O DESERTO DE IDEIAS DO REI DA REPÚBLICA
É do domínio público que uma das principais características de Mário Soares é a sua "mania das grandezas". Na apresentação da sua candidatura, Mário Soares estava como "peixe na água". Soares sabia que mal encetasse a leitura do seu discurso “premeditado” de oito páginas, todos os holofotes incidiriam sobre Sua Excelência, o primeiro candidato a "Rei da República".
Cada vez que o “forçado redentor" da esquerda portuguesa tomava fôlego para proferir mais um conjunto de baboseiras sem nexo, os seus discípulos e vassalos ovacionavam ou gracejavam numa aparente conformidade com a oração articulada pelo mestre da cerimónia. Soares, aqui e ali, deixava escapar alguns sorrisos de um indisfarçável júbilo, mas logo procurava voltar ao seu arrebique circunspecto de ocasião.
Finalizada a apresentação no "Templo", o Messias Soares dá conta a todos os presentes da sua intenção de se retirar temporariamente numa mais que oportuna e inteligente peregrinação.
Prontamente assiste-se à habitual corrida dos media à “apanha” das "primeiras reacções" dos principais partidos, e dos forçosos comentadores e analistas políticos de serviço. Em alguns canais, o debate entre jornalistas, analistas e comentadores chega a ser anedótico, seguramente com o intuito de não destoar em nada do "pseudo-acontecimento" alvo.
Conformemente, os primeiros posts que surgem nos blogues "mais chegados" a Mário Soares são a prova provada que a Blogosfera é – ao contrário do que alguns querem fazer crer – quase indubitavelmente um repositório das velhas ideias veiculadas há muito pelos media "tradicionais".
Eu sei que não há «donos da verdade», mas o texto de oito páginas que foi de certeza preconcebido com a total concordância de Mário Soares, e que deveria ser um texto claro, sólido, consistente e lógico, demonstrou na prática ser uma simples compilação de lugares comuns, de incongruências e de chalaças burlescas – um completo deserto de ideias – que quanto a mim, não são dignas de um Candidato à Presidência da República apoiado por um partido nacional de referência.
Ao começar por dizer que "aceitou" candidatar-se a Belém, Soares admite implicitamente que "alguém" o convidou, não obstante de afiançar logo de imediato que "não se apresenta como candidato do PS, mas como um candidato nacional apoiado pelo PS". Mais incongruente que isto é difícil de compor.
Numa demonstração de autismo politico desconcertante – e depois de andarmos nas últimas semanas a assistir ao "folhetim Manuel Alegre" –, Soares tem a desfaçatez de afirmar publicamente que não surgiram "políticos preparados, com apoios sólidos, e com vontade de ousar, com êxito, protagonizar o combate pela Presidência".
A impudência seguinte de Soares passa por uma tentativa esclerótica de desresponsabilização do actual governo socialista pela crise que presentemente vivemos, como se os portugueses já não soubessem que nos últimos anos temos coabitado com uma crise mundial que nos tem afectado particularmente, mas que também temos convivido com uma sucessão de “trapalhadas” políticas às quais o actual Governo e Presidente da República não são alheios.
Como não poderia deixar de ser, Soares diligenciou por relativizar as questões económicas e financeiras – matérias que assumidamente não domina nem nunca dominou – recorrendo para isso a uma caçoada com Jesus Cristo. Como não sou crente não me chocam nada chalaças de cariz religioso, mas apesar de Soares ter invocado um verso de Fernando Pessoa (para dar um toque intelectivo à questão), considero que é no mínimo de mau grado, num país de esmagadora maioria católica/cristã, que um Candidato e Ex-Presidente da República fira susceptibilidades sem qualquer necessidade. Mas o mais caricato desta situação foi o paralelismo completamente descabido que Soares aspirou fazer com o Messias. Segundo reza a gesta, Cristo – em completa negação da vulgar prática Soarista -, exerceu o seu "ministério" por pouco tempo e "renasceu" para dar lugar aos "Homens", sem nunca ter demonstrado qualquer afinco pelo Poder. Com este seu mais que evidente gracejo de mau gosto, Soares procurou evitar ter de explicar aos portugueses, como é que cogita exercer as suas funções de árbitro e moderador eficazmente, tendo em conta que os principais problemas que depredam o nosso país nos dias de hoje serem em grande dimensão, de vertente económica e financeira.
