sexta-feira, dezembro 23, 2005

Carta aberta ao Pai Natal

Querido Pai Natal,

Peço-lhe encarecidamente que este ano interceda directamente junto do menino Jesus pois já não sei mais a quem hei-de recorrer. As minhas queridíssimas tias continuam-me a oferecer todos os anos carradas da bela da peúga branca, e até o padre Freire já foge de mim depois da Missa do Galo.

O ano passado, ainda o consegui apanhar quando ele ia a sair, de fininho, pela porta traseira da Igreja de Benfica e, nessa altura, o senhor padre avisou-me, que era a última vez que aceitava os meus donativos para os pobrezinhos no Natal. Segundo ele, já não há pobrezinhos em Lisboa a necessitar de meias brancas e que a Igreja também já não tem mais espaço disponivel em armazém, na secção das peúgas. Foi o senhor padre que me deu esta ideia de escrever ao Pai Natal, e até me disse que podia dizer que vinha da parte dele.

Para que entenda bem o meu problema posso-lhe dizer que no ano passado, enquanto estava a abrir as minhas prendas, não me consegui conter, e as lágrimas escorreram-me dos olhos quando reparei que tinha, mais uma vez, mais de três dezenas de packs com a bela da peúga branca. Passei toda a santa noitinha da consoada a chorar. As minhas tias ficaram muito preocupadas comigo e espalharam pela família toda que eu estava com problemas. Desde então, é rara a semana que não me telefonam para saber se já estou melhor. Temo, que este ano, devido a saberem que ainda ando bastante fragilizado, sejam ainda mais generosas do que têm sido até agora. E temo ainda mais... temo que o padre Freire me excomungue de vez da Santa Igreja quando me vir chegar à Missa do Galo acompanhado dos meus já habituais 15 sacos cheios das belas das peúgas brancas.

Diga ao menino Jesus que se ele fizer o obséquio de acabar com este meu sofrimento, prometo que este ano vejo todo o discurso de Natal do Presidente Sampaio na TV, sem me rir.

Espero que, apesar do buraco do ozono, ainda haja neve no pólo norte, e que se encontrem todos [o Sr. Pai Natal, os seus ajudantes e as Donas Renas] bem de saúde.

Desde já lhe agradeço toda a sua atenção para este meu pedido.

Muito obrigado.

PS. Se, em vez das cândidas peúgas, as minhas ricas tias me oferecerem umas garrafas de Dom Perignon (magnum) 1988, desde já, também me posso comprometer [com muita pena minha], a nunca mais gozar com os jeitinhos amaricados do nosso Primeiro-ministro José Sócrates.

André
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3 Comments:

Blogger Velho Cangalho said...

sublime

sábado, dezembro 24, 2005 11:13:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Conta! Recebestes na mesma as peúgas?

domingo, dezembro 25, 2005 12:09:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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segunda-feira, fevereiro 05, 2007 2:22:00 da manhã  

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