segunda-feira, outubro 31, 2005

Uma esquerda esclarecida

Andam por aí a ser difundidas umas teorias conspiratórias que segundo os seus mentores, uma tal de "esquerda oculta" não está a ser ponderada nas sondagens, e que por este motivo, o Professor Cavaco Silva surge nos estudos de opinião com uma vantagem clara sobre todos os seus opositores.

Caso estes visionários ainda não tenham notado, a esquerda moderna – que se revê nas correntes «New Labour» e «New Democrats» - está obviamente representada na candidatura de Cavaco Silva, já que Mário Soares - nos últimos tempos - passou de um dos seus maiores defensores para um dos seus maiores críticos.

Basta observar as personalidades que constam da lista de honra da candidatura do Professor Cavaco Silva para facilmente se constatar que não existe nenhuma esquerda oculta, quanto muito há uma esquerda esclarecida. :)
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1975 - James Reston interviews Mário Soares - p7






















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James Reston interviews Mario Soares about NATO's role in easing the unrest in Angola, Portugal, Russia, Spain etc., August 1975.

Página 7 de 11. Amanhã será publicada a página 8 desta entrevista de Mário Soares a James Reston, em Agosto de 1975.

Estas imagens são fotos dos originais dactilografados e anotados pelo próprio jornalista. Para ler as páginas já publicadas clique: pág.1 pág.2 pág.3 pág.4 pág.5 pág.6


Recortes das páginas já publicadas:

Mário Soares (MS): What kind of a talk shall we have? (Everybody feels confused at the question) I used to have very frank talks with Mr. Giniger and I would like just to clarify what type of conversation we are going to have – some type off the record – or just background (conversation.). (…)

James Reston (JR): Everything he says will be on the record, but if at some point or other he wants to go off the record, he will then say it. (…)

MS: (…) We have to confess that at this point there is a great in definition, politically speaking, in this country. (…) Essentially there exists in the center of Portuguese political life a quarrel between the Socialist Party and the Communist Party. (…)

JR: May I ask at that point, with what foreigner policy?

MS: In my view, it is a polity of alignment with the Soviet Union and the Eastern groups. (…) It would be best if theses thing were off/record. (…) The Communist party cannot say, but keeps saying, that it is loyal to NATO and that it does not want Portugal to leave NATO for the moment. But (…) it is evident that there is a contradiction between a country which is a member of NATO, a country ruled by the Communist Party being a member of a alliance which defends its members against communism. This is incongruous. (…) Even yesterday, the Council of Revolution issued a statement to that effect which is extremely important – in it condemned and repudiated the idea of a dictatorship of proletariat as well as the armed militia. (…) But, at the same time, (…) the communist party to gain advantage in the domain of information, press, unions, in the structure of management of the unions and have show their incapacity to contain the expansionism of communist party. This situation creates difficult problems of insecurity and political ambiguity. (…) Another point of opposition between communists and socialists is a phenomenon witch is extremely grave and that is the real seizure of power by the irresponsible ultra-leftists groups in Portugal. (…) There is a serious group, Maoists, Proletarian Communists, Luar, Trotskyites, Marx-Leninists they are anti Communists Party and anti Socialist Party; they are indeed against all parties. Those groups are armed and they provoke an agitation, mostly in Lisbon, in the Portuguese society, which is extremely dangerous.
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Agenda Rasca: Colóquio sobre blogues (revisitado parcialmente)

A não perder, o próximo colóquio sobre blogues na Livraria Almedina (Atrium Saldanha - Lisboa):

10 de Novembro, 19h00 - Falar de Blogues: percursos e perspectivas, com António Granado (Ponto Media), Joana Amaral Dias (Bichos Carpinteiros), Professor Rogério Santos (Indústrias Culturais) e Catarina Rodrigues (da organização do 2º Encontro Nacional de Weblogs).

Este colóquio é organizado por José Carlos Abrantes e Livraria Almedina.
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www.franciscopresidente.net



Francisco Louçã também já tem um site oficial, agora já só falta um blog não oficial de apoio, pois já deu para perceber que não pode contar com os Bichos Carpinteiros.

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Candidaturas

Disse ontem Francisco Louçã, que a responsabilidade do avanço de Cavaco Silva nas eleições era dos candidatos da esquerda por se atacarem entre si. Acrescentou Louçã que não pretendia fazer parte desse 'clube dos poetas zangados'.

Ora isto é que é ser verdadeiramente original: Louçã, não comprou, como Soares, uma 'rixa' com Alegre; numa maximização da crítica afirmou:

Jerónimo de Sousa não diz uma palavra sem me atacar. A mim e a Manuel Alegre. Manuel Alegre não faz um discurso sem atacar Mário Soares. Mário Soares não faz um discurso sem atacar Manuel Alegre. Esta ideia da rixa do clube dos poetas zangados é precisamente a expressão exacta da inferiorização perante Cavaco

Num deslize de linguagem, Louçã não atacou apenas um dos candidatos da esquerda: atacou todos. Ficamos assim a saber que afinal Louçã não concorre à presidência da República. A sua verdadeira ambição é a presidência do Clube dos Poetas Zangados. Ou talvez esteja tão só ofendido por apenas ser atacado por Jerónimo de Sousa...
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1975 - James Reston interviews Mario Soares - p6






















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James Reston interviews Mario Soares about NATO's role in easing the unrest in Angola, Portugal, Russia, Spain etc., August 1975.

Página 6 de 11. Amanhã será publicada a página 7 desta entrevista de Mário Soares a James Reston, em Agosto de 1975.

Estas imagens são fotos dos originais dactilografados e anotados pelo próprio jornalista. Para ler as páginas já publicadas clique:

pág.1 pág.2 pág.3 pág.4 pág.5
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Felgueirasgate














«As suspeitas foram denunciadas a Souto Moura mas não tiveram qualquer consequência.»

No Editorial do Público de hoje, «Desmentidos e Confirmações», José Manuel Fernandes (JMF) confessa que optou «por deixar passar a campanha eleitoral» para dar «os devidos esclarecimentos num ambiente menos inquinado».

Segundo JMF «o PÚBLICO está tão habituado a ser desmentido como a ter razão», e remete-nos para o historial de desmentidos de Fátima Felgueiras e do PS que «ao longo dos anos foram sucessivamente… desmentidos».

JMF certifica que o PÚBLICO tem dados que confirmam a existência de contactos prévios de Fátima Felgueiras com membros do secretariado do PS, inclusivamente tem os nomes, só que «necessita de conhecer melhor as circunstâncias (…) antes de revelar os nomes».

Ficamos também a saber que afinal, a Fátinha, apesar dos descarados desmentidos, invocou mesmo a imunidade como candidata no momento da detenção.

O mistério continua

O que ainda fica por desvendar é, como é que o presidente da assembleia da república já sabia que a juíza ia ordenar a libertação da Fátinha de Felgueiras no dia que regressou a Portugal, e horas antes da formalização dessa decisão.

