sábado, maio 31, 2008

Galinha

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Hubbub sem fim


Se fosse militante do PSD não votaria com toda a certeza em Manuela Ferreira Leite, e este resultado, não causando qualquer surpresa, não deixa de ser preocupante, porque, não vislumbro que Ferreira Leite se consiga afirmar como uma alternativa política a José Sócrates. Com Ferreira Leite, o PSD vai ter dificuldades acrescidas em se conseguir fazer distinguir do partido socialista, e isto não é bom para a Direita, nem para o país.

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A década em que tudo mudou

Olho para o calendário aqui no meu lado direito. Tem parte do calçadão de Copacabana com uma tarja de mar azul, arrebanhei-o numa feira de viagens, já se sabe, e anuncia o mês de Maio. Atento no mês e no dia: 31, dia derradeiro deste mês que se queria de sol e Primavera, com o perfume da clorofila apenas desenhado na imaginação e o sol uma memória passada como se tivesse escurecido o mundo que observo através da janela. Maio, dia derradeiro. Em retrospectiva passo os textos que poderia ter escrito da década de 90. As viagens que fiz, a música que ouvi, os livros que li, poucos, nessa década dedicada a António Lobo Antunes quase em exclusivo, as pessoas que ficaram e partiram. O mundo havia de mudar e, neste tema do meio da década e que trago comigo sempre, não sei se entendia um presságio ou uma esperança, sei que, de facto, tudo mudou.

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A década de que eu julgava que me lembrava


Acaba-se o mês dos anos 90 no Geração Rasca.

Mais do que no mês dos anos oitenta, que já se tornaram numa década mítica e por isso são frequentemente evocados, o mês dos anos noventa serviu mesmo para me trazer recordações guardadas no fundo das gavetas da memória, daquelas de que só nos lembramos em época de arrumações. Foi um verdadeiro prazer.

Ilustração: Raim
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sexta-feira, maio 30, 2008

Drugs in Rio Lisbon 2008


Quem puder que salve esta mulher.

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Eleições no PSD

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Apito final, parágrafo [4]

Como se previa, isto está a animar bastante. Afinal, agora, até já podem ser 3 épocas de exclusão consecutivas das provas uefeiras.
«Não tenho receio!», dizia Pinto da Costa com um ar pouco convincente no início desta estória. Ainda hoje não consigo compreender o que é que passou pela cabeça dos dirigentes da SAD portista para não recorrerem. Mas ainda bem que não o fizeram, porque a justiça é Portugal é o que se sabe, e vamos ver se ao menos se faz alguma Justiça lá fora. Uma punição de 6 pontos nesta temporada, só por brincadeira: é o mesmo que reduzir 6 anos na pena de um condenado a prisão perpétua. O meu desejo é que o FCP seja severamente punido pela UEFA, pois assisti, décadas a fio, a demasiados casos no futebol português a envolverem sempre o mesmo clube. O único senão é… o arqui-rival do outro lado da Segunda-circular poder acabar por sair beneficiado com a punição do FCP. Mas neste caso, até eu, estou tentado a procurar esquecer [momentaneamente] algumas rivalidades eternas.

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Um olho no céu

Foto: NASA

Em 1990 o telescópio espacial Hubble era lançado para o espaço. A NASA pintava este 'brinquedo' como o olho que teria capacidade de observar o início do Universo. O azar foi que rapidamente se percebeu que o Hubble sofria de um problema que afecta ainda hoje milhões de pessoas, miopia. Depois de sofrer algumas reparações, conseguiu algumas fotografias que fazem parte da história da investigação espacial, ainda assim, sempre longe do potencial e dos muitos milhões de dólares que nele foram investidos.

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O código Seinfeld e a K7 Sócrates

"O problema de falar é que ninguém pode impedir-nos de dizer asneiras. Acho que a vida seria muito melhor se fosse como se estivéssemos sempre a fazer um filme. Se nos enganarmos, há alguém que entra no plateau e pára a filmagem.
Pensem nas coisas que gostavam de poder apagar das vossas vidas.
Vão sair com umas pessoas.
- É pá, estás gordinha. Estás grávida?
- Corta, corta, corta, essa cena não resulta."

SEINFELD, Jerry (2005). Linguagem Seinfeld. Lisboa: Gradiva, p. 51.




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Noventa em fragmentos (24)

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Fim-de-semana à vista

Foto daqui
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Smooth

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quinta-feira, maio 29, 2008

Apito final, parágrafo [3]

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Queixinhas [2]



Basta agarrar na palavra "Bolinhas" e trocá-la por "anterior Governo" para perceber onde terá Sócrates bebido a inspiração para aplicar de forma constante e exemplar o seu mortífero golpe da "pescadinha de rabo na boca".

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Queixinhas [1]

Os debates quinzenais inauguraram a possibilidade que anteriormente estava guardada, sobretudo, para as Moções de Censura e debates sobre o Orçamento de Estado, sacudir a água do capote é agora um hábito instituído de 15 em 15 dias. José Sócrates vai agora numa base quinzenal à Assembleia da República repetir umas nove vezes – as que hoje contei mas posso ter-me distraído – que a culpa disto tudo é do anterior Governo.
Começo a acreditar que, num mundo pararelo, seria possível, num confronto épico entre El-Rei D. Afonso Henriques e José Sócrates, ouvir uma resposta por parte do primeiro-ministro mais ou menos assim:

‘Senhor deputado Afonso Henriques, o senhor sabe que o que diz é injusto e falso… O senhor deputado tem o desplante de vir para aqui falar da violência social que os aumentos dos combustíveis representam para os Portugueses? Para os Portugueses senhor deputado? Tenha vergonha! Quem é que bateu na mãe senhor deputado? Fui eu? A culpa é sua, senhor deputado Afonso Henriques’.

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Queixinhas

O Sócrates está a falar na televisão. O Sócrates fala muito na televisão. O Sócrates está a responder no Parlamento às questões dos Deputados, debate, chamam-lhe. O Sócrates não responde, o Sócrates só fala dos governos passados, defende os erros presentes, remetendo para governações anteriores, argumentos que só os fracos e os queixinhas usam.
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Noventa em fragmentos (23)


O Silêncio dos Inocentes
(1991)
Imagem daqui
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quarta-feira, maio 28, 2008

Massacre em Carnaxide [4]

Durante o massacre debate alguém conseguiu ver a cor dos olhos de Manuela Ferreira Leite?

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Massacre em Carnaxide [3]

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Massacre em Carnaxide [2]

É impressão minha que o Santana Lopes deu uma enorme ajuda a Pedro Passos Coelho quando diminuiu aos olhos do público a "iron maiden" Ferreira Leite, colando-lhe o rótulo de desertora e interesseira?

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Massacre em Carnaxide [1]


É impressão minha ou durante o debate passou um TGV por cima de Manuela Ferreira Leite?

