terça-feira, fevereiro 28, 2006

Foi Carnaval


Epílogo

Eu quis um dia, como Schumann, compor
um Carnaval todo subjectivo:
um Carnaval em que o só motivo
fosse o meu próprio ser interior...

Quando o acabei - a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
e de frescura, e de mocidade...
E o meu tinha a morta morta-cor
da senilidade e da amargura...
- O meu Carnaval sem nenhuma alegria!
Manuel Bandeira, Carnaval
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Bom dia alegria!

Aqui estou eu...
Ainda a medo, sem o à vontade de quem está em casa, mas com a certeza de que vai ser uma relação saudável e duradoura...
Desde já aqui ficam os devidos agadecimentos pelo convite.

O meu dia hoje tem sido muito complicado, estou com um ressaca não muito agradável da violenta noite de ontem... Eu sempre disse que não gostava do carnaval! E estou traumatizada! A morte quis-me beijar!!!
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Blogues no feminino

Se não há blogues e textos no feminino, alguém me pode explicar como é que um Homem poderia escrever os posts que se seguem?

Sou uma cabra insensível

O meu anelzinho

Os sítios certos.

Aproveito para felicitar a Pitucha pelo primeiro aniversário do seu fantástico blogue, «No cinzento de Bruxelas», e mandar um beijinho à simpatiquíssima e divertida comunidade de blogueiras portuguesas residentes na Bélgica. :)
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Passeando pela blogosfera

Porque isto também não deixa de me irritar, e porque o assunto já foi aqui debatido, aconselho a leitura deste post e respectivas ligações.
Adenda: contraditório aqui. Contraditório inteligente, que não nega as execuções ordenadas por Guevara: as revoluções são assim, sangrentas. Pois são. Por isso é que não sou revolucionário.
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Passeando pela blogosfera


O «Dicionário de Soundbytes» é uma das melhores coisas da blogosfera. A última entrada é sobre Camões.
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segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Frases sábias


«Temo que se os meus demónios me abandonem, os meus deuses também o façam».
Rainer Maria Rilke, explicando porque se recusa a fazer psicanálise (citado por Carlos Amaral Dias, no último JL)
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Notícias do mundo


George Michael foi preso em Inglaterra... Desta vez, por alegada posse de drogas.
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Comunicado: Novo elemento

A partir desta semana, MissM (Maria Barracosa) passa a reforçar a equipa do «Geração Rasca». Aproveito para aconselhar uma visita ao seu blogue pessoal, o «Cartas de Amor e de Ódio», e já agora… também posso sugerir uma ida ao Teatro. :)

Bem-vinda Maria.
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Text To Speech

Na última sexta-feira diverti-me imenso com este software. Cliquem na imagem, utilizem a opção em português, escolham a voz, insiram os textos, e divirtam-se também. :)

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domingo, fevereiro 26, 2006

Tipos de Homens: Henry Louis Mencken


O parente - A normal antipatia do homem por seus parentes, principalmente pelos de segundo grau, é explicada pelos psicólogos de várias maneiras torturantes e improváveis. A real explicação me parece muito mais simples. Reside no simples facto de que todo homem ver nos seus parentes (especialmente nos primos) uma série de grotescas caricaturas de si próprio. Eles exibem as qualidades dele deformadas para o máximo ou para o mínimo; dão-lhe a impressão de que talvez seja assim que ele próprio se mostra ao mundo, e isto é inquietante — e por isso ferem o seu amour propre e lhe provocam um intenso desconforto.

O contra-parente - O homem detesta os parentes de sua mulher pela mesma razão de que não gosta de seus próprios, ou seja, porque eles lhe parecem grotescas caricaturas daquela por quem ele tem respeito e afeição, ou seja, sua mulher. De todos eles, a sogra é obviamente a mais repugnante, porque ela não apenas macaqueia sua mulher, mas também porque antecipa o que sua mulher provavelmente se tornará. Aquela visão, naturalmente, lhe provoca náuseas. Às vezes, a coisa é mais subtil. Digamos, por exemplo, que sua própria mulher lhe pareça uma caricatura de uma irmã mais jovem e bonita. Neste caso, estando atado à sua mulher, ele pode vir a detestar a irmã — como sempre se detesta uma pessoa que simboliza o fracasso e a escravidão de alguém.

O dono da verdade - O homem que se gaba de só dizer a verdade é simplesmente um homem sem nenhum respeito por ela. A verdade não é uma coisa que rola por aí, como dinheiro trocado; é algo para ser acalentada, acumulada e desembolsada apenas quando absolutamente necessário. O menor átomo da verdade representa a amarga labuta e agonia de algum homem; para cada pilha dela, há o túmulo de um bravo dono da verdade sobre algumas cinzas solitárias e uma alma fritando no Inferno.

O romântico - Há uma variedade enorme de homens cujo olho inevitavelmente exagera o que vê, cujo ouvido ouve mais do que a orquestra toca e cuja imaginação duplica ou triplica as informações captadas por seus cinco sentidos. É o entusiasta, o crédulo, o romântico. É o tipo do sujeito que, se fosse um bacteriologista, diria que uma mísera pulga é do tamanho de um cachorro São Bernardo, tão bela quanto a catedral de Beauvais e tão respeitável quanto um professor de Yale.

in O Livro de Insultos de H.L. Mencken*

* Jornalista, Crítico e Filólogo, natural de Baltimore (1880-1956)
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Surrealismos Digitais: Gilles Tran (5)

Variations: 9 women of power






















[Clique na imagem para ampliar]

Gilles Tran, Power #6: making elephants stand on Mini Coopers
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Até eles

«Bin Laden, Bush e os homossexuais são filhos de Deus». A frase é de Desmond Tutu, bispo sul-africano já galardoado com o prémio Nobel da paz, e vem citada no Jornal de Notícias de hoje (indisponível on-line). Supomos que Tutu também seja filho de Deus.
(Entretanto, o bispo clarificou o seu pensamento. Contexto aqui)
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Vaca fria


