É simples…
O que está em causa não é, somente, a liberdade de expressão no Ocidente, mas uma absurda tentativa de submissão forçada dos nossos hábitos sociais e culturais aos do Islão. Ontem foram os livros, hoje são os cartoons, amanhã serão as mulheres com burkas, o álcool, ou os enchidos.
Nunca entrei numa Mesquita, mas se o tiver de fazer, não terei nenhum problema em me descalçar, quer seja numa Mesquita em Lisboa, ou em Damasco.
Também nunca visitei nenhum país islâmico, mas se um dia o fizer, caso não possa ingerir umas bebidazinhas alcoólicas, bebo um sumo, uns refrigerantes, ou simplesmente, água. Se não me puderam servir umas febrazinhas de porco ou uns enchidos, como o que houver.
Contudo, se for amavelmente convidado a apedrejar até à morte uma mulher adúltera numa rua de Cabul, [no mínimo] recusar-me-ei, de igual modo afável, a fazê-lo.
Apesar de, pessoalmente, considerar o cartoon do Hitler na cama com a Anne Frank um absurdo atropelo à história da humanidade, e um gesto profundamente ignóbil, nunca me passaria pela cabeça ameaçar a vida de outrem por esse motivo.
É simples, nós somos bastante mais tolerantes do que eles. Porém, até a tolerância tem limites.
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acerca da arte e da moral...
Nunca entrei numa Mesquita, mas se o tiver de fazer, não terei nenhum problema em me descalçar, quer seja numa Mesquita em Lisboa, ou em Damasco.
Também nunca visitei nenhum país islâmico, mas se um dia o fizer, caso não possa ingerir umas bebidazinhas alcoólicas, bebo um sumo, uns refrigerantes, ou simplesmente, água. Se não me puderam servir umas febrazinhas de porco ou uns enchidos, como o que houver.
Contudo, se for amavelmente convidado a apedrejar até à morte uma mulher adúltera numa rua de Cabul, [no mínimo] recusar-me-ei, de igual modo afável, a fazê-lo.
Apesar de, pessoalmente, considerar o cartoon do Hitler na cama com a Anne Frank um absurdo atropelo à história da humanidade, e um gesto profundamente ignóbil, nunca me passaria pela cabeça ameaçar a vida de outrem por esse motivo.
É simples, nós somos bastante mais tolerantes do que eles. Porém, até a tolerância tem limites.
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acerca da arte e da moral...
André Carvalho às quinta-feira, fevereiro 09, 2006
11 Comments:
Assino por baixo.
Obrigada pelo post.
Beijos
Para além de concordar totalmente com a tua visão acrescento: a 'vingançazita' camuflada no cartoon do Hitler torna-o ainda mais repugnante.
Mas é o que tu dizes, demorámos muito a aprender a ser tolerantes, até com a estupidez flagrante. Aceitamo-la, desde que não envolva bombas...
Beijo, André!
Além do mais, como escrevi lá no meu estaminé, as saudades que eu tenho dos Monty Python...e o que me ri com o 'The life of Brian' que, mais herege para uma cristã não estou a ver :D:D:D:D
É simples... pois é, chama-se respeito! Respeito pelos outros naquilo que não nos desrespeita a nós!
Já agora, e se fosses mulher de visita a um país islâmico... usarias a burka (ou, pelo menos, algum tipo de lenço)?
Eu não disse nada na altura, mas já que voltaste a referir... Eu devo estar a ser muito insensível, muito ingénua ou então muito estúpida, mas em que é que o cartoon do Hitler fere a nossa sensibilidade ou mesmo a nossa História?!... Até parece que por estas bandas temos o homem em boa conta!!! Eu vejo o cartoon como uma referência à sua absurda capacidade de destruir a vida das pessoas, em particular de Anne Frank - ou é suposto pensarmos que a menina do cartoon está lá de livre vontade? Chamem-lhe estupidez ingénua ou ingenuidade estúpida [deve ser uma delas! uma vez que parece que só eu é que vejo as coisas assim...], mas eu admitia, perfeitamente que o dito cartoon podesse ter sido feito por um ocidental, inclusivé pelo tal dinamarquês. Isto não é uma afronta às nossas crenças, é uma crítica ao nosso passado sombrio - unanimemente criticável!
Beijinhos para a Pitucha, para Dinada e para Critina... e um abraço para o António [desculpe esta proximidade]. :)
Olá Cristina,
Se fosse mulher não sei bem o que faria. Dependeria de muita coisa e acho que não vale a pena começar aqui uma das minhas estória. ;)
Quanto ao Hitler, cada qual vê a coisa como quer, pode, ou com base na sua experiência. Para mim é "um absurdo atropelo à história da humanidade, e um gesto profundamente ignóbil". O Holocausto foi um dos momentos mais trágicos da História da Humanidade, e a Anne Frank representa, como ninguém, as vítimas desse flagelo perpetuado pelo Nazis. Quanto a este facto, nem sequer pode haver dúvidas, pois são os próprios Alemães que reconheceram os excessos cometidos na segunda guerra. Para além da imagem nos remeter para o abuso sexual de uma criança, que não é por acaso que é a Anne Frank, nem é por acaso que o abusador é o Hitler.