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para lá das polémicas...


o Oceanário, o Pavilhão da Utopia, o Pavilhão do Conhecimento, o Pavilhão da Realidade Virtual, o Pavilhão do Futuro, o Pavilhão do Conhecimento dos Mares, a Torre Vasco da Gama, o Pavilhão da Água,...

o Pavilhão de Portugal, Timor, Açores, Madeira, Zâmbia, Cuba, Namíbia, México, Panamá, Chile, Paquistão, Cabo Verde, Bosnia, Arábia Saudita, Congo, Nepal, São Tomé, Angola, Palestina, Madagáscar, Equador, Roménia, Guiné, Albânia, Venezuela, Bolívia, Eslovénia, Croácia, Hungria, Uruguai, Brasil, Holanda, Filipinas, Japão, Colômbia, Islândia, Estados Unidos, Finlândia, Paraguai, França, Bélgica, Áustria, Grécia, Luxemburgo, Dinamarca, Reino Unido,...

a Gare do Oriente, o teleférico, a Praça Sony, os olharapos, o teatro de rua, o acqua matrix,...

mas também o Gil, a Docas, as criancinhas a nadar, os vulcões de água, as dunas relvadas, os mapas, os bancos de cartão, as filas de espera, o passaporte, os carimbos dos pavilhões,...

[spots no youtube: aqui e aqui]

e ainda, um excelente pretexto para visitas de estudo! sim, a Expo ainda me apanhou em idade escolar e, como parecia haver qualquer coisa importante em Lisboa, lá fomos todos na camioneta passear até à cidade grande! =)

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Popular versus Economicamente correcto

Diz o ministro Jaime Silva: "As soluções mais fáceis, como baixar impostos, são as mais populares mas não são soluções"

Diria um pescador português lá pelos anos oitenta: "As soluções mais fáceis, como destruir as pescas portuguesas, são as mais populares na UE mas não são soluções".

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Daqui só saio de férias!


Ora pois se estava com uma horrível dor no ombro desde sábado, se hoje telefonei para um reumatologista a perguntar era possível ir a uma consulta ainda esta semana e se me responderam para lá ir amanhã às 9h45, por que é que eu havia de querer voltar para Portugal? Quem é que quer saber do bom tempo e afins quando pode ter o médico que escolhe quase imediatamente e por menos dinheiro do que um canalizador?

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Não vou por aí!

Os senhores de Davos vivem "(...) confortavelmente na desordem empresarial, mas receiam a confrontação organizada. Claro que receiam o ressurgimento dos sindicatos, mas ficam pessoalmente muito pouco à vontade, mexendo-se, desviando o olhar, refugiando-se a tirar apontamentos, se forem obrigados a discutir as pessoas, que na sua gíria, 'ficam para trás'. Sabem que a grande maioria dos que trabalham no regime flexível ficam para trás, e, obviamente, lamentam. Mas a flexibilidade que celebram não dá, não pode dar, qualquer orientação para a condução duma vida vulgar. Os novos senhores rejeitam carreiras no velho sentido da palavra, de caminhos que as pessoas podem percorrer; ritmos duradouros e sustentáveis de acção são territórios estranhos.
Pareceu-me, por isso, quando andava a entrar e sair das salas de conferência, dispostas no emaranhado de limusinas e de polícias nas ruas da aldeia montanhosa, que esse regime podia, pelo menos, perder o seu actual controlo da imaginação e dos sentimentos dos que estão por baixo. Aprendi (...) se ocorrer mudança, acontece na base, entre pessoas que falam por necessidade íntima, e não através de levantamentos de massas. O que os programas políticos retêm dessas necessidades íntimas, pura e simplesmente não sei. Mas sei que um regime que não dá aos seres humanos razões profundas para cuidarem uns dos outros não pode manter por muito tempo a sua legitimidade." p. 225

SENNETT, Richard (2007). A Corrosão do Carácter. Lisboa: Terramar.

Os argumentos dos defensores do estado mínimo são colectivamente inovadores:
- para sobrevivermos temos de nos adaptar;
- não podemos continuar a manter o estado-providência, o estado não pode cuidar de todos os elementos da sociedade, só dos mais fracos;
- os grupos económicos têm de ser competitivos daí que se deva liberalizar os mercados, em nome da globalização, flutuação dos mercados, da garantia da competitividade.

Contudo os defensores do estado-mínimo em todas as áreas que possam gerar lucros: saúde, educação, etc, ainda não nos explicaram porque é que nos querem convencer de algo que já deu mostras de insanidade nos EUA e na Inglaterra.

Thatcher entrou e desmantelou o estado-providência e saiu com uma taxa de desemprego assustadora, privatizou a área da saúde e o que se vê é que o estado e os utentes não ganharam nada com isso. O estado não poupou e os utentes desvaforecidos não estão bem servidos. Nos EUA a "empresarialização" da educação é uma realidade, mas não consta nas tão aclamadas taxas disto e daquilo, estudos daqueloutro, que os americanos sejam uma mostra particular de sucesso educativo.

Por isso não me venham cá com conversas acerca das virtudes do estado mínimo e da inevitabilidade da mudança e do imperativo categórico do determinismo tecnológico. Neste ponto estou absolutamente de acordo com Sennett uma sociedade que perde os laços de solidariedade e bem-estar colectivo não é uma sociedade humana é o salve-se quem poder e eu não vou por aí!


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Noventa em fragmentos (22)


Olho Mágico
(1994)
A rever aqui.



Imagem daqui.
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terça-feira, maio 27, 2008

A associação que cuida da bolsa dos portugueses

Afinal o terceiro sector é um quase-mercado e...
Afinal quase-podemos dormir descansados...

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Noventa em fragmentos (21)

Prozac
O tratamento das depressões que se tornou num acessório de moda.
(1994)

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segunda-feira, maio 26, 2008