«O outro mistério relaciona-se com as condições em que uma foragida à Justiça entrou em contacto com a Judiciária para tratar dos termos do seu regresso». O PÙBLICO sabe que Fátima Felgueiras «ligou cerca de duas semanas antes para o director nacional e que este lhe deu as garantias que esta pediu», e que «neste processo interveio um dirigente nacional do PS» que o jornal sabe quem é, mas que ainda não quer revelar o nome.

Os dados que o PÚBLICO hoje revela vêm ainda confirmar que Fátima Felgueiras «gozou ao longo deste processo do apoio de um juiz conselheiro».

E assim vai o nosso país...
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Diga lá (outra vez) eng.º Belmiro

Entrevista Público/Rádio Renascença

«ele [Soares] esgotou o seu capital político e até tenho alguma apreensão por se meter nesta alhada aos 81 anos.»

«Cavaco Silva tem fama, merecida, de ser muito rigoroso nas áreas da governação, [e] da transparência.»

«Penso que Cavaco vai ganhar e vai ser um excelente Presidente para trabalhar com um excelente primeiro-ministro.»

«O que sei é que [Sócrates] está a fazer um grande esforço, mas não tomou ainda nenhuma decisão estratégica importante e, das que diz que vai tomar, discordo totalmente, casos da Ota e do TGV.»

«Conheço uns 50 projectos mais baratos que seriam melhores que a Ota e o TGV.»

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Vamos lá ver se entendo isto… para o eng.º Belmiro o primeiro-ministro é “excelente” embora não tenha tomado “nenhuma decisão estratégica importante” e as que diz que vai tomar o eng.º "discorda totalmente". Pois… ?!
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sábado, outubro 29, 2005

blog Portugal Maior










É o Super-Mário, é o Mega-Cavaco, é o Super Cavaco, é O Quadrado, agora também o Portugal Maior. Só falta conhecer o blog do Jerónimo de Sousa e do Francisco Louçã.
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1975 - James Reston interviews Mario Soares - p5






















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James Reston interviews Mario Soares about NATO's role in easing the unrest in Angola, Portugal, Russia, Spain etc., August 1975.

Página 5 de 11. Amanhã será publicada a página 6 desta entrevista de Mário Soares a James Reston, em Agosto de 1975.

Estas imagens são fotos dos originais dactilografados e anotados pelo próprio jornalista. Para ler as páginas já publicadas clique:

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sexta-feira, outubro 28, 2005

De sondagem em sondagem

Cavaco vence à primeira com 62% das intenções de voto.

Alegre com 17% e Soares com 11%.

Jerónimo 4% ultrapassa Louçã com 3%.

Tudo no «Margens de erro».
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Ainda e sempre o TGV













Isto é que é o TGV?

Se formos de carro chegamos primeiro... e os contribuintes poupam uma pipa de massa.

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1975 - James Reston interviews Mario Soares - p4






















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James Reston interviews Mario Soares about NATO's role in easing the unrest in Angola, Portugal, Russia, Spain etc., August 1975.

Página 4 de 11. Amanhã será publicada a página 5 desta entrevista de Mário Soares a James Reston, em Agosto de 1975. Estas imagens são fotos dos originais dactilografados e anotados pelo próprio jornalista.

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Patrões e empresários











Tenho ouvido dizer que existem empresários em Portugal, mas confesso que nunca conheci nenhum. Mas, para compensar, existem patrões com fartura.
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As compensações de um soarista

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O blog «Quadrado»

Manuel Alegre já tem um blog oficial de apoio à sua candidatura e foi baptizado de «O Quadrado».

No post inaugural , um tal de "quadrado" apela «à participação de todas e todos os que desejem alargar o quadrado da cidadania».


Ou muito me engano, ou este já famoso «Quadrado» vai acabar com muitos dos círculos que por aí andam.
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quinta-feira, outubro 27, 2005

1975 - James Reston interviews Mario Soares - p3






















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James Reston interviews Mario Soares about NATO's role in easing the unrest in Angola, Portugal, Russia, Spain etc., August 1975.

Página 3 de 11. Amanhã será publicada a página quatro desta entrevista de Mário Soares a James Reston, em Agosto de 1975. Estas imagens são fotos dos originais dactilografados e anotados pelo próprio jornalista.

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Tecto máximo nas reformas

O ministro do trabalho e da Segurança Social anunciou ontem no Parlamento a intenção do actual governo impor um tecto máximo nas pensões de reforma, que será indexado ao rendimento líquido do Presidente da República (cerca de 7000 euros), tendo os trabalhadores de continuar a contribuir para Segurança Social sobre a totalidade do seu vencimento.

Já defendo esta medida há muito tempo – inclusivamente, já escrevi sobre este assunto
aqui no «GR» - por isso apoio esta intenção do governo, contudo, considero que o valor de 7000 euros ainda é um valor muito elevado para uma pensão de reforma.

Como já disse, e volto a repetir, qualquer pessoa que com as actuais regras instituídas venha receba de pensão de reforma de valor acima de 10 salários mínimos nacionais, já ganhou dinheiro suficiente durante a sua vida para não necessitar de uma pensão milionária. Nem a “filosofia” que está por detrás da instituição da Reforma deveria permitir tal tipologia de regalias. Esta medida só peca por tardia.

Mas outra questão de maior relevo se levanta sobre esta intenção do actual governo. A ser aplicado o tecto que o ministro Vieira da Silva anunciou, esta medida pouco impacto terá, pois, muito poucos serão aqueles que no futuro terão direito a uma pensão superior a 7000 euros.

A questão ganha bastante mais relevância e muito maior impacto se esta regra for aplicada retroactivamente aos actuais detentores de reformas milionárias, e que inclusivamente, nem sequer descontaram o suficiente para as receber. Se o governo agir nesta questão retroactivamente – alterando se necessário a Constituição – então terá o mérito e o proveito de ter efectuado uma verdadeira e importante reforma nacional.

Seria bom demais para ser verdade…
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Super Soares ao serviço de quem?

Fui “inspeccionar” o Super Mário, o tal blog não oficial de apoio à candidatura presidencial de Mário Soares, e das duas uma: ou a rapaziada que por lá escreve anda metida no que não deve e está completamente convencida que Mário Soares ganha as eleições logo à primeira volta, ou então, já se resignaram completamente à ideia que não têm qualquer hipótese de vitória e limitam-se disparar à sorte para o ar para ver se acertam em qualquer coisa que mexa.

Na sua essência, o Super Mário não passa de um puro blog de ódio. De ódio a Cavaco Silva, de ódio a Francisco Louçã, de ódio a Jerónimo de Sousa, e até, de ódio a Manuel Alegre. E quanto a mim, não faz qualquer sentido um blog de ódio apoiar uma candidatura presidencial, seja de quem for, muito menos pretender apoiar a candidatura de um ex-Presidente da República que diz ter a intenção de unir todos os portugueses em torno do seu projecto.

Tendo em conta o actual estado das “coisas”, é previsível que o candidato Cavaco Silva, no “pior” dos cenários, tenha no mínimo o seu lugar assegurado numa segunda volta das presidenciais, só restando depois saber se o outro candidato que o acompanha é Mário Soares ou Manuel Alegre.