Se o cartoon podia ter sido feito por um Ocidental? Talvez. Não te posso responder a essa pergunta. Mas se o fosse, nem os Israelitas o ameaçariam de morte.
Se quiseres posso-te enviar um e-mail com as fotos de um castigo público aplicado a uma criança de 6/7 anos no Irão, por ter roubado -no e-mail diz que foi um pão, mas para o castigo que foi aplicado pouco interesa o que roubou. São tão chocantes que eu nem sequer tenho coragem de as colocar no GR.
Tou totalmemte de acordo consigo André! Se estivesse num país islâmico agiria da mesma forma ms numa coisa tenho de concordar "A tolerância tem limites"! Axo que ixo diz tudo...
Agora também fiquei curiosa por ver as fotos da criança islâmica! Se não for pedir muito e se tiver oportunidade coloque um "post" sobre isso...pode ser que abra os olhos a muita gente!!
Fiquem bem!
André:
- "Se fosse mulher não sei bem o que faria. Dependeria de muita coisa"
Pois!... Adaptação alimentar tudo bem; agressão física, indubitavelmente contra; e hábitos culturais, que (como o desclaçar dos sapatos) não nos exigem muito nem afectam fisicamente quem quer que seja, mas pelo que simbolizam chocam com os nossos princípios... aí depende!...
Isto foi só para perceber até que ponto estariam assim tão claras [como parecia quereres dar a perceber] as ideias do tolerável dentro da cutura alheia...
- "cada qual vê a coisa como quer, pode, ou com base na sua experiência."
Não é estupidez, é ignorância, é isso?... Ignorância ingénua, portanto?...
Acredito! Mas, correndo o risco de, mais uma vez, permanecer ignorante, vou dispensar a tua oferta fotográfica, por razões tão óbvias quanto aquelas que te fizeram não colocar as imagens no GR...
Olá mais uma vez Cristina,
Quando disse que dependeria de muita coisa, era precisamente isso que eu queria dizer, nem mais, nem menos. Por isso, as conclusões que tiraste são da tua inteira responsabilidade - como não poderia deixar de ser.
Também não disse [nem pensei] que eras ingénua ou ignorante. És livre de ter a opinião que quiseres, e mesmo que eu não a consiga entender, respeito-a. Não concordo, mas respeito.
Mas há uma coisa que julgava que já tinha deixado claro, é que a tolerância e respeito por culturas diferentes não implicam que eu tenha de adoptar os seus hábitos ou comportamentos, principalmente, quando são antagónicos aos meus princípios. Se assim não fosse, teria de participar no apedrejamento público à suposta adúltera, se fosse convidado para tal.
Que eles proíbam os cartoons nos seus países, é um problema deles... embora eu não concorde. Agora acharem-se no direito de impedir a publicação noutros países e ameaçarem os autores de morte... não é minimamente aceitável.
No Ocidente já não há escritores que se atrevam a publicar uma obra onde haja qualquer referência a Maomé. Agora, os cartoonistas também já estão amordaçados. A seguir vêm as burkas? O álcool? Isto é simplesmente ridículo, e uma ameaça inadmissivel à nossa cultura. Isto sim, é uma falta de respeito.
Quanto à minha tolerância, embora não concorde, tolero que as mulheres deles andem de burka, e até tolero que defendam que as mulheres Ocidentais também tenham de andar de burka e que não possamos beber álcool. Eles são livre de defender o que quiserem, e nós, livres de recusar ou aceitar o que eles querem. Nesta base, não há qualquer problema de maior. O problema é ameaçar ou agir violentamente contra quem não aceita os princípios que eles defendem.
Cara anónima,
Se me enviar um e-mail, eu envio-lhe as fotos.
André:
-- Antes de mais, deixa-me só esclarecer umas coisas, que se calhar se perderam nestes meus comentários: eu sou, OBVIAMENTE, contra a violência ABSURDA das acções reacionárias [de reacção] relativamente aos polémicos cartoons!
-- Ainda relativamente ao cartoon de "resposta", agradeço o teu respeito, e acrescento que não me senti minimamente insultada. :) Eu estava [e estou!] realmente a tentar perceber a reacção generalizada a algo que, à partida, não encaixa no meu conceito de insulto. Mas, também, para que não restem dúvidas, deixa-me esclarecer que não estou a bater palmas ao cartoon e muito menos ao contexto em que foi criado!
-- "a tolerância e respeito por culturas diferentes não implicam que eu tenha de adoptar os seus hábitos ou comportamentos, principalmente, quando são antagónicos aos meus princípios."
- Concordo plenamente! O que eu quis dizer é que há uns princípios mais fortes que outros, devendo nós deixar em aberto a possibilidade de ocasionalmente nos "submetermos" [eu não queria usar esta palavra, mas, de momento, não me ocorre outra] a algo com que não concordamos à partida. "Dependeria de muita coisa" - exactamente!
-- "Eles são livre de defender o que quiserem, e nós, livres de recusar ou aceitar o que eles querem."
- Mas a opção pela recusa não deve ser tomada de ânimo leve!...
-- "O problema é ameaçar ou agir violentamente contra quem não aceita os princípios que eles defendem."
- Indiscutível!
Cristina,
Tanta coisa e afinal... estamos "praticamente" de acordo. :)
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