Ratas, ratos e ratazanas

Reza a lenda que corria o ano da graça de 1948 quando um jornalista, João Paulo Freire de seu nome, lançou a maldição sobre Mafra. Num artigo publicado no Jornal de Notícias surgia o rastilho de uma bomba com contornos nunca explicados. O jornalista descrevia o que era estar numa das janelas dos torreões do Palácio de Mafra e ver as “enormes ratas” a passear no fosso que circunda o monumento. Esse momento de inspiração – que muitos atribuem a uma hipotética e nunca provada encomenda da gigante Bayer – faria com que esta terra se tornasse nacionalmente conhecida. Afinal que outro sítio neste Portugal precisaria de ser evacuado num raio de 40 quilómetros para que os potentes raticidas fizessem efeito nesses bichos bestiais, capazes de feitos horríveis como é o caso dos dois “magalas”? Reza outra lenda, que deriva da primeira, que um soldado já meio bebido caiu no fosso do Palácio, um companheiro de armas que o acompanhava, juram as fontes ouvidas nesta lenda, escuta-o gritar e pedir socorro. O amigo valente do azarado corre para o socorrer, desce pelos calabouços e sai por uma porta que dá acesso ao fosso onde, ali chegado, ainda vê os “ratos do tamanho de cães” devorarem o amigo. Dizem os relatos da época que o horror foi tanto que o segundo soldado tentou fugir, sem êxito já se vê, e assim duas mortes ficaram associadas aos bichos. Foi um ápice até aparecerem “estórias” que aproveitavam coisas reais que bem vestidas davam força à invenção. Ele era os cozinheiros da Escola Prática de Infantaria que atiravam todos os dias os restos da comida para os subterrâneos para evitar que aquela massa desconhecida de ratazanas invadisse Mafra, era a história dos soldados que foram enviados para os subterrâneos para salvar os dois primeiros, eram valentes e foram até, pasme-se, munidos de um lança-chamas. A ferocidade desses roedores do Inferno foi tal que nem o lança-chamas escapou, devorado pelos roedores com fome de Tyrannosaurus Rex. Mediante tal espectáculo, os anos que se seguiram foram de míngua para a mascote oficial da EPI, o celebérrimo “Capitão Sem Cabeça”, que vagueava pelos corredores a lançar o pânico nos mancebos acabadinhos de chegar à casa que os faria homens.
Foi preciso esperar uns anos para que o mito se dissolvesse na espuma dos dias. Ainda assim, em 1989, um livro de Banda Desenhada intitulado “O Império das Almas”, de Louro e Simões, volta a pegar na lenda, misturando-a com uma velha crença, sobretudo maçónica, de que a Mafra e ao seu Palácio estaria destinado o comando do Quinto Império. Mais seis anos passados e um requerimento deferido, o Estado-Maior do Exército autorizava uma ida aos subterrâneos, coisa rara e na altura bastante festejada quer na EPI, quer no Palácio. Em 1995 eram tiradas fotografias de “ratas” assustadas, de “ratazanas” do tamanho de ratazanas, de subterrâneos onde, ao invés de colónias com milhares de ratos “cegos”, se viam umas meras dezenas desses bichos peludos. Em 2008 já são poucos os que procuram a lenda porque ela foi morrendo, vítima de uma invenção que só podia ganhar crédito através do medo de outros tempos. Ainda assim para os seguidores de uma boa história fica a dica: continua a existir a misteriosa lenda dos mais de 40 quilómetros de túneis subterrâneos que partem do Palácio para desembocar em locais tão longínquos como a Ericeira ou nas Águas Férreas (Tapada Nacional de Mafra), no segundo caso é verdade verdadinha, já no primeiro vá-se lá saber quantas, dessas “enormes ratas”, lá estarão escondidas…

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Havana por dentro

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Noventa em fragmentos (20)

O corte de cabelo da Rachel, que até tem direito a entrada na Wikipédia.

Em 1998, eu pedi ao meu cabeleireiro que me cortasse o cabelo como o da Rachel. Infelizmente, ele não sabia do que eu estava a falar. Há fotografias que provam isso.

Imagem daqui.
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domingo, maio 25, 2008

À espera

Há blogues e blogues. Há blogues com os quais a vida se torna mais cinzenta, há aqueles que visitamos diariamente em ritual e há aqueles que visitamos diariamente em ritual e com o prazer desmedido e a certeza de encontrarmos algo sempre cheio de humor e muito talento. Assim era até ontem, quando a bandeira deixou de voar ao vento. Espero ansiosamente o regresso do José Bandeira. A blogosfera assim não tem piada.
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Noventa em fragmentos (19)

Telemóveis

Acessíveis aos comuns mortais que os pudessem comprar desde 1996.

Os outros, como eu, tinham pagers ou beepers.



Imagens daqui e daqui.

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sábado, maio 24, 2008

Uma questão de peso

Ao que parece o SNS vai comparticipar as cirurgias de banda gástrica. Nada contra, acho muitíssimo bem, de resto. O que me preocupa é a segunda parte da notícia, os obesos merecedores da generosidade do Estado terão de ser avaliados no SNS, o que, se o Estado fosse uma pessoa de bem, não constituiria qualquer problema. Acontece que, tendo em conta os desenvolvimentos dos últimos anos, e a quem o vir como uma pessoa de bem recomendo uma viagem a Cuba para tratar da miopia, resta-me muito pouca esperança. Assim sendo, e caso o SNS seja tão eficaz e competente nas suas avaliações como as Juntas Médicas da Caixa Geral de Aposentações, não há nada de bom a esperar e, a menos que se tenha um metro e meio e duas centenas de quilos, a obesidade não passará de uma mania.

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O futuro é já aqui

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Não batam mais no ceguinho!

Imagem via: Hoover Digest

Apesar de maltratado pelos poderes públicos e mal estimado pelos seus próprios agentes, é incontestável que o futebol se vem destacando nos últimos anos como uma das indústrias mais relevantes do panorama nacional.
Senão vejamos: a selecção nacional continua a marcar honrosas presenças em todas as fases finais das grandes competições internacionais; os jogadores e treinadores portugueses fazem furor nos campeonatos mais competitivos do planeta futebol; as nossas equipas têm conseguido manter índices competitivos elevados mesmo concorrendo a nível internacional com clubes que possuem orçamentos transcendentais; e os activos que exportamos no final de cada época chegam a atingir o dígito das centenas, em milhões de euros, superando largamente o valor das exportações de outros sectores de actividade considerados vitais para a nossa economia.
Inclusivamente, do futebol, saem outros exemplos meritórios que, a serem tomados como referência por outros sectores de actividade, elevaria os níveis de competitividade do nosso país para patamares de desenvolvimento nunca anteriormente vividos – não fosse o futebol uma das raras indústrias nacionais em que os seus assalariados [quando recebem] são mais bem remunerados que os gestores.
Porém, como nos meandros do futebol nacional vem insistentemente pairando uma espessa neblina que tarda a levantar, a CMVM decidiu [e bem] avançar em Abril passado com a imposição de algumas medidas de transparência à gestão das Sociedades Anónimas Desportivas (SAD). Mas como, particularmente quando se trata de futebol, somos geralmente possuídos por aquela inusitada tendência lusitana de desconfiar de tudo e de todos, esta intervenção da CMVM já começou [ou vai agora começar] a levantar sérias dúvidas naqueles espíritos mais cépticos. No meu entender, custa-me francamente a acreditar que uma entidade de referência como a CMVV não tenha ponderado previamente o impacto das suas novas imposições, e, contrariamente ao que advogam essas almas mais negativistas, ainda creio menos que a CMVM o tenha feito única e exclusivamente com o intuito de humilhar, ainda mais, a SAD do Sport Lisboa e Benfica. É que mesmo parecendo que não, uma instituição como a CMVM, comprovadamente idónea e que nos merece o maior respeito – como aliás ficou comprovadíssimo no caso do BCP –, nunca tomaria essa decisão sem ter garantido antecipadamente a aquisição de novos servidores para o seu sítio na internet com capacidade suficiente para armazenar todos os comunicados da SAD do Benfica a dar conta aos seus accionistas dos sucessivos falhanços negociais com os seus futuros não-treinadores; mais o fluxo de notificações que no decorrer da época irão certamente relatar as habituais lesões a serem contraídas massivamente pelos futuros reforços do “Glorioso”.
A ser verdade que a CMVM agiu de má-fé em todos este processo, e considerando o estado deplorável da justiça no nosso país, restará à Benfica SAD apresentar queixa na ACAPO – que certamente ocorrerá em seu auxilio, e fará tudo o que está ao seu alcance para que definitivamente se deixe de bater mais [e de forma continuada] num dos seus mais influentes associados.