Com este panorama à vista, seria de esperar que a rapaziada do Super-Mário fosse – pelo menos – mais contida nas apreciações que fazem aos outros candidatos, principalmente aos candidatos da dita “esquerda”. Porque, se por mero acaso, Mário Soares for o candidato escolhido pelos eleitores para passar à segunda volta, vai precisar dos votos dos outros candidatos derrotados para poder aspirar a uma vitória no final.

Como as sondagens não os ajudam, prevejo, que em desespero de causa - e também por falta dela - os bloggers de serviço no Super Mário não vão conseguir resistir, e vão tender a baixar ainda mais o nível dos seus discursos.

A conclusão que retiro após a minha visita ao blog Super-Mário é que a maioria da rapaziada que por lá escreve não tem qualquer intuito de apoiar Mário Soares, e que a única “estratégia” que os move é simplesmente a busca desmesurada de “protagonismo” pessoal… mas o feitiço às vezes volta-se contra os feiticeiros.
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Presidenciais: Barómetro Marktest Outubro

CAVACO PERTO DA VITÓRIA À PRIMEIRA VOLTA

O ex-primeiro-ministro subiu duas décimas em relação às últimas sondagens, e com 48,8% está a apenas 1,2% de conseguir a tão desejada maioria absoluta. O Barómetro também incluiu o nome de Paulo Portas com os 1,7% dos votos recolhidos, que parece não chegar para ameaçar a eleição de Cavaco na primeira volta.

... E MANUEL ALEGRE À FRENTE DE SOARES

Manuel Alegre, que ainda não anunciou formalmente a candidatura, subiu este mês dos 10,9% nas intenções de voto para os 13,8. Ultrapassando claramente Mário Soares que continua em perda. O fundador do PS desceu dos 14,5 de Setembro para os actuais 10,3%. Um resultado que o DN considera «embaraçoso» para o homem que entre 1986 e 1996 foi presidente da República.

(...)
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quarta-feira, outubro 26, 2005

1975 - James Reston interviews Mario Soares - p2






















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James Reston interviews Mario Soares about NATO's role in easing the unrest in Angola, Portugal, Russia, Spain etc., August 1975

Página 2 de 11. Amanhã será publicada a página três desta entrevista de Mário Soares a James Reston, em Agosto de 1975. Estas imagens são fotos dos originais dactilografados e anotados pelo próprio jornalista.

Para ler a primeira página clique aqui

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Cada dia uma novidade

Não sabia, mas o candidato presidencial Mário Soares encarregou-se de me esclarecer: tenho laços efectivos com o povo português.


Ando pelas ruas sem guarda-costas. Janto em pequenos e grandes restaurantes. Eu sei que tenho laços afectivos com o povo português.

(transcrito do Público de 26 de Outubro de 2005, sem link)

Também eu ando pela rua sem guarda-costas. Também eu janto em pequenos e grandes restaurantes - talvez não tão frequentemente quanto desejaria, mas é o que se pode arranjar - portanto, e seguindo esta lógica, também eu, tal como a grande maioria da população portuguesa, tenho laços afectivos com o povo português. Ou será que esta lógica só é aplicável a ex-presidentes?
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terça-feira, outubro 25, 2005

1975 - James Reston interviews Mario Soares - p1






















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James Reston interviews Mario Soares about NATO's role in easing the unrest in Angola, Portugal, Russia, Spain etc., August 1975

Página 1 de 11. Todos os dias, durantes os próximos 10 dias, será publicada uma página desta entrevista no «Geração Rasca».
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O Mega, os Supers e os Minis

A apresentação formal da já aguardada Candidatura de Cavaco Silva serviu, simultaneamente, como tiro de partida para a corrida presidencial de 2006.

O atleta
Mega Cavaco parte com a vantagem de correr na pista de dentro, e é o principal candidato à vitória na primeira eliminatória da competição. Todavia, o primeiro lugar na corrida final ainda não está garantido.

Um dos principais motivos de interesse desta primeira fase da prova é saber quem será o outro atleta que irá disputar a medalha de ouro com Mega Cavaco na aguardada final.

O atleta veterano,
Super Mário, – que já tinha anunciado o fim da sua carreira – não conseguiu resistir ao apelo da direcção do seu clube, nem aos seus sonhos de glória, e apresentou-se novamente a competição. Como já não se encontra na boa forma que o caracterizou em tempos idos, e a concentração também já não é a mesma, Super Mário, julgando ter ouvido um tiro de partida, avançou antes do tempo, sofrendo por isso uma forte penalização que o forçou a retornar novamente à linha de meta.

Contudo, os imprevistos de Super Mário não se ficam por aqui, e no último treino, foi apanhado na curva por Super Manel, um atleta que se apresentou na competição à última da hora, sem o consentimento do clube a que ambos os atletas estão vinculados.


Apesar de não contar com o desejado amparo dos seus dirigentes, Super Manel, tem o apoio inequívoco de um significativo número de adeptos ferrenhos. Estes seus apoiantes, andam muito descontentes com a política de contratações dos seus dirigentes, e esta mágoa agravou-se bastante, depois dos maus resultados obtidos no último campeonato autárquico.

Por fora, correm outros dois mini atletas, rivais, mas cujos mini clubes são satélites do clube dos supers. À partida, o objectivo de Mini Jerónimo e Mini Louçã seria o de se remeterem ao papel de “lebres” de serviço, tentando desgastar ao máximo Mega Cavaco, contudo, a entrada não prevista em competição de Super Manel, acabou por baralhar um pouco a estratégia competitiva deste dois mini atletas.

Como o "testemunho" passou para as mãos de Super Manel, os dois mini atletas podem agora correr até ao fim da primeira eliminatória e aproveitar a ocasião para medirem forças entre ambos. Apesar de tudo, uma segunda hipótese fica ainda em aberto. Tal como estava previsto inicialmente, qualquer destes dois mini atletas poderá optar ainda por desistir a meio da prova, só que desta feita, essa desistência poderá ser determinante na escolha do super atleta que irá passar à corrida final. Se desistirem a favor do super atleta certo, podem, eventualmente, vir a colher alguns proveitos para os seus mini clubes satélites num futuro próximo.

Com todas estas complicações, Sócrates - dirigente do clube dos supers - anda muito tenso, pois se o Super Manel conseguir a qualificação para a grande final com Mega Cavaco, as suas opções de liderança serão novamente postas em causa, e, quiçá, até o seu lugar à frente dos destinos da liga dos clubes (função que acumula) poderá estar em risco.
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segunda-feira, outubro 24, 2005

Pensar o impensável

Numa digressão pela Internet, cruzou-se no meu caminho esta curta nota, publicada online na NY1. Sem conceder credibilidade completa à mesma, pois para isso necessitaria ser publicada em mais fontes, o seu conteúdo não deixa de ser preocupante: refere-se a rumores de que o Departamento de Bombeiros de New York se prepara para um ataque (terrorista) nuclear:


It's no secret the city's Police and Fire Departments are preparing for possible terrorist attacks, but now there's word that one of the main threats the FDNY is planning for is a nuclear attack.