A discussão à volta do conflito Ocidente-Islão (simplificando) tem sido fértil em pinos argumentativos. Um dos mais malabaristas é a questão das culpas históricas. O tema não é novo, mas a incrível série de comunicados de Freitas trouxe-o, de novo, para a ribalta. Logo se discutiu sobre quem teria a consciência mais pesada, se nós, ocidentais, se eles, islâmicos. Vasco Graça Moura, Nuno Melo e tutti quanti chegaram a citar a biografia de Afonso Henriques, da autoria do próprio Freitas do Amaral. Conviria dizer que tal biografia, como, de resto, o autor reconhece, não é um trabalho de investigação, mas apenas de divulgação. Em todo o caso, a discussão sobre quem tem as mãos mais manchadas de sangue é simplesmente absurda. Primeiro porque nem hoje, nem ontem, o Ocidente e o Islão foram homogéneos. Na época de Afonso Henriques, as alianças militares variavam ao sabor de interesses vários, com mouros a combaterem por cristãos, e cristãos a combaterem por mouros. Depois, porque – e isto para mim parecia uma evidência – não se pode pedir a Afonso Henriques ou a Saladino que raciocinassem como actuais dirigentes da ONU. Outro ponto obscuro de tudo isto é o confronto, não já entre Ocidente e mundo islâmico, mas entre Cristianismo e Islamismo. Misturando alhos com bugalhos, houve quem garantisse que, enquanto o Islamismo é uma religião sedenta de sangue, o Cristianismo é todo ele peace and love. Sucede que não existe uma coisa chamada Cristianismo, e outra coisa chamada Islamismo. Existem cristãos e existem muçulmanos, existem igrejas cristãs e grupos muçulmanos. As diferenças internas são mais que muitas, não falando das diferenças epocais, constatação que deveria ser uma simples la palissada. Claro que há passagens no Alcorão sobre a guerra santa, e há quem as cite com júbilo. Convinha é que não se esquecessem de passar os olhos pela suave e pacífica Bíblia. Onde encontrariam coisas como esta:
«Samuel disse a Saul: “Javé enviou-me para te ungir rei sobre o seu povo Israel. Agora, pois, escuta as palavras de Javé: Assim diz Javé dos exércitos: Vou pedir contas a Amalec pelo que ele fez contra Israel, cortando-lhe o caminho, quando Israel saía do Egipto. Agora, vai, ataca e condena ao extermínio tudo o que pertence a Amalec. Não tenhas piedade: mata homens e mulheres, crianças e recém-nascidos, bois e ovelhas, camelos e jumentos”».
1 Samuel 15, 1-3
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O melhor do mundo são as crianças


«Os professores devem estar mais atentos ao que ocorre com os seus alunos - mesmo no recreio - e passar a admitir que as suas escolas não são os paraísos que imaginam. Uma prova: enquanto os alunos de escolas de Braga, Guimarães e Lisboa inquiridos numa das suas investigações apontaram a existência de bullying sob várias formas, todos os professores negaram existência de tal fenómeno...»

(JN de hoje)
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O crime e a rua


Vieram as reacções, e não andaram longe do que se esperaria. Certo padre Lino, pondo em prática uma leitura piedosa do Sermão da Montanha, e, quem sabe, tentando fazer esquecer as responsabilidades da sua instiuição, apelou para a compreensão dos actos das criancinhas e invocou ameaças de que teriam sido alvo, levando a coisa, vagamente, para o direito de legítima defesa. Nos media fazem-se exercícios em torno de teses psicológicas ou sociológicas, e associa-se a questão à proposta de alteração de algumas leis. Nas ruas e nos cafés diz-se que, caso o assassinado tivesse sido um qualquer notável, e não um pobre coitado, as consequências seriam outras.
Entretanto, no Correio da Manhã de ontem (citado hoje no Público), Ferreira Fernandes corta a direito (negritos meus):
«No caso do Porto há quem se detenha na juventude dos agressores, entre os 13 e os 16 anos, há quem aponte para uma particularidade da vítima, tendo sido um travesti o crime seria anti-homossexual. Eu, por mim, escolho outro número: os agressores eram 14. E outras circunstâncias da vítima: era pobre, solitária e doente. Essas minhas escolhas iluminam o essencial do caso: cobardes mataram»

(Ver também aqui e aqui)
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Passeando pelos media

«Eu também sou de uma aldeia e compreendo o tipo de medo expresso pelos pais. Mas não podemos defender a aldeia à custa do sacrifício das crianças». Só quem nunca visitou escolas em aldeias remotas do interior do país, onde três ou quatro crianças passam dias monótonos e silenciosos a consolidar a sua solidão, é que pode discordar desta ideia pronunciada pelo primeiro-ministro num debate do grupo parlamentar do PS. Retirar as crianças desses cenários de depressão e integrá-las em escolas onde há barulho infantil, dinâmicas de grupo na aprendizagem e jogos colectivos no lazer é uma obrigação do Estado. Mas exige-se do governo muito mais do que “compreensão” sobre o impacte que o encerramento de quatro mil escolas vai ter nas aldeias do Portugal profundo. (…)
Mas, se no caso do encerramento das escolas o superior interesse da educação e socialização das crianças justifica as medidas do governo, muito mais difícil será aceitar a extinção de serviços ligados às actividades económicas das zonas mais frágeis, como os da agriculrura, e, principalmente, os da saúde. (…) Enquanto a garantia de igualdade de direitos no acesso aos serviços públicos for uma obrigação do Estado, não se poderá nunca obrigar os habitantes do interior a deslocar-se 40 ou 50 quilómetros por estradas muitas vezes intransitáveis para uma simples consulta de urgência.»
Manuel Carvalho, Público de hoje
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sábado, fevereiro 25, 2006

Deus ex machina


















Foi uma noite bastante divertida, e tive a oportunidade de confirmar, in loco, que são mesmo dois DJ's do c******. Nem eu, na minha curta carreira de DJ amador, conseguia fazer mixagens piores. Então o Quintela, como DJ, é mesmo mauzinho de todo. A não ser que tudo aquilo tenha sido um espectáculo de Stand-up DJ comedy e não me tenham avisado. Quanto ao reportório musical, só me apraz dizer que, depois de ontem [hoje], sou forçado a ter de considerar mais um DJ's style, o "Repimbalismo". E eu até gosto do Carnaval. Juro que gosto.

Mas, como é Carnaval e ninguém leva a mal, dancei e caipiroskei, e caipiroskei e dancei. Só sai do Napron depois das cinco da matina. Boémia oblige.
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Retratos de uma época



Na Antena 1, Luís Araújo, presidente dos CTT, faz o retrato: em média, cada português envia uma carta de dois em dois meses. Dessas, oito em cada dez são "comerciais". Portanto, a carta aos pais, aos amigos, aos inimigos e aos familiares, bem como a clássica - e ridícula - carta de amor, está em vias de extinção. Curiosidade: será que, no futuro, será publicada a correspondência electrónica de escritores e artistas?

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Ele também anda por aí


Manuel Alegre resolveu adoptar a estratégia de andar por aí. O pior desta estratégia não é tanto a sensação de se ouvir um morto-vivo que já teve direito aos seus cinco minutos de fama. O pior é a absoluta previsibilidade e chateza. Antes mesmo de abrir a boca, já se imagina o que Alegre vai dizer: teve um acto de enorme coragem cívica; o milhão de votos dá-lhe esperança para o futuro; os partidos são indispensáveis em democracia mas actualmente são um poço de lodo; revê-se numa Esquerda que não se revê em lado nenhum; e, claro, tem sido o mártir de serviço no PS, apedrejado, vilipendiado, escarnecido, mas a tudo resistindo estoica e heroicamente. E o que efectivamente diz, não anda longe. Daqui a uns tempos, lá o veremos a repetir os mesmos temas. Ele anda por aí.

Nota: imagem roubada daqui.
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A Hora da Literatura. Efeméride


A 25 de Fevereiro de 1855, nascia Cesário Verde.

Cinismos

Eu hei-de-lhe falar lugubremente
do meu amor enorme e massacrado,
falar-lhe com a luz e a fé dum crente.
(...)
Hei-de mostrar, tão triste e tenebroso,
os pegos abismais da minha vida,
e hei-de olhá-la dum modo tão nervoso,

que ela há-de, enfim, sentir-se constrangida,
cheia de dor, tremente, alucinada,
e há-de chorar, chorar enternecida!