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A obsessão económica

Detesto economia, mas cada vez estou mais consciente de que é necessário começar a conhecer algo sobre o reino dos números, para perceber, por exemplo, a obsessão económica dos governos ocidentais e o poder desproporcionado de algumas entidades como o FMI, Banco Mundial, OCDE, Tesouro Americano e o Banco Europeu.
Stiglitz, um dos nóbeis da Economia, alerta para as pressões dos mercados financeiros sobre as entidades referidas anteriormente, e que o poder nunca é só de uma pessoa, aliás até refere os poderes dos respectivos lobbies e da informação direccionada que chega a determinado presidente, e da ideologia de expansão neoliberal que põe a tónica exclusiva na liberalização dos mercados.

À partida tenho alguma aversão a posições fundamentalistas, daí que seja importante, para mim, tentar perceber a razão porque determinados estados enveredaram cegamente por políticas de estado mínimo, sem terem a noção do que se passa nos seus países e de como as mesmas poderão ser tão dramáticas em países cujo ordenado mínimo é de 400 euros, por exemplo.

A face visível da moeda são os números, daí que convide os nossos governantes a fazerem as seguintes contas de merceeiro. Imagine uma família com 4 elementos, casal: 2 operários fabris, 1 filho em escolaridade obrigatória, 1 filho creche.
Gastos mensais:
- mercearia - 200 eur
- pão - 40 eur
- peixe - 50 eur
- carne - 50 eur
- electricidade, água, telefone - 40 eur
- empréstimo da casa - 300 eur
- creche - 100 eur
- gasóleo - 40 eur

Total despesas 820 eur.

Total do ordenado do casal: 800 eur

Este casal poderá recorrer à ajuda social para comprar livros para o filho, o mesmo no que diz respeito à roupa, obviamente não irá a nenhum tipo de actividade cultural, terá um carro já pago, irá ao centro de saúde, portanto lá conseguirá arranjar os módicos 2/3 euros de pagamento da consulta.

Pergunto-me: é possível ser governante de um país e não perceber que tipo de país real é que se tem?

É que não me parece que os mercados financeiros se preocupem demasiado com as populações dos diversos países onde pretendem impor a sua ideologia económica, e, muito sinceramente, não têm nada que se preocupar. Quem tem de se preocupar são os governantes desses países que sofrem pressões das organizações económicas que pretendem impor um determinado tipo de economia que lhes seja mais favorável. Um governante que não tenha a noção disto parece-me sofrer de um tipo de autismo muito especial: ingenuidade obsessivo-compulsiva.
Daí que eu esteja muito interessada em perceber como é que Pedro Passos Coelho defende o estado mínimo e ao mesmo tempo melhor saúde, educação, etc.
A originalidade de alguns políticos terá sempre de ser considerada, daí que tenhamos razões para não temer a ignorância histórica de alguns economistas, como diria Vitorino Magalhães Godinho.


Agenda Cultural
Cinema: Bolo de Neve, com Sigourney Weaver;
Música: Sempre de Mim, Camané
Livro: A Corrosão do Carácter, Richard Sennett

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Noventa em fragmentos (18)

A explosão da Internet (www e correio electrónico)
(aí por volta de 1995)

Imagem daqui


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O meu liberalismo é melhor que o teu

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sexta-feira, maio 23, 2008

Fim-de-semana à vista

Foto: daqui (gentilmente enviada pela Carlota)
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Noventa em fragmentos (17)


O regresso de Star Wars
(1999)

Imagem daqui
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a casa portuguesa da casa da música

Na semana passada as portas da Casa da Música abriram-se às sonoridades tradicionais e por ela passaram nomes nacionais («Uma Casa Portuguesa») e nomes nórdicos («Focus Nórdico»).

Vamos, então, às impressões gerais:


Na 5a, a Casa estava um bocado despida e com o avançar das horas foi ficando cada vez mais desfalcada - foi pena. Os Realejo animaram a plateia e Rão Kyao e o seu amigo nórdico (KARL SEGLEM) foram mais contemplativos, ainda que com alguns momentos também animados.

Na 6a, os senhores nórdicos (LARS-ÀNTE KUHMUNEN) trouxeram sonoridades diferentes numa língua que nos estranha, cantando as montanhas e... as renas.

Aos Gaiteiros faltou-lhes criar uma ligação com o público. Pecaram na falta de apresentações, de comentários ou descrições entre as músicas, deixando no ar sempre uma distância desconfortável. Fora isso, a música esteve ao seu nível... Não foi o concerto do ano passado, mas foi bom.

No sábado, não pude ir, mas quem lá esteve fala da singularidade da voz nórdica (ANNA-KAISA LIEDES E TIMO VÄÄNÄNEN) e da animação dos Toques do Caramulo.

No domingo, gostei dos senhores nórdicos (HAUGAARD AND HOIRUP). Violino e guitarra. Boa comunicação. Serenos mas divertidos. Deu para dançar e tudo! =)

Júlio Pereira, nunca tinha visto ao vivo... Uma figura forte! Animado e expressivo. Ele, o moço da guitarra e a voz da menina aliavam-se lindamente. Mas aqueles teclados/sitetizadores fizeram-me comichão... Não estou habituada a ferrinhos sintetizados... Mas voltando ao senhor e à sua música: grande concerto!

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quinta-feira, maio 22, 2008

I Love Energia Nuclear (Reloaded)

Os tempos são outros, as circunstâncias alteraram-se, e as nossas opiniões, crenças, e convicções pessoais, podem ser reformuladas face às novas experiências e conhecimentos entretanto adquiridos. Nos últimos tempos, até fervorosos ambientalistas como Patrick Moore, um dos fundadores da Greenpeace, passaram a defender a energia nuclear como única solução para evitar uma "catastrófica mudança climática" decorrente das emissões de CO2. Inclusivamente, um dos maiores Gurus dos activistas ambientais, o biólogo britânico James Lovelock, também já se deixou seduzir pelos “encantos” desta má-afamada energia. E, ao contrário do que os ambientalistas procuram fazer crer, o nuclear não está a morrer – bem pelo contrário. Há realmente centrais que estão a ser encerradas, mas, somente, porque a sua vida útil expirou. Em 2006 existiam 443 reactores nucleares em pleno funcionamento, 27 novas centrais em construção, e 139 em fase de projecto. Mesmo em países como a Suécia, que em 1980 optou em referendo pela não construção de novos reactores e pelo encerramento dos existentes até 2010, passados 28 anos, continua a manter activas a maioria das suas centrais, e viram-se forçados a aumentar a produção nos reactores activos para poderem continuar a fornecer 45 a 50% da electricidade consumida a nível interno. A sua vizinha, a Finlândia, construiu a sua 5ª central. Na Europa Central e Oriental, as velhinhas centrais estão a ser renovadas, 4 novas centrais estão a ser construídas de raiz, e em fase de projecto existem mais 48. Na Ásia para além dos actuais 106 reactores em pleno funcionamento, e 17 em construção, está prevista a construção de 66 novos reactores nucleares.
O Japão, a única nação do mundo que sentiu na pele os efeitos devastadores das bombas atómicas, constrói centrais nucleares desde 1957. Actualmente, mantém em actividade 52 reactores, e inaugurou em 2006, de forma experimental, a primeira fábrica de tratamento de resíduos nucleares.
Os EUA, recordistas mundiais de centrais nucleares (122), têm previsto o arranque da construção de 19 novos reactores até 2010.
Nós por cá, com a nossa já famosa esperteza saloia, vamos continuar a pensar infinitamente no assunto. É que nós, como bem sabemos, somos muito mais espertos que todos os outros povos, e é por isso que somos uma das nações mais desenvolvidas e ricas do Planeta Terra [e arredores]. Como é notório, nós por cá, temos muito mais sol, muito mais vento, e muito mais mar, que todos os outros países que continuam a construir centrais nucleares. Aliás, segundo consta por aí, Deus, quando criou a terra, colocou o sol precisamente sobre o nosso sacrossanto país, já com o intuito de abençoar os portugueses com a construção de uma mega central solar em Serpa.
Apesar do tema “Nuclear” já ter sido abordado diversas vezes aqui no GR, face às evidentes dificuldades energéticas planetárias, convém relembrar a tese de Patrick Moore, que defende o nuclear como a única energia financeiramente eficiente e que pode acompanhar a crescente procura de energia no mercado mundial.