Com o intento de afectar a candidatura de Cavaco Silva – segundo a maioria dos jornalistas e comentadores/analistas –, no seu discurso Soares insurge-se contra as umas ditas "tentações presidencialistas", e defende que "o Presidente não pode – nem deve – substituir-se ao Governo no exercício das [suas] funções [e que] tem o dever de respeitar a separação dos poderes, exercendo, com isenção, as funções de árbitro e moderador". Pactuo com Soares nestes pontos, só não me parece nada claro que o alvo desta sua "ofensiva" tenha sido Cavaco (pois nunca foi Presidente da República). Pareceu-me mais um apontamento tácito dirigido à magistratura (e não só) de Jorge Sampaio e porventura um sub-reptício “piscar de olho” ao eleitorado mais esclarecido.
Segue-se uma imaginária e sempre oportuna defesa contra aqueles (pessoas incógnitas) que mesquinhamente criticam a sua candidatura só por causa da sua idade. Quanto a esta questão, Soares revelou aparentemente com uma pua de ironia, encarar a sua candidatura como "um estímulo para todos os idosos que se recusam morrer antes de chegar a sua hora". Só faltou saber, no meio de tanta "ironia", qual é o estímulo que pretende passar a todos os "menos jovens" que continuam a ver ocupados os principais lugares do Poder do Estado - supostamente Republicano - pelos «suspeitos do costume» representados em toda a sua magnitude pelo exemplo corpóreo do próprio Mário Soares.
Para terminar o seu palestrear já comum, Soares não quis abandonar o seu albergue corrente nestas andanças sem antes regalar todos os presentes com uma sinopse dos seus "feitos" mais recentes – após ter abandonado a presidência da república – ambicionando, com inteira justiça, evidenciar a sua formidável forma físico-intelectual (tendo em conta a sua idade) e o conhecimento relevante que possui de muitos dos actuais problemas da Humanidade.
Em resultado destas suas últimas experiências politico-profissionais, Soares revelou para quem o queria ouvi, que "mudou muito nos últimos anos". No que concerne a esta “muda”, há pelo menos duas questões que conviria que Mário Soares e os seus apoiantes tomassem nota: 1) Mudar muito não significa em todas as situações mudar para melhor; 2) Quando Soares diz que mudou muito também podemos licitamente subentender que já o fez vezes de mais.
Apesar deste evidente arengo Soarista farto em desconformidades, continuamos a assistir diariamente nos nossos media à exortação brulesca e a um deslindamento de uma suposta magnificência nesta prédica completamente inócua.
Cada vez que o “forçado redentor" da esquerda portuguesa tomava fôlego para proferir mais um conjunto de baboseiras sem nexo, os seus discípulos e vassalos ovacionavam ou gracejavam numa aparente conformidade com a oração articulada pelo mestre da cerimónia. Soares, aqui e ali, deixava escapar alguns sorrisos de um indisfarçável júbilo, mas logo procurava voltar ao seu arrebique circunspecto de ocasião.
Finalizada a apresentação no "Templo", o Messias Soares dá conta a todos os presentes da sua intenção de se retirar temporariamente numa mais que oportuna e inteligente peregrinação.
Prontamente assiste-se à habitual corrida dos media à “apanha” das "primeiras reacções" dos principais partidos, e dos forçosos comentadores e analistas políticos de serviço. Em alguns canais, o debate entre jornalistas, analistas e comentadores chega a ser anedótico, seguramente com o intuito de não destoar em nada do "pseudo-acontecimento" alvo.
Conformemente, os primeiros posts que surgem nos blogues "mais chegados" a Mário Soares são a prova provada que a Blogosfera é – ao contrário do que alguns querem fazer crer – quase indubitavelmente um repositório das velhas ideias veiculadas há muito pelos media "tradicionais".
Eu sei que não há «donos da verdade», mas o texto de oito páginas que foi de certeza preconcebido com a total concordância de Mário Soares, e que deveria ser um texto claro, sólido, consistente e lógico, demonstrou na prática ser uma simples compilação de lugares comuns, de incongruências e de chalaças burlescas – um completo deserto de ideias – que quanto a mim, não são dignas de um Candidato à Presidência da República apoiado por um partido nacional de referência.
Ao começar por dizer que "aceitou" candidatar-se a Belém, Soares admite implicitamente que "alguém" o convidou, não obstante de afiançar logo de imediato que "não se apresenta como candidato do PS, mas como um candidato nacional apoiado pelo PS". Mais incongruente que isto é difícil de compor.
Numa demonstração de autismo politico desconcertante – e depois de andarmos nas últimas semanas a assistir ao "folhetim Manuel Alegre" –, Soares tem a desfaçatez de afirmar publicamente que não surgiram "políticos preparados, com apoios sólidos, e com vontade de ousar, com êxito, protagonizar o combate pela Presidência".