Para ser honesto, não me preocupam por aí além as armas nucleares nas mãos de estados. Qualquer estado (com as possíveis excepções dos Estados Unidos ou China) teria sérias dificuldades de sobrevivência à resposta a uma primeira utilização de armamento nuclear. E nenhum regime (incluindo Estados Unidos e China) resistiria na mesma ocurrência.

O poder com responsabilidade não é a primeira das minhas preocupações. Mas o poder sem responsabilidade de terroristas é preocupante. E é preocupante porque mesmo dirigentes políticos supostamente responsáveis se podem sentir tentados na utilização desse poder, como já tem acontecido. Basta atentar a outro exemplo de um poder sem responsabilidade, este abundantemente manipulado: o dos media.
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... e mentiroso

No DN: «Os portugueses vão pagar mais impostos em 2006. Os contribuintes mais afectados serão os que auferem menores rendimentos e a classe média, sem capacidade para investir dois mil euros num Plano de Poupança Reforma (PPR). Para todas as classes de contribuintes, a "compra" do benefício fiscal é mesmo a única via para fugir ao aumento do imposto em IRS.»

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Julguei ter ouvido o sr. Primeiro-ministro dizer que os impostos não iriam aumentar em 2006, mas deve ter sido impressão minha.

Ainda ontem Jorge Coelho acusava Cavaco Silva de ter sido enquanto Primeiro-ministro, autoritário, arrogante e autista. Estes adjectivos servem na perfeição para o presente Primeiro-ministro, só faltando aditar o adjectivo “mentiroso” para a caracterização de José Sócrates ficar completa.
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Unir os portugueses

José Sócrates voltou a defender este sábado em Évora que só Mário Soares tem capacidade para "unir" os portugueses.

Sr. Primeiro-ministro, como é que Soares pode unir os portugueses, se nem sequer consegue unir os socialistas?
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sábado, outubro 22, 2005

Super Mário ou Mega Cavaco?

Como não podia deixar de ser, fui dar uma olhadela ao blogue Super Mário, o tal «não oficial de apoio à candidatura etc, etc...». E sem dúvida que o pessoal ficou electrizado com o anúncio, ontem no CCB, em que Cavaco Silva desfez o tabu e assumiu finalmente a sua candidatura à Presidência da República. Entre o jantar de ontem (agora, rigorosamente, já antes de ontem), e agora, nem um único dos colaboradores escreveu um postezito que fosse que não falasse de Cavaco. Estarão preocupados com um Mega Cavaco?
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sexta-feira, outubro 21, 2005

A verdade de Jorge Coelho

Excerto de um artigo de Jorge Coelho publicado hoje no DN:

«Quando abunda o dinheiro, existe muita imaginação para o aplicar. Quando escasseiam os recursos financeiros, a criatividade é reduzida e os métodos para se alcançarem os objectivos são igualmente menores. E mais rígidos. Não se pode vacilar, e, como é óbvio, não é possível agradar a todos. Esta é a tarefa deste Governo e o Orçamento do Estado que foi apresentado esta semana é um instrumento essencial para se conseguir concretizar um objectivo fundamental para os portugueses.(...)»

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Confesso que tenho uma embirração crónica por Jorge Coelho.

A minha aversão é tão grande, mas tão grande, que tudo o que ele diz e escreve me irrita. Todas as suas ideias, por mais simples que sejam, parecem-me sempre uma completa imbecilidade. E mesmo que me esforce, nunca consigo distinguir nos seus discursos opinativos um laivo de inteligência, nem sequer um elementaríssimo veio de bom senso.

No princípio, cheguei a pensar que talvez fosse daquela barba manhosa, mas a validade deste motivo já expirou, e continuo a detestar o homem. Depois, ainda me lembrei daquele "xutaque" beirão, lá de "xima", mas imediatamente tirei esta ideia da cabeça, pois sentir-me-ia envergonhado se cultivasse tal embirração com base numa razão tão deplorável. Também não é pelo homem já ter sido militante da UDP, pois já embirrava com ele muito antes de ter conhecimento deste seu passado político funesto.

Julgo já ter pensado em quase todos os motivos, inclusivamente no seu nome, "Coelho", mas confesso que até hoje nunca consegui obter qualquer resposta conclusiva para este meu problema... e os artigos que ele escreve semanalmente no DN não ajudam mesmo, mas mesmo nada.
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O nacional-porreirismo

Hoje, quando quase todos estão a escrever, ou escreveram, sobre o tão aguardado anúncio da candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República, eu optei por um tema mais mundano. Mais mundano, mas, apesar disso – ou por causa disso –, mais urgente. Porque determina o pensamento e a acção do sujeito no seu quotidiano. Sempre, não só hoje.

Um dos problemas mais evidentes na sociedade portuguesa é a falta de discernimento de grande parte dos seus membros. E como se sabe que esse discernimento não abunda, não se deve esperar que, num posto de abastecimento de combustível qualquer, se dê a feliz coincidência de estar presente na totalidade dos funcionários que aí trabalham. Mas podia acontecer. Podia.

Bem, passo a explicar: esta tarde fui comprar a revista Visão à bomba de gasolina onde costumo ir abastecer o carro. Quando chegou a minha vez de pagar, pousei a revista em cima do balcão e a empregada perguntou «É só?», ao que acenei que sim. Não se mostrando satisfeita, ela insistiu com um «É só isto?», e eu respondi, menos satisfeito também, devido à insistência: «Não vê aí mais nada para pagar, pois não?» O que fui dizer… A senhora ficou ofendidíssima. Começou por dizer que «só» perguntou. Eu respondi-lhe que «só» respondi. Continuou, afirmando que não tinha culpa de eu estar maldisposto. E eu, um pouco incrédulo, resolvi desistir de tal desconversa. Mas eis que entra em cena um segurança dizendo que podia haver combustível para pagar, daí a insistência da funcionária. Retorqui que se assim fosse eu teria dito. E que, de qualquer maneira, já havia respondido. Prosseguiu, perguntando-me: «Por que é que você é sempre assim?» E a minha incredulidade inicial aumentou. «Como?!...», questionei. «Há algum tempo atrás você fez o mesmo: foi mal-educado com a rapariga que estava a atender!», exclamou o segurança. Recordei-me então que, de facto, «há algum tempo atrás» enquanto esperava para pagar a gasolina com que tinha abastecido o carro, me irritei com o que sucedia: estavam duas empregadas atrás do balcão, eu à frente, e mais ninguém para atender. Uma delas arrumava tabaco nas prateleiras e a outra nunca consegui perceber o que fazia. Esperei que me atendessem. Elas continuaram: uma a arrumar tabaco e a outra a fazer não-sei-o-quê. Eu, invisível, continuei à espera. Elas continuaram a fazer o mesmo. Até que resolvi perguntar se queriam receber o dinheiro do combustível ou se me ia embora. A empregada que estava a fazer não-sei-o-quê, atrapalhada, pediu ajuda à outra. E a outra resolveu atender-me e recebeu o pagamento. Foi tudo. Pensava eu, ou melhor, nem nunca mais pensei. Até hoje, quando o segurança me lembrou da ocorrência. Todavia, o equivalente ao que ele tem de boa memória falta-lhe em bom senso. Porque, ao contrário daquilo de que me acusou, nem nesse dia fui mal-educado nem hoje o fui. Ainda tentei que ele tivesse abertura de espírito para entender que, apesar de eu não ter sido simpático – e admito que não fui, não tinha que ser; aliás, sou menos frequentemente simpático do que empático –, não significava que tivesse sido mal-educado. Foi em vão. Acrescentou que se fosse a funcionária a proceder como eu, eu ia achar que ela era mal-educada. Escusei-me, então, de tentar explicar-lhe que apenas eu, e só eu, é que sei o que acho sobre o que quer que seja; que não pensamos todos do mesmo modo; que não valorizamos todos as mesmas coisas; que para mim é muito mais importante a competência profissional do que a simpatia – apesar de que se ela vier junto, melhor; que, em todo o caso, se alguém tinha de ser simpático, seria a funcionária da gasolineira porque trabalha no atendimento ao público. Assim, vim-me embora, ficando ele com a convicção inabalável de que era dono da verdade e eu com a fama de ser mal-educado. De tê-lo sido sempre, nas centenas de vezes que já lá fui porque… sou «sempre assim». E como me vim embora fiquei sem saber como é que, na opinião deste segurança, devo ser daqui em diante.