E eu hei-de, então, soltar uma risada.
In O Livro de Cesário Verde
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Directo ao assunto

João Miguel Tavares, no DN de ontem (texto indisponível on-line):
«Civilização Alzheimer?
Esta expressão foi usada por Daniel Oliveira no Expresso, mas o argumento repete-se entre muita gente de esquerda [e não só, acrescento]. A ideia é esta: como se pode falar em superioridade civilizacional do Ocidente se o século XX assistiu, em solo europeu, às maiores barbaridades de que há memória? Daniel Oliveira não é católico, mas faz uma confusão muito cristã: confunde o bom com o bem. Ou seja, confunde o progresso técnico, científico e até político de uma civilização com a bondade das pessoas que a habitam. Não tem nada a ver. Eu defendo que é melhor viver em Portugal do que no Irão. Mas não defendo que os portugueses são melhores do que os iranianos. Isso faz toda a diferença.»
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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Assalto na auto-estrada

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quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Notícia da semana


O espólio de Alberto Caeiro digitalizado na BN Digital, que está cada vez melhor.
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Em nome de nada


Infelizmente, sabemos o que mais provavelmente acontecerá a seguir a isto. O ministro vai mostrar-se chocado, os responsáveis da instituição vão-se mostrar chocados, os políticos vão-se mostrar chocados, a polícia vai-se mostrar chocada. Muita gente vai exigir que se faça algo, e rapidamente. Ao mesmo tempo, ou pouco depois, alguém vai dizer que, coitados, são jovens. Que, coitados, não têm família. Que, coitados, têm problemas familiares. Provavelmente, um ou dois psicólogos vão discorrer sobre o assunto nas televisões e nas rádios, um ou dois sociólogos vão perorar sobre a sociedade, a desagregação familiar, a delinquência juvenil. Talvez alguém se lembre de que há muitos jovens em situações semelhantes ou piores que não andam por aí a matar gente. Ou que com 16 anos já se sabe muito bem o que se faz. Mas é provável que quem venha lembrar isso seja chamado de "insensível", ou coisas afins. Coitados dos jovens, etc. Entretanto, mais duas ou três semanas, e já ninguém se recorda do sucedido. Mais duas ou três semanas, e os jovens estão arrependidos, deprimidos e preventivamente num qualquer sítio. Um mês e já não se fala no assunto. E o assunto, recorde-se, foi um homem espancado até à morte. Ponto final. Pena tenho deste homem, sem tecto e agora sem vida. Só dele. A matilha que fez isto só merecia uma coisa: justiça. Que é como quem diz: cadeia.
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quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Rambo bom Rambo mau














O cinema é um testemunho da sociedade que o produz, e não está livre dos condicionamentos sociais da sua época. Em conformidade com o paradigma da indústria de Hollywood - matriz da produção cinematográfica ocidental - os filmes são produzidos de acordo com os gostos e expectativas das audiências, que, numa relação dialéctica, também são influenciadas pelos filmes.
As poderosíssimas máquinas industriais cinematográficas de algumas potências ocidentais têm vindo a difundir massivamente e globalmente, ao longo de décadas, uma visão ocidentalizada dos problemas e dos acontecimentos, sempre de acordo com os seus interesses económicos, sociais e políticos. No Ocidente consideramos esta estratégia comunicacional inteiramente legítima. Para o comum cidadão ocidental não existe nenhuma controvérsia no facto de, nos “Rambos” e seus derivados, os vietnamitas nos serem apresentados como sádicos, os russos como prepotentes, os árabes como fundamentalistas, os africanos como selvagens... e os americanos como heróis.
Mesmo que um filme induza a uma interpretação errónea de um determinado acontecimento, o que realmente interessa é que o espectáculo deleite as audiências. Aparentemente, no mundo do show business Ocidental, deste que não se negue o Holocausto, tudo o resto é tolerado.
Seguindo o mesmo trilho desta lógica ocidental, foi produzido recentemente na Turquia a película, «Kurtlar Vadisi». Neste filme, o principal herói é uma espécie de «Rambo» justiceiro do Islão que enfrenta, corajosamente, as forças militares americanas no Iraque. Tal como nos "Rambos" americanos, o filme turco tem cenas bastante violentas e mistura a ficção com realidade, aludindo explicitamente aos abusos cometidos pelas tropas americanas sobre os prisioneiros iraquianos de Abu Ghraib.
«Kurtlar Vadisi» é maior produção cinematográfica turca de sempre – 10 milhões de dólares – e estreou no passado dia 9 de Fevereiro na Alemanha. Após o sucesso obtido no seu país de origem, a película também está a ser um êxito de bilheteira em terras germânicas – já foi visto por mais de 250.000 espectadores, a maioria dos quais, jovens alemães de ascendência turca.
Porém, como em «Kurtlar Vadisi» os "bad boys" são os americanos, o primeiro-ministro da Baviera, Edmund Stoiber, apoiado por outros políticos conservadores alemães, exige que o filme seja retirado de cartaz, considerando-o como um incentivo à violência contra os EUA e o Ocidente.
Últimos desenvolvimentos aqui e aqui.
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Agenda: Retro e tal...











A não perder no próximo Sábado.

Mais informações em www.projectomarginal.com

Via: Cartas de Amor e de Ódio
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Solteirões
Pedro era padre.
Carlos morava sozinho
e não era visto com mulheres.
Eduardo morava com a mãe
e freqüentava as putas.
Amparava-se na solidão de Deus
Pedro.
Carlos penetrava no espelho rachado
feito um peregrino coxo.
Eduardo tinha muito medo
da máscara de santa no rosto da mulher.
E nenhum deles seguia o preceito bíblico:
«Não é bom que o homem esteja só.»
Maurício de Macedo, Epifania
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Prendas
Talvez sintas saudades das minhas mentiras.
Talvez sintas saudades das mentiras
com as quais te enfeitava
como se fossem jóias oferecidas
por um sultão pródigo.
Talvez sintas saudades das miçangas de palavras
com as quais construía a tua sedução.
Talvez sintas saudades daquela teia de saliva
- boca na boca, língua na língua -
com a qual políamos nossos espelhinhos de feira.
Talvez teus ouvidos clamem pelas prendas
com as quais, te enfeitando,
me enfeitava para ti.
Talvez.
Agora que uma escuridão escavou-se
e que o desejo se debate
feito pássaro preso na rede do silêncio.
Maurício de Macedo, Epifanias
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A Hora da Literatura.