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O cinema e a realidade

1 - Esplendor no relvado - O nosso Ronaldo falhou o penalty e logo a onda masoquisto-pessimista regressou, com todo o seu esplendor, à mentalidade criativa de alguns seres humanos. Será que ando a "ver coisas" ou há uma uma ansiedade evidente, nos nossos governantes, pelo arranque do acontecimento futebolístico do ano?

2 - Peões em jogo - O big boss da BP foi ao Expresso da Meia Noite sábado passado, juro que fiquei mesmo com dúvidas em relação ao país real, mas hoje, a uma semana de distância consigo dizer-lhe o seguinte: caro presidente da BP, efectivamente nós vivemos em dois países diferentes, no seu a gasolina não está assim tão cara, afinal anda à volta do preço da média europeia; no meu os ordenados não estão assim tão baratos, afinal andam à volta de muito abaixo da mínima europeia. Só agora é que percebo: estes gestores globalizados vivem na estratosfera.

3 - Dança com lobos - Como o feriado é religioso, despeço-me desejando aos nossos governantes um feriado rico em soluções milagrosas no decréscimo da taxa de desemprego, por exemplo, e enfim que fiquem na paz do Senhor.

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Noventa em fragmentos (16)

Robbie Williams
(a solo desde 1996)

Imagem daqui
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quarta-feira, maio 21, 2008

Novos Guias de Sobrevivência

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Porque amanhã é feriado

Entre um telefonema e outro ouvi pelo meio José Sócrates foi condenado a pagar 10 mil euros... Confesso que fiquei assustado a pensar C'um caracas*. Também não valia a pena multarem assim o homem por fumar um cigarro no avião. A resposta à minha inocência de pensamento tive-a pouco depois quando pude ir ver o que se estava a passar. Como é público, os dez mil euros são de outro caso que envolve um jornalista e já data - o processo - de 2001.
Pouco depois o debate quinzenal de onde sairam seis anúncios do Executivo para combater a crise que este país atravessa. Deste debate sobressaem algumas questões que aqui vos deixo:

1 - Para quê fazer debates quinzenais se o que se vê é um hemiciclo quase despido de deputados (não sei se repararam mas as palmas para além de serem poucas faziam um eco que denunciava a coisa)?
2 - Porque razão o Governo (este e anteriores) passam a maior parte do tempo a explicar a sua inépcia com os governos dos outros?
3 - Para José Sócrates qual é a questão que lhe dê chatices que não seja "demagógica" ou "calvinismo"?
4 - Para além do congelamento dos passes sociais, alguém ouviu o primeiro-ministro dizer que as empresas do sector estarão obrigadas, para além de manter os preços, a manter também a periodicidade de cada carreira seja autocarro, comboio, eléctrico ou barco?

P.S. - Deixo de fora a questão Ericeira que hoje foi levantada durante o debate pelo partido "Os Verdes". "Não sei" é outra frase muito usada por Sócrates, não sabe o que se passa com a multa aplicada à Junta de Freguesia, tal como não sabia que não podia fumar num avião. No meio destas pequenas incertezas sobra-lhe a sorte de ter o maior partido da oposição a dar tiros no pé a cada debate.

* caracas é um erro propositado da minha parte, eu sei que errei e admito já.

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A menoridade da metafísica

O Álvaro de Campos escreveu aquele poema sobre a menoridade da metafísica perante um mau estar físico.
Eu que não sou poeta, aliás ando cada vez mais longe de vislumbrar qualquer sentido na realidade, consigo, agora, alcançar a verdade de tais palavras.
E compreendo-as muito bem.
Afinal o Álvaro de Campos não sofria de perturbações narcísicas.
Uma constipação é mesmo capaz de abalar qualquer verdade Universal.
Atchim!

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Feriado à porta

Amália e Eusébio, símbolos da Expo-98 de Lisboa, e uma excelente razão para uma visita ao Oceanário.
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Dos insectos e similares em duas rodas


Maio tem sido um mês bastante agradável aqui por Bruxelas. As temperaturas subiram, houve dias quentes ao ponto de deixar o miúdo chapinhar numa pequena piscina no jardim, vestimos roupas sem mangas, andámos de sandálias e chinelos, transpirámos nas incómodas roupas de trabalho se andámos pela rua à hora do almoço, fizemos refeições no jardim, admirámos a boa disposição das pessoas que invadiram as esplanadas da cidade, enfim... há anos com meses assim. Esta semana, depois de uns dias de interregno em que se abateu um temporal do género daqueles que impedem os aviões de aterrar ou descolar, voltaram as temperaturas amenas, na ordem dos vinte graus durante o dia e, sobretudo, voltou o sol.

Mas como nunca há bela sem senão, não seria certo esquecer que o tempo bom também tem desvantagens. Uma, é que traz sempre a reboque os bichos, os insectos que, eu sei, têm direito à vida, mas são uma verdadeira praga. Aliás, eu acredito que a natureza é perfeita e compreendo o motivo por que chove por aqui durante a maior parte do tempo. Se assim não fosse, seríamos com certeza comidos pelos mosquitos.

A outra praga é, quem me conhece já está a adivinhar, os ciclistas, que são uma outra espécie de insectos, mas de comportamento menos previsível. Esta espécie, que invade a cidade aos primeiros raios de sol, é composta, por um lado, por indivíduos civilizados, com amor à vida e cumpridores das mais básicas regras de trânsito e, por outro, por verdadeiros imbecis de comportamento animalesco que diariamente se candidatam a levar com um carro em cima, o que não se pode dizer, no fundo, que seja uma coisa má.

Estas bestas que invadem as ruas não têm o menor respeito pelos demais utentes da via pública. Não dão passagem aos peões nas passadeiras, não respeitam sinais vermelhos, atravessam nas passadeiras como se de peões se tratassem (mas a uma velocidade muito superior, o que significa que os condutores não os vêem chegar), não circundam as rotundas e, podendo circular em contra-mão em ruas de sentido único (porque, de facto, lhes é permitido), não o fazem com o cuidado e atenção que deviam.

Esta manhã, por exemplo, uma imbecil numa bicileta em contra-mão numa rua de sentido único para os carros, sem capacete!, livrou-se, por um fio, de levar uma pancada do meu carro, que saía da garagem muito devagar porque aqui a condutora sabe que há peões no passeio e sabe, também, que sai à hora da chegada das crianças à escola ali ao lado. A criatura em duas rodas que se cruzou à frente da saída da garagem, em velocidade, escondida pelos carros estacionados na rua, hoje, teve sorte, mas, se não tivesse, não era a mim que doía.