Razão parece ter o meu amigo André, quando escreve no seu post Sejam bem-vindos meus irmãos!, que os brasileiros que trabalham em Portugal são melhores profissionais nas actividades que exercem, de atendimento ao público, do que eram os portugueses que antes as exerciam. E que a estes portugueses melhor lhes assentam as funções de segurança. Sobre os brasileiros em questão, não sei, ainda que me pareça que ele tenha razão; porém, sobre os portugueses em causa, tem-na, indubitavelmente.

O que me aconteceu hoje é apenas um exemplo menor do que se passa diariamente na sociedade portuguesa. Comigo e com outras pessoas. Mas o exemplo não passa disso mesmo e, como tal, não importa. O que verdadeiramente interessa é a dimensão de uma realidade mais ampla, que transcenda em muito a do exemplo. Vivemos num tempo em que, se não aceitarmos com um sorriso estúpido no rosto a estupidez de muitas das pessoas que se cruzam no nosso caminho, somos «mal-educados», estamos «maldispostos», julgamo-nos «melhor do que os outros», somos «elitistas», «racistas», «comunistas» para uns, «fascistas» para outros.

Que melhor seria esta sociedade se as pessoas que apressadamente tiram estas conclusões, sem o mínimo de reflexão, dedicassem uns ínfimos segundos e alguns dos seus neurónios a essa tarefa cada vez mais rara.

Lembro-me, a propósito – outro exemplo apenas –, de José Mourinho. Há uns anos, quando começou a trabalhar como treinador de futebol e a obter sucessivamente bons resultados, houve logo uma série de vozes que se levantaram para o acusar de ser arrogante. A isso, eu – que embora não perceba de jogos de bola percebo de jogos humanos –, respondia que não achava que ele fosse arrogante, antes que era um profissional competente que não andava por aí a dar palmadinhas nas costas ou a dizer por «meias palavras» aquilo que pode – e deve – ser dito com as palavras inteiras. (Aliás, esta questão da linguagem revela uma certa falta de força e determinação dos Portugueses. Falta de força, através da utilização dos ‘inhos’: coisinhos, favorezinhos, amiguinhos e outros. Falta de determinação, devido ao uso das formas verbais gostaria, poderia, queria em vez de gosto, posso, quero – acompanhados, isso sim, do respectivo «por favor» – é que sou pouco simpático, mas não mais do que isso…)

Um outro exemplo que me ocorre, mais recente, é o do famoso debate televisivo entre Manuel Maria Carrilho e Carmona Rodrigues, durante a última campanha autárquica. No final do debate, o primeiro recusou-se a cumprimentar o segundo. Atenção: não faço nenhum juízo de valor sobre a razão de um ou de outro. Mas se Carrilho se sentiu ofendido, por que raio havia de cumprimentar o adversário? Por ser politicamente correcto? Socialmente bem visto? Só se fosse por estratégia política, pois a partir daí foi ver as sondagens a mostrarem a diminuição da intenção de voto no antigo ministro da Cultura e o aumento da mesma a favor do actual presidente da câmara lisboeta. O motivo não foi o conteúdo programático da candidatura de um ou de outro – que a maioria das pessoas nem devia conhecer. Não foi a competência de um ou do outro – que à grande maioria delas não parecia interessar. Não, nada disso. Foi, tão-somente, a falta do aperto de mão acompanhado do respectivo sorriso cínico. Foi a ausência das palmadinhas nas costas. Foi a inexistência do típico nacional-porreirismo.

A cada dia que passa, a maioria da população portuguesa vai preferindo o óbvio da forma à análise do conteúdo. A facilidade do evidente em detrimento da dificuldade do menos evidente. Em quase tudo e a quase todo o momento. Mesmo que isso nos conduza ao vazio.

É por sermos como somos que temos o país que temos. Afinal, se calhar, aquele que merecemos.
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quinta-feira, outubro 20, 2005

O julgamento de Nuremberg Bagdahd

Já sei que hoje devia escrever sobre a candidatura de Cavaco Silva. Afinal, é um daqueles acontecimentos que têm a bizarra propriedade de parecerem significativos quando, na verdade, são provavelmente inconsequêntes.

Em vez disso, vou abordar outro dos assuntos candentes nos media. Não é o furacão
Wilma, nem o 'suicídio' de Ghazi Kanaan, nem sequer a cimeira entre Mahmoud Abbas e Bush, e muito menos a saborosa história do rapto de Rory Carroll no Iraque.

Comento antes o
julgamento dos vencedores sobre os vencidos. E as críticas que se podem ler nos media. A verdade é que enquanto em 1945 e 1989, o povo alemão não foi capaz de julgar os seus ex-ditadores, que em 2001 o povo jugoslavo teve que entregar o seu ex-ditador para julgamento em Haia, porque estava, básicamente, falido, os iraquianos, muito embora sob a sombra, eventualmente ameaçadora, mas protectora, do poder militar americano, conseguem reunir a coragem suficiente para julgar o seu ex-ditador. E, contrariamente à habitual justiça expedita entre vencedores e vencidos, até dão a Saddam todas as oportunidades de insultar quem o julga.

Tal como os vencedores julgam os vencidos, também os vencidos julgam os vencedores. Em Nuremberg poucos foram os que duvidaram da culpa dos vencidos. Esperemos que o mesmo se passe em Bagdahd. Os iraquianos, pela coragem que mostram diariamente, merecem-no.
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Nasceu...

Nasceu, no passado dia 16 de Outubro às 17 horas e 16 minutos, é do signo Balaça, respira saúde e tem um ar bem rosadinho.

Com 4 dias de vida, o recém-nascido tem tido muitas visitas e os seus pais babosos têm todos os motivos para estar orgulhosos.