A impudência seguinte de Soares passa por uma tentativa esclerótica de desresponsabilização do actual governo socialista pela crise que presentemente vivemos, como se os portugueses já não soubessem que nos últimos anos temos coabitado com uma crise mundial que nos tem afectado particularmente, mas que também temos convivido com uma sucessão de “trapalhadas” políticas às quais o actual Governo e Presidente da República não são alheios.
Como não poderia deixar de ser, Soares diligenciou por relativizar as questões económicas e financeiras – matérias que assumidamente não domina nem nunca dominou – recorrendo para isso a uma caçoada com Jesus Cristo. Como não sou crente não me chocam nada chalaças de cariz religioso, mas apesar de Soares ter invocado um verso de Fernando Pessoa (para dar um toque intelectivo à questão), considero que é no mínimo de mau grado, num país de esmagadora maioria católica/cristã, que um Candidato e Ex-Presidente da República fira susceptibilidades sem qualquer necessidade. Mas o mais caricato desta situação foi o paralelismo completamente descabido que Soares aspirou fazer com o Messias. Segundo reza a gesta, Cristo – em completa negação da vulgar prática Soarista -, exerceu o seu "ministério" por pouco tempo e "renasceu" para dar lugar aos "Homens", sem nunca ter demonstrado qualquer afinco pelo Poder. Com este seu mais que evidente gracejo de mau gosto, Soares procurou evitar ter de explicar aos portugueses, como é que cogita exercer as suas funções de árbitro e moderador eficazmente, tendo em conta que os principais problemas que depredam o nosso país nos dias de hoje serem em grande dimensão, de vertente económica e financeira.
Com o intento de afectar a candidatura de Cavaco Silva – segundo a maioria dos jornalistas e comentadores/analistas –, no seu discurso Soares insurge-se contra as umas ditas "tentações presidencialistas", e defende que "o Presidente não pode – nem deve – substituir-se ao Governo no exercício das [suas] funções [e que] tem o dever de respeitar a separação dos poderes, exercendo, com isenção, as funções de árbitro e moderador". Pactuo com Soares nestes pontos, só não me parece nada claro que o alvo desta sua "ofensiva" tenha sido Cavaco (pois nunca foi Presidente da República). Pareceu-me mais um apontamento tácito dirigido à magistratura (e não só) de Jorge Sampaio e porventura um sub-reptício “piscar de olho” ao eleitorado mais esclarecido.
Segue-se uma imaginária e sempre oportuna defesa contra aqueles (pessoas incógnitas) que mesquinhamente criticam a sua candidatura só por causa da sua idade. Quanto a esta questão, Soares revelou aparentemente com uma pua de ironia, encarar a sua candidatura como "um estímulo para todos os idosos que se recusam morrer antes de chegar a sua hora". Só faltou saber, no meio de tanta "ironia", qual é o estímulo que pretende passar a todos os "menos jovens" que continuam a ver ocupados os principais lugares do Poder do Estado - supostamente Republicano - pelos «suspeitos do costume» representados em toda a sua magnitude pelo exemplo corpóreo do próprio Mário Soares.
Para terminar o seu palestrear já comum, Soares não quis abandonar o seu albergue corrente nestas andanças sem antes regalar todos os presentes com uma sinopse dos seus "feitos" mais recentes – após ter abandonado a presidência da república – ambicionando, com inteira justiça, evidenciar a sua formidável forma físico-intelectual (tendo em conta a sua idade) e o conhecimento relevante que possui de muitos dos actuais problemas da Humanidade.
Em resultado destas suas últimas experiências politico-profissionais, Soares revelou para quem o queria ouvi, que "mudou muito nos últimos anos". No que concerne a esta “muda”, há pelo menos duas questões que conviria que Mário Soares e os seus apoiantes tomassem nota: 1) Mudar muito não significa em todas as situações mudar para melhor; 2) Quando Soares diz que mudou muito também podemos licitamente subentender que já o fez vezes de mais.
Apesar deste evidente arengo Soarista farto em desconformidades, continuamos a assistir diariamente nos nossos media à exortação brulesca e a um deslindamento de uma suposta magnificência nesta prédica completamente inócua.
2 Comments:
Fazes aqui um ataque brutal mas bem conseguido à candidatura de Mário Soares. O homem deve estar com as orelhas a ferver. :)
Não vale bater em ceguinhos! :)
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