Imagem daqui.
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Noventa em fragmentos (15)


Viagra
(since 1998)

Imagem daqui

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procrastinando...

Estou a ver o Festival da Canção...

... e estou a gostar dos separadores das músicas!

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terça-feira, maio 20, 2008

Dia do Mar

Foto: minha
Já que os afazeres profissionais me levavam esta manhã até à minha Ericeira, pensei em tirar uma fotografia que me pudesse ajudar na ilustração deste que é o Dia Europeu do Mar. Como todos os planos feitos de véspera podem sair furados, a Ericeira - e toda a região de Lisboa presumo - esteve durante boa parte do final da manhã debaixo de uma chuva miudinha, irritante, e sem a luz e a cor natural desta terra. Por isso mesmo a fotografia em cima é de arquivo, tirada numa outra primavera, uma onde o sol deixava o mar da Ericeira vestido de um azul que só ali se pode ver. Já que o Pedro Sales também andava por lá fica o convite para que regresse num dia destes e que possa aproveitar a terra para lá do trabalho.

P.S. - Já que terei sido dos primeiros a falar sobre o caso dos biocombustíveis na Ericeira fica aqui uma nota: o Bloco de Esquerda, por intermédio de Francisco Louçã, foi até à Ericeira hoje para ver de perto o problema que envolve a Junta de Freguesia local, multada por não consumir combustíveis fósseis. O apoio deste partido político é uma pedrada no charco e voltou a colocar o assunto nas televisões, dando alento ao autarca da Ericeira que, ainda há dois dias, recebeu da Direcção-Geral de Impostos uma carta de notificação de cobrança coerciva dos seis mil euros com que o Estado o premiou pela sua luta nas causas ambientais.

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Noventa em fragmentos (14)


Body Pearcing
(como moda contemporânea, desde meados dos 90)

Imagem daqui
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segunda-feira, maio 19, 2008

Patriotismo ou estupidez...

... acreditar que vale a pena torcer por qualquer equipa que represente Portugal?

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Cyborg

Imagem via Daily Mail

Depois desta surpreendente decisão Tribunal Arbitral do Desporto as competições desportivas podem ter entrado numa nova era.

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Banda Sonora da Educação



A ministra Maria de Lurdes Rodrigues levou à letra esta canção. Se estiverem atentos a letra da música dos Pink Floyd tem algumas semelhanças com o Estatuto do Aluno. A questão fulcral é: os Pink Floyd eram uns tipos muito à frente do seu tempo ou Maria de Lurdes Rodrigues foi buscar ideias onde não devia, a 1979 nomeadamente, e pelas razões erradas?

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Dá-lhes, António!

António Lobo Antunes manifesta a sua perplexidade relativamente à encrenca da Feira do Livro. Quem cuida dos leitores, tem respeito por eles, naturalmente, e António Lobo Antunes é um belíssimo anfitrião: gosta de falar com os leitores e de fazer algo que ainda não tinha visto antes e nunca vi fazer na Feira por mais nenhum escritor: oferecer livros ao leitores.

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Noventa em músicas (2)

Qual Nirvana qual quê! Uns têm a fama, outros as obras de arte. É o caso dos Temple Of The Dog, projecto pouco recordado mas artisticamente perfeito, nascido para que uns quantos músicos prestassem a sua última homenagem a Andrew Wood, vocalista dos Mother Love Bone, verdadeiro pai da onda grunge de Seattle e falecido em 1990, vítima de uma overdose de heroína.
O projecto juntou gente ilustre vinda dos Pearl Jam, dos Soundgarden e dos membros sobreviventes dos MLB. Gravou um único disco (o homónimo Temple of the Dog em 1990), cumpriu a sua função e desapareceu, deixando um registo que é o verdadeiro expoente do grunge.
Chris Cornell (Soundgarden) e Eddie Vedder (Pearl Jam) - opinião minha - nunca mais encontraram alguém com quem fizessem um dueto destes nas suas carreiras, aliás, eles próprios reconhecem isso mesmo. Hunger Strike é um marco, o grunge elevado à perfeição que nunca teve.

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Depois de casa assaltada... (2)

Boas notícias: O Instituto da Droga e da Toxicodependência resolveu (só agora) suspender e reformular o "site" Tu Alinhas.

Seria bom que os partidos políticos, principalmente o PS, votasse favoravelmente a proposta do CDS-PP de chamar à Comissão de Saúde o presidente daquele organismo. Seria bom que se percebesse que mecanismo formidavelmente imbecil permitiu que aquele dicionário de calão visse a luz do dia.

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Noventa em fragmentos (13)


Spice Girls
Girl Power since 1996

Imagem daqui.
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domingo, maio 18, 2008

Esforço, Dedicação, Devoção e Glória [sem batota]: Eis o Sporting!

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O pecado mora ao lado

Por muito interessante que se possa considerar a guerrilha interna no PSD, elite versus os outros, as acusações de Luís Filipe Menezes nesta entrevista poderão ser interpretadas como "faca de dois gumes".
Dizer que alguém lhe telefonou para não avançar com um determinado inquérito, lança uma onda de suspeita em relação aos apoiantes de Manuela Ferreira Leite, mas, acima de tudo, mais uma "acha para a fogueira": descredilização da política e dos políticos.
Que Menezes ainda não tenha percebido, que esse tipo de "guerrilha política" tenha sido um dos calcanhares de Aquiles do seu mandato no PSD, é, no mínimo, estranho.
Já que se pretende transmitir uma ideia de "eu é que sei o que se passa por lá" já agora poderia ter havido a coragem política de "chamar os bois pelos nomes".
Assim, a sua entrevista serve mais os interesses dos opositores de Pedro Santana Lopes e Pedro Passos Coelho, algo que eu consideraria muito interessante, se ousasse desconfiar do alinhamento estratégico-benemérito da entrevista de Menezes à candidatura de Pedro Santana Lopes.

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Zélia Gattai


Mais conhecida como a mulher de Jorge Amado, Zélia Gattai publicou também livros e deixa saudade com a sua partida.
Morreu ontem aos 91 anos em Salvador.

Imagem daqui

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sábado, maio 17, 2008

E os leitores?

A Feira do Livro de Lisboa vai ser adiada na impossibilidade das partes em litígio de chegarem a um acordo. Esta trica assemelha-se ao caso Esmeralda, em que cada um pensa em si e a criança, coitada, anda lá pelo meio ou uma desavença de comadres, cada uma lutando por um pedaço de terra a mais para plantar as couves e as batatas no quintal. Não me interessa quem tem razão, o meu disco rígido não comporta ditos e mexericos, intrigas e manobras. Sendo questionáveis os moldes como a Feira era organizada e disposta e urgindo uma remodelação mais adequada, de forma a dar mais vida ao evento, uma coisa eu sei, e falo apenas como leitora, afinal qual é o papel dos leitores no meio de tanta disputa? A Feira do Livro acompanha-me desde sempre e também ela terá forjado o meu gosto pela leitura. Remonta aos primórdios da minha existência, quando ir à Feira, ainda pela mão dos meus pais, constituía um ponto alto do fim da Primavera e me era dada a autonomia para poder escolher os livros do meu agrado. Razões de coração obviamente. Por isso também sinto-me desrespeitada. A Leya, a Apel e a Câmara Municipal de Lisboa zelam afinal pelos interesses de quem? Devia ser pelos dos leitores, ao que parece, esses serão os últimos a ser contemplados. Ainda não ouvi falar deles. Este ano, não irei à Feira do Livro.
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O pecado mora ao lado

O abutre é um animal desacreditado, mas se o olharmos de uma forma neutra, verificamos que, tal como qualquer espécie da cadeia alimentar, o bicho apenas precisa de se alimentar.