Nem sempre a Literatura Brasileira nos chega, devido, quem sabe, a políticas alfandegárias, culturais ou simplesmente políticas que persistem em separar o que a Língua e a História unem. Por isso, é com júblio que se assinalam as pontes e os contactos. Neste caso, o poeta alagoano Maurício de Macedo. Se em livros como Canção dos Orixás o Brasil é presença dominante, noutros, como Epifanias, o diálogo com outras latitudes, outros tempos, outras vozes é mais visível. Portugal marca presença, por exemplo, nos poemas “um amor de Pessoa” e “José Saramago”. Haveria muito a dizer, mas o melhor é calar. Palavra ao poema.
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terça-feira, fevereiro 21, 2006

Surrealismos Digitais: Gilles Tran (4)

Variations: 9 women of power






















[Clique na imagem para ampliar]

Gilles Tran, Power #2: Drowning Cars, 2004
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Gótico: Charles-Pierre Baudelaire (2)

















O Estrangeiro

— Diga, homem enigmático, de quem gosta mais? Do seu pai, da sua mãe, da sua irmã ou do seu irmão?
— Não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
— E dos amigos?
— Você usa palavras cujo sentido, até aqui, desconheço.
— Pátria?
— Ignoro a que latitude se situa.
— Beleza?
— Deusa e imortal, de bom grado a amaria.
— E o ouro?
— Odeio-o, como você odeia a Deus.
— Mas de que gosta, então, estrangeiro extraordinário?
— Das nuvens... das nuvens que passam... lá longe... lá longe... as maravilhosas nuvens!

in "Le spleen de Paris"
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Surrealismos Digitais: Gilles Tran (3)

Variations: 9 women of power






















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Gilles Tran, Power #1: Taming Cars, 2004
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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Trabalho


Pacheco Pereira constata que na blogosfera portuguesa, como no cinema, parece que ninguém trabalha. Ignoro se isto é específico da nossa blogosfera. De qualquer forma, arrisco uma explicação: quem trabalha fica cansado, farto, esgotado, extenuado. Chegando a casa, em frente ao computador, a última coisa de que quer ouvir falar é em trabalho. Quanto aos que não trabalham, já têm horas a mais para pensarem nas contas a pagar e no Futuro (ou na ausência dele). Por isso, e pelo menos durante uns momentos, querem relaxar - e os blogues podem servir esse fim, em diversas modalidades. Mas o mais importante não é isso. Abstraindo das intenções de Pacheco Pereira, há algo de perturbador nesta série de fotografias do Abrupto. Algo de parecido a um bando de engomadinhos que, do alto dos seus salários, das suas vivendas de luxo, dos seus fatos late fashion e dos seus Havana, assiste a um conjunto de pedreiros que partem pedra ou de empregadas domésticas que lavam o chão, como quem vê um chimpanzé numa jaula ou um cãozinho numa loja. A propósito, conto uma história: aquando das obras no Estádio Municipal de Guimarães, juntou-se um conjunto de pessoas a ver. Os trabalhadores suavam ao sol, partiam pedra, pegavam em baldes. Ao lado, um bando de sujeitos assistia e comentava. A dada altura, um dos trabalhadores teve uma frase definitiva: «Parece que hoje há cá mais engenheiros que trolhas».
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Acredito quando vir


Ouço na SIC que os Guns n'Roses estão confirmados no "Rock in Rio Lisboa 2006". Em 2004 também estavam confirmados, e algures em 2000 o novo álbum estava quase a sair. Por isso, acredito quando vir. E, claro: sem o senhor da fotografia já não será a mesma coisa.
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Geração mil euros

"(...) Ora, o Estado-Providência na verdade é já um mito para muitos milhões de nacionais desses países. Existe ainda e cumpre cabalmente a sua função junto das gerações mais velhas, assegurando por enquanto as pensões, a assistência médica ou os subsídios de desemprego. Mas para os mais jovens, que estão no mercado de trabalho, por vezes há bastante mais do que uma década, o emprego certo e seguro não passa de um sonho irrealizável. E a garantia de uma almofada do Estado quando mais tarde precisarem dela é um mito ainda mais distante. Falamos dos milhões de licenciados que acumulam mestrados e doutoramentos, estágios a seguir a estágios, em muitos casos não remunerados, ou empregos temporários e mal pagos tendo em conta a sua formação superior. São pessoas cujo presente instável só pode assegurar-lhes um futuro ainda mais incerto. (...) É que, de todos os pontos de vista, os tempos que se adivinham não são de desenvolvimento e progresso, mas de acentuada regressão social."

Editorial de Fernando Madrinha no Courrier Internacional.

O Courrier Internacional desta semana trás ainda um excelente artigo de Antonio Jiménez Barca, que retrata a vida desta "Geração mil euros" em Espanha. O título do artigo é eloquente: "Condenados aos mil euros". E mais à frente, "Estão na casa dos 30, têm diplomas, mas tiraram assinatura de empregos precários e mal pagos. Vivem um dia de cada vez."
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Nados viciados em fantasia

Aquando das passadas eleições autárquicas, quase todos os candidatos foram expôr as suas ideias à “minha” universidade.

Maria José Nogueira Pinto, para além do que quis dizer, manteve um discurso com base pedagógica que não deixou de ter interesse. Dizia ela que, no seu tempo, a juventude “lutava” por qualquer coisa de mais importante e útil do que os congéneres de agora. Envolviam-se em movimentos políticos ou de outra espécie qualquer que favoreciam os seus interesses, tendo por base o esforço, o trabalho, a dedicação e, o mais importante, o gosto nessas conquistas. Quais self made man!

Para além deste discurso, num dos últimos cortejos cavaquistas, estive a trocar umas impressões com o João Gonçalves acerca do que ali se assistia e, a propósito das várias improfícuas “juventudes” partidárias, recebi as queixas que eu próprio corroboro. Estas juventudes reflectem bem o desfile de podridão que, na generalidade, faz parte da ambição jovem na sua vertente menos saudável. Para mais exemplos, dirija-se, o leitor, a qualquer turma de comunicação social e assista ao sonho de aparecer naquela coisa maior ou mais pequena que é a televisão.

É “engraçado” aperceber-me como, tão simplesmente, a única diferença de agora para os tempos de Maria José Nogueira Pinto e de João Gonçalves é a qualidade do objecto de interesse. A tal “luta” mantém-se inalterada, com os mesmos vigor e astúcia que são necessários, mas para alimentar a vaidade (algumas vezes inconsciente) que melhor facilita o ganhar de umas “coroas”. E dado o contexto do objectivo moderno (a televisão pode chamar-se fama, “livro”, roupa, carro, noite, telenovela, “êxtase”, “CARAS”, etc), às vezes é complicado lidar com um sucesso mal sucedido ou, melhor dizendo, inútil.
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domingo, fevereiro 19, 2006

Passeando pela blogosfera


Enquanto ouvia o bispo Carlos Azevedo, na 2, tentava comentar a psicologia de um país cuja televisão gasta horas com cortejos fúnebres. Nada me ocorria, excepto que no Djibuti ou no Paquistão estas coisas devem ser frequentes. Felizmente, há sempre na blogosfera quem diga o que nós gostariamos de ter dito. Em estilos diferentes: aqui e aqui.
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Passeando pela blogosfera