Foi baptizado com o nome de «O Cajado do Marocas» e é o primeiro blogue não oficial anti-candidatura de Mário Soares à presidência da república.

Como tenho trocado algumas opiniões com o pai do recém-nascido, gostaria de aproveitar para lhe mandar daqui um grande abraço rasca, e desejar as maiores felicidades para o seu filho e que todos os seus sonhos se concretizem.

Muitos parabéns! :)
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Cavaco: a força tranquila

















André 2005 (Infografia)
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Conversas com o espelho

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quarta-feira, outubro 19, 2005

Comunicado Rasca

Pretendendo dar continuidade a uma ambiciosa política expansionista e pluralista, o blogue Geração Rasca (GR) passa a contar a partir de hoje com a colaboração do blogger Pedro Oliveira.

A experiência do Pedro nos blogues «PeterBlood...» será com toda a certeza uma mais-valia para o GR e para os nossos leitores.

Entretanto, gostaria de recuperar uma "velha" ideia do Pedro Oliveira que subscrevo em toda a sua plenitude:

«Também aqui em Portugal necessitamos de mais bloggers. Os media estão nas mãos dos esquerdistas politicamente correctos há demasiado tempo.»
(Pedro Oliveira, 14 de Fevereiro de 2005)

Bem-vindo Pedro :)
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Agenda Rasca: Colóquios sobre blogues

Colóquios sobre blogues na Livraria Almedina (Atrium Saldanha - Lisboa):

10 de Novembro, 19h00 - Falar de Blogues: percursos e perspectivas, com António Granado (Ponto Media), Joana Amaral Dias (Bichos Carpinteiros), Professor Rogério Santos (Indústrias Culturais) e Catarina Rodrigues (da organização do 2º Encontro Nacional de Weblogs);

7 de Dezembro, 19h00 - Falar de Blogues, com José Pacheco Pereira (Abrupto).

Os colóquios são organizados por José Carlos Abrantes e Livraria Almedina.
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Previlégios jornalísticos




























Segundo reza esta estória, a Tabela de Reembolso de Despesas de Acção Médico-Social (TRDAMS) dos Jornalistas, atribui regalias e compensações muito superiores às vigentes na função pública e em outros subsistemas de saúde.

Apesar de ultimamente terem sido reduzidas e/ou retiradas algumas compensações à generalidade dos funcionários públicos, este governo optou por manter a TRDAMS dos jornalistas.

Tenho a certeza que a classe jornalística se mostrará agradecida por tão benemérita distinção por parte do governo de José Sócrates.
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Conversas com Deus

Começou mal a conversa quando se apresentou como professor de religião e moral. Que fosse professor ainda suportava mas de religião e moral, não! Ficou espantado com a minha reacção. "Então?", eu tenho uma relação difícil com a igreja católica, disse-lhe. "Não me dou bem com religiões, especialmente a católica e derivados. É uma azia...". Acrescentou que já não exercia mas mantinha a fé. Falámos de fé, das escrituras hebraicas, gregas, aramaicas e, lá saquei da carta aos hebreus onde, no capítulo 11 e no primeiro verso se apresenta uma definição de fé. Perguntou-me - para ver se caía na esparrela - se tinha decorado. "Não, li muitas vezes". Acabei por admitir que gostaria de uns minutinhos a sós com o criador para lhe enfiar um par de estalos nas ventas. "E acreditas em Cristo?". Sim, claro, eu acredito tanto em cristo como no José Saramago: sei que anda por aí e já li qualquer coisa dele. "Nunca rezas a Deus?". Apeteciam-me mais e mais perguntas destas, para ver se era agora que eu podia, finalmente, mandar as religiões todas para o caralho. "Sou existencialista convicto. Penso nisto todos os dias e deus não cabe nas minhas orações. Aliás, sou tão anti-católico que quando fumo o meu maior prazer é matar a beata". Eu a fazer o número da besta e o dito a insistir: "O nome não interessa, o que interessa é acreditar em alguém. O que lhe chamamos..." disse-me em jeito de discurso de ecumenista do sétimo dia. Clarifiquemos: não lhe chamo nada. Não penso nele. Sei que ele existe porque nós o criámos e agora temos que o mamar. Mas não nos falamos! "Pois eu falo e Ele responde."
Exactamente como eu quando falo para o espelho.
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terça-feira, outubro 18, 2005

Vândalos e vandalismos

Ontem, um canal de televisão – não me ocorre qual – noticiava que a sede da CDU no centro de Coimbra tinha sido alvo de actos de vandalismo durante a noite.

O camarada mor de serviço, entrevistado em directo no local da ocorrência, dava ensejo à sua natural indignação. Na imagem, em segundo plano, distinguiam-se com alguma dificuldade umas quantas cruzes suásticas, pintadas a negro em duas portadas castanhas escuras. Enquanto o entrevistado ia dizendo de sua justiça, a visão da câmara ia-nos revelando os outros ângulos, até então ocultos, desta desdita. Foi então, que por um breve momento, a imagem se deteve numa parede branca com os seguintes dizeres pintados a negro: «a CDU quer é levar no [auto-censurado]».

O camarada entrevistado, lembrou, que aqueles actos seguramente não poderiam ser imputados de forma alguma a qualquer partido com assento parlamentar, e que tal adversidade teria certamente a sua origem num obscuro movimento de extrema-direita.

A ser verdade, acho mal que a rapaziada da extrema-direita ande a pintar suásticas no interior de sedes da CDU, principalmente depois do notável esforço que os comunistas têm feito por expurgar todas as foices e martelos do interior e exterior das suas sedes.

Neste caso, – e só neste caso – até seria aconselhável tentarem seguir o exemplo dos comunistas portugueses e fazerem um esforço por abandonarem a velha simbologia, já completamente démodé, e que pouco tem a ver com a nossa cultura nacional.

Não teria sido mais criativo e mais nacionalista terem recuperado a velha simbologia de estilo fálico, facilmente perceptível por qualquer português – que até já fez escola lá para os lados das Caldas – e que está cada vez mais a cair em desuso?

Porventura, também não seria má ideia procurarem ser mais originais e criativos na escolha dos recados que pretendem dirigir aos comunistas. Pelo menos, tentem utilizar proposições que se consigam distinguir em toda a sua plenitude daquelas que os comunistas e seus derivados têm vindo a pintalgar pelas paredes exteriores do nosso Portugal desde do dia 25 de Abril de 1974.

Perto de minha casa, também existe uma sede da CDU, e a poucas dezenas de metros desta, existe um fontanário, já antigo, que foi totalmente restaurado, arranjadinho e pintadinho pela anterior gestão autárquica de Pedro Santana Lopes. Ficou um mimo. Os muros em redor deste chafariz vinham sendo até então utilizados para distinguir com um leque diversificado de injúrias, todos os governantes do centro-direita, desde Sá Carneiro a Durão Barroso, e sem esquecer o inolvidável Cavaco Silva.


Pouco dias depois do fontanário ter sido recuperado, começaram a surgir, aqui e ali, pintalgados nos seus muros branquinhos, alguns símbolos por demais conhecidos. Uma estrelinha ali e outra acolá, mais uma foicezinha ali e um martelinho acolá, e finalmente despontou a seguinte legenda: «p.portas santana lopes pedófilos vão pró [auto-censurado]».

