Os malefícios do piano
Como a maioria dos portugueses, só soube das novas ontem de manhã – no meu caso, via TSF. Estranhei aquela molengosa melodia de piano – que em mim não se entranha –, mas mantive-me firme, fiel à sintonização, aguardando ansiosamente pelas primeiras palavras do locutor. É que, se bem se recordam, ainda não há muito tempo, estas sonatas, indelevelmente, estavam associadas à perda de um “grande líder”. E mais atemorizado fiquei quando, abruptamente [1], o auto rádio começou a debitar um mar de prantos. Hoje, analisando a coisa mais a frio, consigo entender que sendo a música o objecto da notícia, o coro – de protestos – tinha toda a razão de ser.
Também deve ter sido por isso que, à frente do coro, se destacava o maestro António Vitorino d'Almeida, vociferando contra tudo, e contra todos: “Portugal não presta!”, Portugal é uma porcaria!”, “blá-blá-blá, blá…”.
Mesmo ainda não sabendo o que é que se tinha passado, concordei logo com ele. Mas foi sol de pouca dura. Quando ouvi a estória pela primeira vez, cheirou-me logo a saramaguice. Só mais tarde, no final do dia, é que vim a saber que não se tratava de uma saramaguice, mas de trafulhice.
Se bem entendi, sucessivos governos têm vindo a passar para as mãos [2] da referida senhora, não sei quantos milhões de euros; e a aplicação destas verbas públicas nem sequer é justificada pela beneficiária.
Porque é que se querem fazer doações à artista, não as fazem dos seus próprios bolsos?
E a pobre senhora, coitadinha, sentiu-se mal tratada, torturada, e mais não sei quantas coisas acabadas em “áda”, e, para manter a rima, foi de abalada… para o Brasil.
Já ouvi esta estória em qualquer sítio, com uma outra personagem, que acabou por regressar, e foi recebida em ombros pelos seus correligionários.
[1] Não é nenhuma piada dirigida a JPP.
[2] Mãos consagradas.
E a pobre senhora, coitadinha, sentiu-se mal tratada, torturada, e mais não sei quantas coisas acabadas em “áda”, e, para manter a rima, foi de abalada… para o Brasil.
Já ouvi esta estória em qualquer sítio, com uma outra personagem, que acabou por regressar, e foi recebida em ombros pelos seus correligionários.
[1] Não é nenhuma piada dirigida a JPP.
[2] Mãos consagradas.
4 Comments:
Assembleia da República, entre um mínimo de 1127 euros e um máximo de 2819 euros
A lista de 16 deputados que solicitaram, em 2005, a atribuição de uma subvenção vitalícia mensal, como prevê a Lei n.º 4 de 1985, inclui figuras como Almeida Santos*, do PS, Manuela Ferreira Leite*, do PSD, Narana Coissoró, do CDS/PP, Carlos Encarnação, presidente da Câmara de Coimbra pelo PSD, e Isabel Castro, de Os Verdes. Já em 2006 pediram a subvenção vitalícia mais dois ex-deputados: José Pacheco Pereira*, do PSD, e Anacoreta Correia, do CDS/PP
*Comenda de Mérito do Senado.
(e outra foi a Babá)
as plásticas no Brasil devem-lhes dar a sensação de que também ficam com uma alma nova.
eu com uma conta bancária "assim" também ia para o Brasil!
E não sabem vocês da missa a metade... A referida senhora, de quem aprecio o dedilhar no piano, é uma daquelas pessoas que se consideram uma bênção de Deus aos homens. Uma especiezinha de génio incompreendido para quem o dinheiro - o dos outros claro - é de somenos importância quando em causa está o futuro da cultura no País. Obviamente, para além dos concertos privados que dava no seu reduto de Belgais para e com artistas de elite não se me ocorre mais nenhuma iniciativa levada a cabo aqui por estas bandas - sim, moro perto - para trazer aquela refinada música aos ouvidos destes que a pagam - e bem paga!
Torturada, disse ela? Tortura é ter que ouvir as criancinhas que ela alegadamente ensinou a cantar e a tocar!
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