Como disse há tempos um ilustre membro da blogosfera portuguesa, escrever num blogue é como ser locutor num programa nocturno de rádio : nunca se sabe quem nos ouve e como nos ouve. Por isso, é com muita felicidade que vemos os comentários, os "links" e as referências. No fundo, é desta coisa simples que todos precisamos: que nos peguem ao colo e nos façam mimos. Mas quando a ternura é tanta, ainda que partilhada com outros, não resistimos a transcrevê-la:
«...q a maior parte da parolada blogosférica tenha encarneirado em arco pra desatar a dizer bacoradas valentonas e pacóvias acerca de mais uma guerra santa que entendem dever levar-se a cabo para ensinar os bárbaros da outra banda do mundo...ainda vá!...que um Rui Zink -necessitado da notoriedade não mais recuperada desde as más-línguas passadas e, ao que parece, as únicas que conseguiram tirar o desgraçado do anonimato que, pelos vistos, o amedronta- dizia eu que esse pobre entenda usar esta oportunidade para sair, um pouco, à luz da ribalta...ainda vá!, ser medíocre é uma cruz pesada!:->...que uns 'Geração-Rasca' larguem meia dúzia de patacoadas convencidos que acabaram de descobrir a pólvora, também ainda vá!, são jovens não pensam!:->...que umas 'meninas lindas e prendadas', sempre em bando e afagando-se, mútuamente, nos respectivos egos, repitam as bacoradas dos anteriormente referidos, mais ainda...vá!, são gajas e não pensam, sózinhas, em qualquer outra coisa mais elaborada que as tricas e mexericos dos costume!, mas......que um Vasco Graça Moura escreva isto, no DN,«É perfeitamente ridícula a reacção de alguma gente deveras acagaçada com as ameaças fundamentalistas só porque um caricaturista se lembrou de representar o profeta [Maomé] e um jornal publicou essas caricaturas.»
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Time waits for no one


O homem põe e a ocasião dispõe. Estava altamente tentado a ver os Rolling Stones. É a última oportunidade para os ver em Portugal (será?) e é no Porto. Mas logo apareceram as coisas chatas: 59 euros o bilhete mais barato e longuíssimas filas no horizonte. Desisti. Fico-me pelos CD's. You can't always get what you want.
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Significados

Como fui convidado por José Carlos Abrantes para o próximo «Falar de Blogues», tenho andado a ler umas "coisas" sobre o assunto. Hoje deparei com estes interessantes significados no novo Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa - Homem: mamífero, da ordem dos primatas, dotado de inteligência e da faculdade da linguagem; espécie humana; ser humano do sexo masculino. Mulher: pessoa do sexo feminino.

Pois... ainda bem que sou Homem.
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Gótico: Charles-Pierre Baudelaire

























As Metamorfoses do Vampiro

E no entanto a mulher, com lábios de framboesa,
Coleando qual serpente ao pé da lenha acesa,
E o seio a comprimir sob o aço do espartilho,
Dizia, a voz imersa em bálsamo e tomilho:
- "A boca úmida eu tenho e trago em minha ciência
De no fundo de um leito afogar a consciência.
Sou como, a quem vê sem véus a imagem nua,
As estrelas, o sol, o firmamento e a lua!
Tão douta na volúpia eu sou, queridos sábios,
Quando um homem sufoco à borda dos meus lábios,
Ou quando o seio oferto ao dente que mordisca,
Ingênua ou libertina, apática ou arisca,
Que sobre tais coxins macios e envolventes
Perder-se-iam por mim os anjos impotentes!"
Quando após me sugar dos ossos a medula,
Para ela me voltei já lânguido e sem gula
À procura de um beijo, uma outra eu vi então
Em cujo ventre o pus se unia à podridão!
Os dois olhos fechei em trêmula agonia,
E ao reabri-los depois, à plena luz do dia,
A meu lado, em lugar do manequim altivo,
No qual julguei ter visto a cor do sangue vivo,
Pendiam do esqueleto uns farrapos poeirentos,
Cujo grito lembrava a voz dos cata-ventos
Ou de uma tabuleta à ponta de uma lança,
Que nas noites de inverno ao vento se balança.

Charles-Pierre Baudelaire
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sábado, fevereiro 18, 2006

Surrealismos Digitais: Gilles Tran (2)

Variations: 9 seasons






















[Clique na imagem para ampliar]

«Night club scene: DAZ cat, microphone created in Cinema 4D. "Kyoko Mk3" Hair by Kozaburo (which looks a lot like Jennifer Connelly's hairdo in Dark City) ; Dress 3 by Serge Marck.»

Gilles Tran, Season of the lonely cat singer, 2004
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Surrealismos Digitais: Gilles Tran (1)

Variations: 9 seasons

«The variation series was born from the "Assassin and his cats" pictures, and from the related demonstration scene. It was an accident bound to happen... Making images is a long process, anything but straightforward. Ideas come and go, and most of them never make it in the final picture. There are good reasons for this, but still, it is always painful to think that some interesting stuff has to go back to that fabled store of ideas, usually to never surface again. Many images in this website have already alternate versions, but the changes are usually only about the lighting. These series takes this concept a little further.»






















[Clique na imagem para ampliar]

«Ocean scene: Seaweed and plants created with XFrog 4 / Cinema 4D. The water effect is just a shadow effect not photons : I also did a photons version but the effect is less interesting ; fish models by Trout and Toucan

Gilles Tran, Season of the curious fish, 2004
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Retratos do nosso país


A proposta de redefinição do mapa autárquico significará o fim das pequenas freguesias. Desengane-se quem pensa que a coisa diz respeito apenas ao interior. Porto, Lisboa e outras grandes cidades também serão afectadas. Na capital, a freguesia do Castelo, cada vez mais despovoada, é uma das que está em risco. Triste país o nosso, que assiste à morte do interior e das zonas históricas urbanas. Triste país.
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Agenda: Falar de Blogues, Feminino/Masculino

Organização: José Carlos Abrantes e Almedina

3 de Março, 19:00 horas

A Origem das Espécies , Francisco José Viegas

Controversa Maresia , Sofia Vieira

Geração Rasca , André Carvalho

Rititi , Rita Barata Silvério

Continuação da discussão iniciada em 2005: haverá mesmo diferenças entre blogues femininos e masculinos? Que diversidade se pode encontra nos blogues assinados por mulheres?

Já disponível a gravação áudio do «Falar de Blogues no Feminino I» aqui [é aconselhável utilizar auscultadores].

Via: As Imagens e nós

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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Manias

Cinco manias é pouco. Mas cá vai uma selecção:
1 – Beber, pelo menos, três cafés por dia
2 – Preferir Literatura antiga e ter alguma antipatia para com a poesia moderna
3 – Adormecer com a rádio ligada
4 – Ver luta livre americana
5 - Preferir louras
(Continue a cadeia quem quiser)

[Obrigado, Sabine]
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Leis do Abrupto sobre os debates na blogosfera

Saíram mais duas:

7ª - O que vale na blogosfera tem que valer na atmosfera;

8ª - Na blogosfera o lixo atrai o lixo, não sendo a inversa verdadeira.
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Bauhaus & Absinto

Os Bauhaus actuam hoje no Coliseu do Porto. Lamento que não passem também por Lisboa. Seria uma oportunidade única para poder recordar, ao vivo, temas como o “She's In Parties”, ou a fabulosa cover de David Bowie, “Ziggy Stardust”, que, acompanhados do saudoso absinto com laranja do “Ocarina”, conduziam ao êxtase os habitués do Bairro Alto no início da década de 90.




