O desagrado humano em relação àquele animal é tão só porque se alimenta de carne em putrefacção, o que poderá entrar em conflito com certos rituais humanos: como o direito à não profanação de um cadáver. É, aliás, esta crença mítica, que impede muitos seres humanos de doarem os órgãos dos familiares falecidos precocemente, por exemplo.

Lamento profundamente a ignomínia a que votamos o pobre do abutre, pois afinal a causa da sua inglória reside em razões que o ultrapassam.

A injustiça do raciocínio anterior é, igualmente, a fórmula que poderemos usar quando lemos notícias como: “A revolução mais esperada”, a próxima revolução começa em Maio, Educação e Emprego, Saúde e Qualificação de Vida, Comunidades e Participação Cívica, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 29 e 30 de Maio de 2008, um Congresso Internacional, subjugado ao tema Inovação Social.

Afinal as empresas apenas estão a entrar em áreas às quais o estado mínimo pretende estar apenas como parceiro ou regulador do “mercado”, daí que as ONG’s comecem a substituir o estado em papéis que lhe eram tradicionais: o bem-estar social, e transformar o tal bem-estar social num mercado regulado e onde é atribuído o papel primordial à sociedade civil.

O único problema ético é o facto da pobreza e da miséria social serem transformadas numa oportunidade de negócio, por muito que as ONG’s venham invocar o incontornável “associação sem fins lucrativos”.

De repente, os males da sociedade serem transformados em alvos do mercado, do negócio e do investimento soa-me a sordidez, mas se calhar é apenas uma espécie de crença mítica que me impede de olhar para a questão com neutralidade, afinal, tal como o abutre, a razão de ser do mercado é a oportunidade do negócio e isso é algo que também o ultrapassa.

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sexta-feira, maio 16, 2008

Zigotos

É sempre reconfortante ficar a saber que o senhor Governador do Banco de Portugal, apesar dos últimos anos de crise económica ininterrupta e em contraciclo com o resto da Europa, anda cada vez mais optimista. Vítor Constâncio afasta cabalmente o cenário de recessão em Portugal, e culpabiliza a Páscoa pelo mau desempenho económico do nosso país no primeiro trimestre do ano.

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O futebol para lá da azia

Seria o mais fácil, dizer que o melhor seria uma derrota para os dois. Mas como gosto de futebol deixo o facto de ser benfiquista de lado e digo-vos do coração: Que ganhe quem ainda não foi condenado por corrupção. Que ganhe o melhor, e muito sinceramente, que o melhor se chame Sporting Clube de Portugal.

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O lixo urbano









Algumas ruas de Quarteira.
Fotos de uma Sony Cyber-shot analfabeta emocional.

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O bicho da semana

O Bubo Bubo pode ser avistado em vários pontos do País, e na semana que termina, rezam as crónicas que também terá andado de avião num voo para a Venezuela.

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Noventa em fragmentos (12)


The X-Files
(1993-2002)

A série que me deu uma lição para a vida: trust no one!

Imagem daqui.

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Fim-de-semana à vista

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quinta-feira, maio 15, 2008

Noventa em receitas de bolos{1}



Cavaco Silva na campanha para as presidenciais de 1996 (hoje já não come bolo-rei em frente às câmaras de televisão e até já aprendeu a dizer que não comenta).

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Noventa em fragmentos (11)


Macarena. Quem não dançou?
(1995)

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uma casa portuguesa: uma casa portuguesa

Hoje a casa portuguesa do GR traz-vos a casa portuguesa da Casa da Música! É um festival de música de raíz tradicional, que nos mostra grupos portugueses consagrados e divulga novos projectos. Este ano, aos nomes nacionais juntam-se nomes nórdicos, numa fusão da Casa Portuguesa com o Focus Nórdico - tema da temporada 2008 da Casa. Mas vamos aos convidados:




- dia15 (5a), 22h, sala1: RÃO KYAO e KARL SEGLEM: 'Skrey Project' + REALEJO

Rão Kyao é mais um dos nomes que tocavam nas cassetes do meu pai na minha infância. Conheço-lhe a figura, a flauta e a sonoridade de há 20anos. Nunca o vi ao vivo nem ouvi trabalhos recentes. E o senhor até esteve no Porto no ano passado... mas não deu par ir... Estou bastante curiosa.
Os Realejo são de Coimbra e, dizem, «combinam sonoridades da música tradicional portuguesa e europeia com música de câmara» dos primeiros. Não conheço...


- dia16 (6a), 22h, sala1: GAITEIROS DE LISBOA + finlandeses (LARS-ÀNTE KUHMUNEN)

De Gaiteiros de Lisboa já aqui falei... «A força da percussão, a harmonia dos sopros, a envolvência das vozes, unidos por um espírito de raíz tradicional e salpicados pela exploração de novos sons saídos de instrumentos únicos feitos por medida» - disse eu a propósito do primeiro concerto que vi, também na Casa da Música. Que venha outro igual!


- dia17 (sáb), 19h, sala2: TOQUES DO CARAMULO + escandinavos (ANNA-KAISA LIEDES E TIMO VÄÄNÄNEN) [às 21h, no restaurante Kool (no último piso da Casa), há JANTAR DE COZINHA TRADICIONAL PORTUGUESA E NÓRDICA e "JAM SESSION" (aberta a todos os músicos do festival)]

Os Toques do Caramulo são de Águeda. Não os conheço o suficiente para vir cá falar, mas fica a apresentação do «Puro folk serrano».


- dia18 (dom), 22h, sala2: JÚLIO PEREIRA + dinamarqueses (HAUGAARD AND HOIRUP)

Júlio Pereira era-me um ilustre desconhecido até há bem pouco tempo. O lançamento do "Geografias" já em tempo útil do meu maior interesse na música tradicional fez com eu ouvisse falar no senhor - mais vale tarde que nunca! Cavaquinho, braguesa, bandolim, guitarra,... Temos o senhor das cordas a fechar o que abriu o senhor das flautas. Ansiosa...


Os bilhetes diários custam 10€ e o bilhete completo 30€.
Parece que ainda há muitos...
Para sábado, o conjunto concerto+jantar fica por 25€.


imagem

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quarta-feira, maio 14, 2008

Filhos de um Deus menor

Tracemos aqui um paralelo entre dois factos.

Facto 1 – A Junta de Freguesia da Ericeira foi multada em cerca de sete mil euros por andar, à socapa [dizem eles], a produzir biodiesel, lesando assim o Estado nesse valor fundamental para as contas públicas que é o Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP). A autarquia local tentou legalizar a sua situação perante o Ministério das Finanças mas não pode: a quota de produção de biodiesel para Pequenos Produtores está, alegadamente, esgotada. Fica a multa e os juros de mora a serem pagos pela Ericeira por tentarem fazer algo pelo Ambiente.