Como nunca lá vi escarrapachados dizeres do tipo, «p.pedroso ferro rodrigues pedófilos vão pró [auto-censurado]», nem «josé sócrates grande maricas já prá rua», e nem sequer uma mensagem vulgar do tipo, «soares=ladrão», parece-me ser lícito concluir que os símbolos e dizeres que têm sido escrevinhados no fontanário ao longo de todos estes anos são actos de vandalismo puro, praticados por movimentos de extrema-esquerda com assento parlamentar.
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Quando há noite na cidade

Com o frio a surgir, e a gripe a acompanhar, as alusões ao Natal já chegaram. Por exemplo, numa das artérias nacionais mais poluídas, a Avenida da Liberdade, já começaram a ser montados os enfeites correspondentes à época em que somos possuídos por um misto de sentimentos profundos como a dádiva, a tolerância e o amor pelo próximo. Pode surgir, nas sociedades modernas, evoluídas e capitalistas, um fervor consumista, que tapa outras intenções, tudo em nome do símbolo de um menino que nasceu para tornar a humanidade melhor. Não sei se gosto do Natal. Mas não tenho nada contra os incansáveis enfeites luminosos de muitas avenidas. Embora não deixe de pensar que devido à seca e ao impacto que esta tem na produção de energia, pelo mesmo custo se fariam certamente outras tantas coisas mais reconfortantes. Mas também é verdade que quando há noite na cidade as luzem ofuscam a realidade...
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A Jangada de Pedra

Começo agora a vislumbrar um outro sentido para este título dado por José Saramago a uma das suas obras. De certeza que ele pressentiu, muito antes de todos nós, que a parte da «jangada» que corresponde a Portugal, devido ao peso de uma matéria que ele designou como «pedra», se poderia afundar a qualquer momento. Por isso, tratou de se mudar rapidamente para a outra parte, para Espanha, que, pelo contrário, como ele suspeitava e veio a confirmar, é de matéria flutuante.

Todavia, parece-me a mim, o que nos leva ao fundo não é o peso da «pedra». É antes o de uma incapacidade histórica de olharmos verdadeiramente para o futuro. Quase nunca nos conseguimos desprender do curto prazo. Pior: raramente nos conseguimos descolar do imediato. Já disse e repito, o nosso espírito é o de «ganhar o máximo que se puder, no menor tempo possível, à custa do maior número de otários ou incautos que se conseguir enganar.»

E assim não vamos lá. Assim, não chegamos ao futuro. A «jangada» desce, em vez de avançar. É desesperante ir tomando conhecimento dos relatórios internacionais que nos classificam tão mal.

Vem isto a propósito do aumento do fosso entre as pessoas mais pobres e mais ricas no nosso país. Algo que é próprio de um país em vias de desenvolvimento. Ora, se Portugal já é desde há alguns anos considerado um país desenvolvido, como é possível que isto continue a acontecer?

Outros dados: temos dois milhões de pobres, ou seja, 20% da população portuguesa. Em 10 anos conseguimos baixar de 23% para os actuais 20%.

Bem, para evitar análises demasiado demoradas num momento em que Portugal se afunda, é deveras aconselhável que nos mudemos todos para Espanha com a maior brevidade.

Hasta la vista!
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segunda-feira, outubro 17, 2005

Mas os nossos políticos não têm vergonha?

Conforme refere a Ana Clara Quental no post seguinte, neste dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, ficámos a saber que Portugal é o país da União Europeia com o maior fosso entre ricos e pobres.

No nosso país 12,4% da população activa vive apenas com 374 euros por mês (+600.000 portugueses), e 7,2% destes "activos" estão desempregados; 26,3% dos reformados recebem menos de 200 euros por mês; 79,4% da população activa não terminou o ensino secundário; as 100 maiores fortunas portuguesas representam 17% do PIB – 22,4 mil milhões de euros; 10.800 pessoas têm rendimentos superiores a 816 mil euros anuais; e, o mais grave disto tudo: nos últimos 10 anos estes números não sofreram qualquer alteração.

Curiosamente – ou talvez não - nos últimos 10 anos tivemos como Chefe de Estado o presidente Jorge Sampaio, e quatro (des)governos.

Apesar de já termos uma carga fiscal elevadíssima, a nossa Segurança Social (SS) gasta menos com cada português que os restantes Estados da União Europeia. Em 2001, por exemplo, a SS gastou apenas 56,9% do que habitualmente gastam os nossos parceiros europeus.

Quanto a mim está visto que o nosso sistema está completamente podre.

No estado lastimável em que estão as coisas, continuo sem perceber – digo eu que sou ingénuo - porque é que os nossos governos teimam em persistir defender alguns "direitos adquiridos" que para além de só estarem a agravar a situação, também não primam - em nada - pela moralidade.

É o caso das pensões milionárias que são pagas a muito “boa gente” (normalmente políticos ou gestores públicos) que nunca fizeram nada por as merecer, nem precisam delas para sobreviverem. Servem exclusivamente para levarem uma vida repleta de luxos imerecidos e que não se adequam em nada ao nível geral de vida da maioria esmagadora dos portugueses. Convém não esquecer que estas reformas milionárias são pagas pelos portugueses.

Segundo creio, o sistema nacional de pensões foi criado com o intuito de garantir uma reforma condigna a todos os portugueses e não com o objectivo de pagar reformas milionárias e bilionárias a alguns políticos e gestores públicos.

Não entendo porque é que não se cria um tecto máximo para o valor da pensão que pode ser paga - do tipo, 8 vezes o ordenado mínimo nacional -, pois, suponho, que quem recebe reformas milionárias já deve ter amealhado muito dinheiro durante toda a sua vida, e por isso, nem sequer os afecta receberem “somente” 8 vezes um ordenado mínimo nacional como reforma.

Este tecto no valor das pensões deveria ser aplicado inclusivamente a todos aqueles que já estão a beneficiar delas, pois não pode ser só a «Geração Rasca», e as seguintes, as únicas a serem prejudicadas.