Pablo Picasso, Buveur de l'absinthe

Nota: Para os mais saudosos deixo, até ao final do dia, o vídeo "Ziggy Stardust" dos Bauhaus no Video Post do GR.
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Jovem e vadio


Não conheço a obra de Agostinho da Silva, e nunca por ela me interessei. Bem ou mal, andam-lhe associadas coisas que nunca me foram simpáticas e me provocam calafrios instintivos: culto do Espírito Santo, Sebastianismo, Filosofia Portuguesa. Que um Álvaro Ribeiro, guru da seita, conseguisse escrever que a Filosofia portuguesa é muito superior à alemã sempre me foi incompreensível. Que ele e outros estivessem convencidos disso entra no domínio do inexplicável. A minha escola sempre foi a de ver neste país uma choldra em que a civilização chega em segunda mão. De modo que foi com pé atrás que assisti à reposição das "conversas vadias", na 2. Por questões de horário, gravei-as (ah, velho VHS!) e vi-as de seguida. O efeito foi curioso. De início, Agostinho da Silva teve o desinteresse que já esperava: missão de Portugal para aqui, Futuro para acolá, ideal franciscano por ali. Por paradoxal que pareça, até o intenso sotaque do Porto me irritou. A conversa com Herman José foi um breve interlúdio. Mas com Miguel Esteves Cardoso, tudo mudou. Em vez do Miguel Esteves Cardoso de algumas das crónicas mais inteligentes e de fino humor que já se escrevram em Português, quem ali estava era um indivíduo seco, austero, duro e verrinoso. De início a fim, Esteves Cardoso dedicou-se ao passatempo de achincalhar Agostinho da Silva. E deu-se isto de curioso: eu, que sempre me borrifei para qualquer espécie de Sebastianismo ou Quinto Império; eu, que sempre achei que Portugal é, na magistral definição de Eça de Queirós, “não um país, mas um local mal frequentado”; eu, que não acredito em utopias e menos na bondade natural do homem; eu, cujos argumentos de Esteves Cardoso perfilho, pus-me a desejar que Agostinho da Silva tivesse razão. Que o futuro assistisse à libertação do poeta inato que cada um de nós é, que deixássemos de ter de ganhar a vida, que gratuitamente nos deram, e que Portugal se reencontrasse. À minha frente estava um jovem muito velho e um velho muito jovem. Rendi-me: não há nada de mais triste do que um jovem muito velho. Que foi como eu me senti depois de ouvir Agostinho da Silva.
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Só para Homens

Os dados deste questionário da Men's Health sobre as experiências sexuais dos Homens portugueses, vão servir de base para um estudo comparativo com homens de todo o mundo.
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quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Fotografia: Edward Steichen


















Edward Steichen, Pond-Moonlight, 1904
Fotografia, 41x48 cm

Vendida esta semana pela Sotheby's a um coleccionador por 3 milhões de dólares.
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Escalada na Guerra dos Cartoons


















Depois do ataque dos cartoonistas dinamarqueses e do fortíssimo contra-ataque do Islão por intermédio dos cartoonistas mercenários ao serviço da Liga Árabe Europeia, o Ocidente já está a preparar uma resposta demolidora.

O principal responsável por esta reviravolta é o criador de BD norte-americano Frank Miller, que em conferência de imprensa, anunciou hoje na San Francisco WonderCon, já ter prontas 120 páginas da próxima história de quadradinhos do Batman, onde este fantástico herói ocidental vai enfrentar e derrotar o super vilão islâmico, Osama Bin Laden, e simultaneamente, desactivar toda a al-Qaeda.

A nova BD intitulada “Holy Terror”, terá cerca de 200 páginas, mas ainda não tem data prevista de publicação.

Miller defendeu que o uso de heróis da BD para fazer propaganda deve ser considerada uma tradição, e relembrou que tanto o Super-Homem como o Capitão América chegaram mesmo a dar uns valentes sopapos no malvado do Hitler. :)

Com esta escalada da Guerra dos Cartoons para a BD, o Islão não vai ter a mínima hipótese. Para além de não conhecer nenhum super-herói muçulmano capaz de derrotar Batman, se for necessário, e em último caso, podemos sempre recorrer à infindável lista de super heróis da Marvel.
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quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Choque de civilizações: desmistificar a cooperação

Tenho acompanhado com interesse o debate na blogosfera nacional em torno da conhecida tese do politólogo norte-americano Samuel P. Huntington, que prognosticava em 1993 que a conflituosidade pós-Guerra Fria seria, essencialmente, de natureza civilizacional.

[para acompanhar o debate ler: Paulo Gorjão, Henrique Raposo, Constança Cunha e Sá, Vasco Pulido Valente, Bruno Cardoso Reis, João Morgado Fernandes...]

A certa altura deste debate, Paulo Gorjão refere a existência de uma cooperação entre os Estados islâmicos e o Ocidente, em matérias que dizem respeito ao terrorismo transnacional.

Paulo Gorjão: “ (…) como os últimos anos demonstraram, o terrorismo transnacional não poupa as próprias populações islâmicas, i.e. não poupa a sua própria civilização. Valerá a pena recordar, para citar apenas alguns exemplos, os atentados na Indonésia, no Iémen, na Jordânia, ou na Arábia Saudita? (…) Mais. Valerá igualmente a pena recordar como estes Estados islâmicos têm vindo a reprimir o terrorismo transnacional, inclusive cooperando com o Ocidente? Ou seja, é inegável que há um interesse comum na cooperação entre Estados islâmicos e ocidentais no combate ao terrorismo transnacional, precisamente porque este é uma ameaça contra ambos. Muito claramente, no que se refere ao combate ao terrorismo transnacional não há nenhum choque de interesses e de civilizações. Interessante, não é?”

Esta pretensa cooperação levanta outro tipo de questões que passo a relevar:

O terrorismo islâmico é financeiramente sustentado por elites imensamente ricas, fanáticas, e profundamente anti-ocidentais. Convém não esquecer que a maioria dos dirigentes e estadistas islâmicos, há muitos anos que já fazem parte da lista das maiores fortunas do planeta. Contudo, os seus súbitos continuam a viver no limiar da pobreza, e não lhes são sequer assegurados alguns dos mais elementares direitos fundamentais.

Os objectivos do terrorismo islâmico são bastante obscuros, mas não passam, claramente, pela procura um mundo melhor, mais livre ou mais democrático. O ódio e fanatismo de que se alimentam - e que alimentam constantemente -, serve unicamente para manter inalterados os privilégios das suas elites e adiar, ad eternum, qualquer tentativa de emancipação dos seus povos. Não é uma rebelião, mas uma cruzada ideológica totalitária, de base niilista, como o Nazismo ou o Estalinismo.

Nas últimas cinco décadas, a imensa riqueza gerada pelo petróleo nos Estados islâmicos não serviu para criar sociedades desenvolvidas, modernas, cultas, livres, ou democráticas. Essa riqueza serviu, exclusivamente, para solidificar o poder de ditadores fanáticos e de monarquias fascistas, interessadas em manter políticas medievais que continuam a privar o mundo islâmico de estruturas sociais mais justas.