Facto 2 – O primeiro-ministro José Sócrates fuma num avião que o leva de Lisboa a Caracas (Venezuela) - ele e mais uns quantos elementos da comitiva. Um jornalista vê a situação faz o seu trabalho, reporta a elementar ilegalidade cometida ao seu jornal. A onda de indignação que se levanta depois das ondas de choque erguidas pela pérola jornalística obrigam Sócrates a pedir desculpa aos portugueses pela polémica, alegando desconhecer que era proibido fumar, até porque, afirma, sempre o terá feito nestes voos e sem qualquer problema.

Moral da História: No caso da Ericeira, o autarca fez o que podia para legalizar o que estava a fazer mas não deixam. É multado por estar a ajudar a sua freguesia a ficar mais livre dos materiais nocivos e que, anteriormente, eram metidos na sanita. A aventura ambiental tem, para já, um custo de sete mil euros mais uns trocos, já que as alegações feitas não serviram para nada e a multa mantém-se.
No caso do voo entre Lisboa e Caracas, fica a história do bufo (se outro jornalista fez notícia com isto avisem-me, procurei mas só encontrei notícias que tinham como fonte o jornalista do Público). Fica também a voz de José Sócrates a pedir desculpa e, pasme-se, a prometer que vai deixar de fumar (baixe mas é o ISP e fume à vontade, digo eu). Mas Sócrates alega sobretudo o desconhecimento da Lei, alega que não sabia que fumar a bordo de um avião poderia ser ilegal. Joaquim Casado também alegou a mesma coisa para a sua situação, e mais, tentou legalizar a sua ideia. Sócrates será certamente perdoado, coitado, não sabia. Casado continua com a multa para pagar e à espera que alguém lhe diga como é que pode fazer alguma coisa pelo ambiente, pelo seu país e pelo planeta Terra. Tem o azar de não fumar, de não ser primeiro-ministro, de apenas querer reciclar óleo de fritar usado para usar como combustível alternativo aos fósseis e menos poluente.

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Depois de casa assaltada...

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Ensaio sobre a Cegueira

A blogosfera já tem muita gente que escreve coisas sérias e portanto sempre optei por, na medida do possível, colocar aqui algumas coisas com teor mais humorístico. Confesso que há uns minutos nem sabia se havia de rir ou de chorar depois de ler isto. Razão tem o Rui Castro.

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Apito final, parágrafo [2]

Não era difícil de adivinhar que a assunção de culpa por parte do Futebol Clube do Porto no processo Apito Final suicidariamente decretada pela SAD portista, acabasse por ter outras consequências para além da já conhecida ridícula penalização de seis pontos numa época em que o avanço sobre o segundo classificado rondava os vinte pontos. Mesmo que esta notícia não se venha a confirmar, desconfio bem… que a procissão ainda vá no adro. Uma coisa é certa, da fama já ninguém os livra.

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Where did you sleep last night?



Foi tão só o melhor da sua geração e cumpriu à letra o livro de estilo.

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Tão tipicamente português


Até dói.

A história, divulgada pelo Público, dos cigarros fumados entre Lisboa e Caracas pelo primeiro-ministro, ministro da economia e outros, é o género de história que vai com certeza chegar aqui a Bruxelas, para, mais uma vez, me envergonhar, a mim, portuguesa de gema.

Aqueles senhores tinham obrigação de ter vergonha, respeito pela tripulação e demais passageiros e, sobretudo, tinham a obrigação de cumprir uma lei aprovada por eles próprios. Como não fizeram nada disso, tornaram-se nuns abusadores. E a primeira coisa de que abusaram foi da própria autoridade. Eu pintava a minha cara de preto e não apareceria em frente às câmaras com um sorrisozinho arrogante e estúpido de quem se julga acima da lei.
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Noventa em fragmentos (10)

Guerra do Golfo
(Agosto 1990-Fevereiro 1991)

Imagem daqui.
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Sinais

Quando um prémio Nobel, ex-funcionário do FMI, alerta para a influência catastrófica daquele organismo internacional em diversas economias, dando como exemplo paradigmático a Argentina, é bom que se lhe preste atenção, afinal Stiglitz pertenceu ao sistema.
Quando Vasco Graça Moura argumenta que o acordo ortográfico não assegura a unidade da língua portuguesa, é bom que se leiam outras fontes que corroboram este argumento e quando afirma: "Se Portugal vai precisar de muitos anos e de muitos milhões de euros para cumprir o acordo, entretanto, não deixará de haver grupos editoriais brasileiros que a grande velocidade lhe tomarão o lugar sem apelo nem agravo, uma vez que não têm de fazer absolutamente nada para se adaptar à situação!"* e aliar este argumento à criação de uma super editora em Portugal, por um lado, ou à compra da editora Guimarães por Paulo Teixeira Pinto**, por outro.
Quando assistimos à proliferação de notícias sobre crimes, violência doméstica, catástrofes naturais, futebol e/ou Fátima nos telejornais nacionais é caso para questionarmos a auto-estima dos responsáveis pelo noticiário?
Quando lemos as frases extraordinárias de Mira Amaral e do presidente do BES acerca da impertinência de Geldof, ficamos a perceber, afinal a ideologia ainda é o que era.
Quando ela se dirigiu à secção de poesia de uma grande editora/livraria ficou espantada, apenas meia dúzia de autores menores, uma grande edição e mais meia dúzia de obras notáveis. Espreitou despudoradamente para uma novidade, abriu o pequeno livro e deparou-se com as seguintes palavras:

Encantar-te-ás com os poetas até conheceres um.
Com calças de poeta, camisa de poeta e casaco
de poeta, os poetas dirigem-se ao supermercado.

As pessoas que estão sozinhas telefonam muitas vezes,
por isso, os poetas telefonam muitas vezes. Querem
falar de artigos de jornal, de fotografias ou de postais.

Nunca dês demasiado a um poeta, arrepender-te-ás.
São sempre os últimos a encontrar estacionamento
para o carro, mas quando chove não se molham,

passam entre as gotas de chuva. Não por serem
mágicos, ou serem magros, mas por serem parvos.
A falta de sentido prático dos poetas não tem graça.

PEIXOTO, José Luís (2008). Gaveta de Papéis. Lisboa: Quasi, p. 41

Saltou de contente, comprou o pequeno livro e os seguintes pensamentos conduziram-na até ao balcão da livraria, afinal, ela, uma rapariga tão comum, também tinha comportamentos de poeta.

*MOURA, Vasco Graça (2008). Acordo Ortográfico: A perspectiva do desastre. Lisboa: Aletheia, p. 16.
**Vasco Graça Moura é um dos 30 membros do futuro Conselho Editorial da Guimarães. Se não consigo imaginar Miguel Paes do Amaral a vender o seu acervo editorial ao melhor comprador brasileiro ou angolano, também não o consigo fazer em relação a PTP, são homens cujo valor pátria está pouco arreigado às investidas especulativas da globalização. Valha-nos isso!

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terça-feira, maio 13, 2008

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