Pacheco e Abrantes continuaram a trocar uns imperceptíveis pareceres em voz baixa. Ali na sala, à vista de todos, parecia uma conversa bastante menos subversiva.
Quando se começou a fazer silêncio no público, o moderador preparava-se para tomar a palavra quando, Pacheco Pereira começou a sorrir e a acenar para um par de donzelas que se encontravam ao fundo da sala, indicando-lhes os tais lugares ao lado da mesa principal que ainda se encontravam livres. Com toda a certeza, os olhos de Pacheco Pereira não estavam virados para a meia dúzia de marmanjos que se encontravam de pé, atrás de mim, e a escassos metros da banca do orador. Após as meninas que estavam lá no fundo da sala se dirigiram para os lugares vazios à frente e se sentarem, Abrantes, sem antes conseguir deixar de esboçar um sorriso aberto, tomou de vez a palavra e começou a desfazer-se em agradecimentos e elogios ao convidado de honra. No final de cada frase de Abrantes, Pacheco correspondia sempre com um suave acenar de cabeça, demonstrando simultaneamente agradecimento e concordância. Tudo muito very polite, como convinha. Mais um bocado e já parecia o “debate” entre Cavaco e Alegre, e mais outro bocado, se retirássemos José Carlos Abrantes e colocássemos no seu lugar Mário Soares, pareceria uma conferência de imprensa do MASP I - sem ofensa para José Carlos Abrantes.
Politiquices à parte, o moderador começou por contar que tinha recebido muitos e-mail com opiniões dispares sobre Pacheco Pereira. Uns gostavam muito dele, outros nem por isso. José Carlos Abrantes acabou por informar o público que tinha recebido um e-mail de uma amiga que gostava muito do convidado, mas que não achava piada nenhuma a blogues. É claro que a senhora ainda não conhece o «Geração Rasca» caso contrário nunca teria dito um disparate daqueles. :)
Nesse momento constatei que haveria algo que destoava enormemente da última palestra. Faltava a “música” de fundo, isto é, o constante tagarelar do Paulo Querido. Após um rápido correr de olhos por toda a audiência, fiquei completamente desapontado. Para mim, e até o resto da minha vida, colóquio de blogues sem o Paulo Querido não é colóquio que se preze. Ainda para mais, nem sequer estava lá o António Granado para fazer aquelas perigosas mas sempre divertidas brincadeiras com o microfone para animar o público. Desta vez a organização tinha falhado redondamente. Por outro lado pensei, «Se calhar fizeram de propósito… pois o Pacheco Pereira está habituado ao silêncio bucólico da Marmeleira, e o burburinho constante do homem que trata a tecnologia por tu, ainda acabava por lhe estragar a prédica.»
(continua…)
2 Comments:
Estava a ver que não saia. Venha a terceira parte. ;)
Eu acredito em ti André! Mesmo sem o Paulo Querido a tua estória não vai descambar para o jornalismo. ;)
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