Que sociedade do futuro se está a construir nas escolas fundamentalistas do Sudão? Mesmo em países como o Paquistão, as crianças continuam a ser educadas nas mais de 5.000 madrassas corânicas espalhadas pelo país. Quantos mais militantes radicais irão sair destas escolas que proliferam por todo o mundo islâmico?

Também, são do conhecimento público, algumas das cumplicidades existentes entre Estados islâmicos e movimentos fundamentalistas. Quem não se recorda do apoio financeiro do Iraque de Saddam Hussein às famílias dos suicidas palestinianos? Quem não reconhece o apoio financeiro do Irão ao Hamas ou da Síria ao Hezbollah?

Se não tenho qualquer dúvida que o fundamentalismo islâmico faz bastantes vítimas entre os muçulmanos - podem mesmo ser considerados as suas principais vítimas -, porém, no que concerne à cooperação entre Estados islâmicos e o Ocidente, os factos parecem indiciar que tudo não passa de uma mera farsa.
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Vox populi

Ouvido de raspão na TSF: «Claro que há muitos tipos de corrupção: há corrupção saudável e há corrupção que prejudica muita gente»
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Notas do Telejornal

Parece inverosímil, mas é verdade. Marques Mendes teve a melhor frase sobre os lamentáveis elogios ao MNE: «Seria ridículo se não fosse grave».
(Link via Blasfémias)
Entretanto, convinha que alguém dissesse ao deputado Nuno Melo que o parlamento não é propriamente um blogue ou uma tasca. Pelo menos, por enquanto.
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Há sempre quem ganhe

«O Algarve espera lucrar com a baixa procura de destinos turísticos árabes, sobretudo por parte de turistas nórdicos.» (Telejornal, RTP)
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Commentarius ad Abruptus. Exercício de reflexão sobre a blogosfera (1)


Lei número um: «Evitar discutir a Posição, procurar atacar a Contradição.»

Atalhando, o essencial reside na nota 1: «Ao se passar da Posição à Contradição o debate ganha uma dimensão ad hominem. A maioria dos debates na blogosfera são ad hominem, na tradição da polémica à portuguesa.» Evitar ataques ad hominem devia ser, na blogosfera e fora dela, a primeira regra de uma polémica civilizada. De acordo. Vamos à segunda nota, que é mais interessante: «a contradição é sempre uma fraqueza moral». Suponho que se trate de uma constatação. De facto, se há argumento usado pela blogosfera fora, é a falta de coerência. Não há como ver a carinha babosa de muitos posts que vão ao fundo dos arquivos sacar o jornal tal do dia tal, a entrevista x do dia y, o post z ou o livro h que há muito ninguém lê. A tentação é medonha e, a julgar pelo sucesso do argumento, a coerência tem alta cotação. Acontece que não deve haver muita gente rigorosamente coerente, e quem o for deve ser de uma chateza mortal. O tipo “coerente” deve ser o tipo que usa sempre o mesmo tipo de camisas, vê sempre o mesmo género de filmes, vota sempre no mesmo partido e tem sempre o mesmo tipo de opiniões sobre o capitalismo, a doutrina social da Igreja, o socialismo, o mc’donalds, a nova poesia portuguesa ou as prestações televisivas de Manuela Moura Guedes. Por isso, o tipo coerente prima pela previsibilidade. Antes de se pronunciar sobre determinado assunto, já sabemos o que é que o tipo coerente vai dizer. Tanto que há quem lhes chame “dogmáticos”, ou “fanáticos”. Mas convém não confundir: os nossos são “coerentes”. Os outros são “fanáticos”. E com isto, fica também arrumada a nota 3.
links to this post:
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Segundo o Islão, nascemos todos Muçulmanos.

"An original aspect of Islam is that all humans are understood as to be born Muslim. It is the cultural environment that changes their essentially Muslim nature into something else."

JAN-OLAV HENRIKSEN, Encyclopedia of Science and Religion

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Prolegómenos ao comentário

« A blogosfera é um lugar de fronteira, o Wild West, onde impera a "lei da selva" e o darwinismo social. Não é um local aprazível para os espíritos amáveis.»

(Para mal dos meus pecados, deu-me para comentar as leis do Abrupto. Lei a lei, como é hábito dos comentários à Palavra Inspirada. Ainda por cima, vivemos época perigosamente inócua. Lá fora, os cartoons já deram o que tinham a dar, Bush tem-se remetido ao silêncio, o Papa não se pronuncia sobre temas quentes e até as tentativas do clown Chávez para nos animar têm sido mal sucedidas. Por cá, o governo e a oposição fazem tudo para não sair do vazio e - pormenor importante e altamente inibidor da libido - não há eleições durante três anos. De modo que o Abrupto vai ser assunto. Aliás, é costume. Nada no Abrupto e no timing do Abrupto é por acaso)

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O profeta dos debates

Pacheco Pereira, durante a noite, teve uma visão, e nasceram os primeiros 6 mandamentos sobre os debates blogosféricos. Saiba tudo sobre o assunto aqui.
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terça-feira, fevereiro 14, 2006

É disto que estamos a falar


Ouço, na SIC-Notícias, o presidente do BANIF dizer que a banca portuguesa - toda a banca portuguesa - não tem capacidade para financiar, sequer, metade do que a SONAE gastará com a PT.
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A Hora da Literatura. Começos memoráveis

A American Book Review lança uma lista dos 100 melhores começos de Romances. Já se sabe do carácter precário, subjectivo e trálálá destas listas. Já se sabe que ficamos todos deprimidos porque não lemos boa parte das obras. Acontece que isto do começo é fundamental. Como diria o nosso ex-António Guterres (ou Jaime Gama, dependerá da versão): "não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão. Também para os livros isto é válido. E, como, sem surpresas, não há obras em língua portuguesa nesta lista, deixo cá alguns dos meus favoritos começos de Romances/Contos ou Novelas na nossa língua:

«Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja.» Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa

«Linda tarde, meu amigo!... Estou esperando o enterro do José Matias - do José Matias de Albuquerque, sobrinho do Visconde de Garmilde... O meu amigo certamente o conheceu» José Matias, Eça de Queirós

«Para Sempre. Aqui estou», Vergílio Ferreira, Para Sempre

«Cá estou. Precisamente no mesmo quarto onde, faz hoje um ano, me instalei na minha primeira visita à aldeia e onde, com divertimento e curiosidade, fui anotando as minhas conversas com Tomás Manuel da Palma Bravo, o Engenheiro.» José Cardoso Pires, O Delfim

«Como na noite em que Walter Dias visitou a filha, de novo os seus passos se detêm no patamar(...)», O Vale da Paixão, Lídia Jorge

«Este Verão correu muito depressa e o passado andou atrás de mim. Deu-me para recordar» Baptista-Bastos, No Interior da Tua Ausência

«D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa e até hoje ainda não emprenhou» José Saramago, Memorial do Convento
«Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste...» Raul Brandão, Húmus

«Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezassete, ela trinta» Machado de Assis, Missa do Galo

«Diante da grandiosidade da Natureza, o brasileiro pensou que isto aqui fosse um circo. E virou palhaço...», Jorge Amado, O País do Carnaval

E o meu preferido:
«Menina e Moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe.Que causa fosse então daquela minha levada, era ainda pequena, não a soube. Agora não lhe ponho outra senão que parece que já então havia de ser o que depois foi.» Bernardim Ribeiro, Menina e Moça

Nota: lista da American Review referida aqui.

links to this post:
Frases inaugurais, em Português
Ideia gira

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Blogoterapia

Ainda há uns dias eu trocava umas impressões com Miss Pearls sobre o importantíssimo efeito terapêutico dos blogues. A Sofia dá aqui um excelente exemplo dessa utilização terapêutica. :)

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Pinturas de rua: Julian Beever (5)

Observando o globo terrestre lateralmente, a figura mede 13 metros de comprimento.















Neste caso, o observador tem de se posicionar frontalmente para conseguir obter uma visão perfeita da obra, e o efeito pretendido pelo artista.

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segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Conto de fadas


Acontece. Às vezes, vejo-me embalado pela argumentação comunista. Se a isto juntarmos a figura do camarada Jerónimo, a coisa alastra, e dá para uns milhares de votos. Há portugueses que ainda gostam de acreditar em contos de fadas. Que têm um problema: duram pouco. Neste caso, é só fazer as perguntas certas: Cuba, Estaline, os Estados Unidos. Aconteceu ontem, pela milésima vez, no "Diga Lá Excelência" (transcrito hoje no Público). Tocaram no assunto. Jerónimo falou: Cuba é um grande país, cujo povo resiste heroicamente à pérfida investida dos EUA, maior ameaça para o mundo; Cuba tem o seu modelo, o PCP teria o seu, mas louva a resistência do povo cubano. Estaline, claro, foi "um momento histórico". Só "um momento histórico". Jerónimo dixit. Como é aquilo do príncipe que se transforma em sapo?
Nota: imagem roubada daqui.
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O pino de Marcelo

Claro que a tarefa era difícil. Sobre os cartoons, as indignações e as indignações com as indignações, tudo fora dito. Como diria o António, o assunto foi razoavelmente neutralizado. Contudo, Marcelo Rebelo de Sousa, himself, lá conseguiu o seu pontinho de vista original. O comunicado de Freitas do Amaral, assevera Marcelo, ao pôr a tónica na responsabilidade em detrimento da liberdade, é razoavelmente bushista. E esta, hein?
Adenda: por falar em Marcelo, parece que o homem poderá abandonar a RTP
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Neutralizante

Pelo facto de não ter tido uma aula, aproveitei para rapidamente sair daquele edifício quadrado (não propriamente na forma física) e fui-me meter - lembrando-me de uma reflexão da Constança Cunha e Sá - numa das FNAC de Lisboa enquanto esperava por um telefonema.
Deambulei por ali e dei com um livro chamado “Portugal Hoje, O Medo De Existir”, de José Gil. Li apenas uma meia dúzia de páginas. O pouco que li, falou-me da “padronização” a que nos habituamos no quotidiano, concretizada nos momentos informativos em televisão. Como ali se escreve, é pacificamente aceite e pouco chocante ouvir todos os dias que mais um número x de palestinianos e um número y de israelitas explodiram à pancada, tal como é normal que haja mais uma rebuscada peripécia futebolística ou que, da mesma maneira, se ouça a meteorologia. No entanto, bruscamente, surge um assunto novo, altamente dramático, e isso “é” notícia.
Não querendo tirar a relevância que um acontecimento pode ter, a televisão logo trata de “neutralizar” a questão dando, muitas vezes, a ideia de que todo o drama é longínquo e que não atinge o telespectador. Tudo, pois, se neutraliza e regressa aos “padrões”.E isto é claro quando nos apercebemos de que “não temos de que falar” ou que, havendo “que dizer”, tudo é repetido. Repetindo eu próprio a história dos cartoons - de tal forma o facto foi “chocante” que o dr. Freitas do Amaral foi dizer que sim (ou que não, não importa), houve para aí umas "manifs", nas universidades serve de exemplo para cada pormenor a ser explicado e as pessoas estão-se absolutamente borrifando para a coisa porque isso é tudo menos o que importa resolver. A “banalização” dá cabo do bom trabalho da “intelectualidade” e mantém o Portugal real absolutamente ignorante.
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Faz algum sentido?

O confronto civilizacional entre o Islão e o Ocidente já remonta ao período das Cruzadas, entre os séculos VIII e XIII, quando os Cristãos pretendiam assegurar o domínio sobre a Terra Santa. Depois do controlo do Islão sobre parte da Europa, e da influência colonial europeia sobre grande parte do mundo muçulmano, no final do século XX, no contexto pós Guerra Fria, os antagonismos, rivalidades e desconfianças mútuas, assumiram uma importância capital nas Relações Internacionais. Após o 11 de Setembro, a ameaça do fundamentalismo islâmico ganhou uma dimensão nunca antes vista.

Se a recente reacção do Islão à publicação na Europa dos cartoons de Maomé, dificilmente será entendida por um ocidental, o mesmo não sucede com as imagens divulgadas ontem pelos media britânicos, onde se deu conta de uma situação de efectivo abuso da violência por parte de um grupo de militares ingleses no Iraque. Contudo, perante estas imagens, o Islão reage de forma bastante benevolente, e as principais vozes de protesto e indignação surgem da boca do mais comum cidadão ocidental.

Por muito menos, em 1991, deram-se os já tristemente famosos tumultos raciais em Los Angeles, originados precisamente pela divulgação de imagens de brutalidade policial sobre o afro-americano Rodney King, que foram recolhidas quase acidentalmente por um vídeo amador.

Sendo verdade que este incidente que envolveu os soldados britânicos não foi caso único, e que um ambiente hostil como o que se vive no Iraque pode conduzir a alguns chocantes abusos, típicos de situações de guerra, também é de inteira justiça afirmar que não é esta a prática habitual dos soldados ocidentais. Todavia, a violência gera violência, e o que não faz qualquer sentido é que o Islão conviva tão bem com a violência e a brutalidade, e se indigne profundamente com uns cartoons.
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domingo, fevereiro 12, 2006

Pinturas de rua: Julian Beever (4)

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Cartoons e Vídeos

Segunda consta, a imprensa britânica não publicou os cartoons de Maomé porque os considerou muito ofensivos. Porém, um grupo de soldados britânicos no Iraque parece ter conseguido elevar para outro patamar o conceito de ofensivo.

Vídeo de soldados britânicos a espancar jovens adolescentes iraquianos: vídeo em banda larga aqui, e 56K aqui.

[contexto neste post do Filipe]
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Passeando pela blogosfera

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Quanto ao segundo...

"Não tenho por hábito ir para a cama logo no primeiro encontro". Alexandra Lencastre, capa da revista Grazia.

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Breaking news of the world

Certas coisas lamentam-se e condenam-se, ponto. Mas há sempre lugar a perguntas. Por exemplo: qual tem sido a seriedade jornalística do News of the world, e, sobretudo, se estas coisas aconteceram em 2004, por que é que só agora são mostradas?
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sábado, fevereiro 11, 2006

Por falar em desenhos...
... e se os desenhos ripostassem?

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