Se há crise, então que seja para todos, igualitariamente.
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Pobre Portugal

Os dias próprios para assinalar algo causam-me desconforto. Desconforto por verificar que muitos dos temas permanecem, dia após, dia, ano após ano, sem solução. É o caso do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. A reboque desta data, acordei a saber que o fosso entre ricos e pobres, por cá, é o maior da União Europeia. A boa notícia é que os nossos ricos são também os melhores da União Europeia!
Ao certo, um em cada cinco de nós vive abaixo do limiar da pobreza. As organizações não-governamentais não se cansam de dizer que há mais sem-abrigo. Que os velhos são os mais afectados. Que ao interior nem a pobreza falta para o afastar do desenvolvimento (?) do litoral. E esta é só a face visível de um fenómeno demasiado antigo (para se desconhecerem as causas) com cheiro a mofo e que envergonha…Os responsáveis pelas organizações de auxilio denunciam também, para lá da fria realidade dos números e da conjuntura, uma apatia generalizada da população portuguesa face a este problema. Demasiado generalizada, arrisco. Até quando a erradicação da pobreza é assunto sussurrado e não tema nacional? Até quando conseguiremos aplacar consciências ao dar uma moedinha a quem, à entrada de um supermercado, pede esmola? Até quando vamos virar a cara à caixa de papel feita lar, com um ser humano lá dentro? Até quando as nossa entranhas não se revoltam ao ver um velho a remexer no contentor de lixo, à espera de uma surpresa em forma de comida? Até quando vamos achar que ao aderir a uma campanha de angariação de fundos é o máximo que podemos fazer pelos que precisam mais que nós? Até quando solucionar é melhor que prevenir? Até quando os nossos governantes entenderão que só pode ser pobreza de espírito manter instituições com viabilidade económica (uma forma de esmola orçamental) e não instituições em função das necessidades reais e prementes das populações carenciadas? Até quando? Muito provavelmente até daqui a um ano...
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Palhaços para o museu, já!

Um palhaço reformado e cansado de ver o circo marginalizado e esquecido espera que o Ministério da Cultura dê luz verde a um projecto que visa a criação de um museu de circo, que à boa maneira circense, só pode ser itinerante.
Palhaço, sejas tu quem fores, estou contigo. Não te preocupes muito com a manutenção do teu projecto. Pela amostra das ultimas autárquicas, tem pernas para andar. E muito por onde escolher.

Para palhaços, sugiro o óbvio, isto é, todos os políticos que em troca de promessas que não tencionam cumprir conquistaram uma câmara municipal e afins. Quanto a acrobatas e malabaristas, também tens muita oferta, dá uma saltada a S. Bento. Já as feras, depende. Aquelas que rugem e nada fazem, bem, há por cá alguns espécimes. Macaquinhos amestrados são todos os que julgam que não votando é mais fácil fingirem que os problemas que atormentarão os portugueses nos próximos quatro anos não serão seus também.
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Ruas amigas das mulheres

Fico contente por não viver em Inglaterra e muito menos em Londres. É que as ruas desta cidade correm o risco de se tornarem amigas das mulheres. O executivo inglês pretende que as senhoras possam usar saltos altos sem tropeçar no passeio, secar o cabelo nas casas de banho públicas e até ter prioridade para apanhar táxis. É um plano ambicioso! Ainda bem que não vivo em Londres. Sentir-me-ia discriminada…Aqui, em Portugal, e nas ruas de Lisboa, por onde circulo, não são apenas as mulheres que têm dificuldades de locomoção e progressão nas ruas, passeios e atalhos. São as mulheres, os homens, as crianças, outras vez as mulheres (desta vez com os carrinhos de bebés ), os mais velhos, os deficientes motores, os cegos, etc,etc,etc…
Quanto às casas de banho públicas, quem souber de uma por perto, de preferência limpinha, por favor avisa-me?
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Morreu à espera do Juiz

As noticias dão conta de uma chimpanzé, Suíça, que morreu devido a uma depressão crónica. Isto assim, sem mais nem menos, nada diz, é certo, mas o facto é que Suiça tornou-se, após a sua morte, o primeiro símio com personalidade jurídica. Tristemente, morreu um dia depois de ter visto a sua exigência aceite. É que a longa depressão falou mais alto e Suíça foi encontrada morta na sua jaula. O pedido tinha a ver com a frágil condição da símia e a possibilidade de ser transferida para um local mais calmo que o Jardim Zoológico da Baía (Brasil).
O facto suscita-me um breve comentário: Admitindo que o Ministério Público Brasileiro não receba assim tantos pedidos para conferir personalidade jurídica a animais (mesmo sendo aparentados em cerca de 98 % com os humanos), ou coisas, porquê a demora? Ainda bem que os humanos nascem com este privilégio legal. É que já nos basta a lentidão da Justiça…
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A César o que é de César

Houston, tenemos un problema: parece que uma invasão de africanos, em condições sub-saharianas, está a ser mal resolvido por Madrid, a propósito de Ceuta e Melilla. As críticas inundam o fax de Zapatero. A Clara Ferreira Alves indigna-se com a forma como a situação está a ser resolvida. A bióloga A. Nunes indigna-se comigo por eu não me indignar como a Clara Ferreira Alves e por, ao invés, me indignar com a Clara Ferreira Alves. Só porque propus, ingenuamente, pois então, que a CFA fosse a primeira a receber decentemente UM, apenas UM desses seres humanos, em sua casa, lhe desse um prato quente de sopa, que lhe comprasse o Expresso para procurar emprego, que lhe ensinasse a língua, os costumes, os hábitos, o levasse às entrevistas de emprego, que o ajudasse a trazer a sua família, etc, etc. Ora também eu quero que o mundo seja uma aldeia, sem fronteiras ou limites impostos por nós. Mas não é.
Por desconfiar que a dita senhora não se vai chegar à frente e porque não posso tirar férias agora para ir a Ceuta tentar convencer um magrebino a ir viver comigo para Cacilhas, pensei numa solução a nível governamental (afinal é para isso que eles lá estão). Em quatro passos: o Reino Unido devolve Gibraltar a Madrid, Madrid devolve Ceuta a Marrocos (e com jeitinho Olivença a Portugal), Marrocos devolve o Sahara ocidental à Mauritânia e Portugal oferece a Madeira aos Estados Unidos (matavam-se dois Coelhos). Israel já anda a devolver o saque e, como se tem visto, não custa nada.

Vamos lá malta, a César o que é de César.
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Lenços, Lençóis e Atoalhados

No sábado à noite, após a derrota com o Benfica, acenaram-se lenços brancos no estádio do Dragão. No final do jogo, Co Adriaanse fez questão de esclarecer os jornalistas que os lenços brancos eram dos adeptos do Benfica. Não quero desmentir o treinador holandês do FCP, porque o homem até pode sofrer de daltonismo crónico seleccionado, mas tenho quase a certeza que vi o Pinto da Costa e o Manuel Serrão também com uns lenços branquinhos na mão. Possivelmente os lenços eram para assoarem o fungão, porque apanharam uma valente gripe das aves.

Na noite de domingo, em Alvalade, houve adeptos do Sporting que já cansados de andarem a acenar com lenços brancos nos últimos jogos - e de ninguém lhes ligar nenhuma -, optaram desta feita por abanarem lençóis brancos – talvez por uma questão de miopia dos dirigentes leoninos.

Compreendo, pois o meu Sporting até nestes pequenos pormenores é grandioso… mas aconselho os meus confrades a de futuro também irem munidos com uma toalhazita branca (se possível turca) para se poderem enxugar dos banhos de bola que nos últimos tempos temos levado dos nossos adversários.

PS. Uns toalhetes de limpeza de lentes também seriam apropriados para os presidentes dos dois clubes, assim como uns pinguinhos dos olhos para respectivos treinadores.
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100 medos

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Troca de links

Está aberta a “época” de troca de links entre o «Geração Rasca» (GR) e outros blogues ou sites.

Quem estiver interessado em trocar links, ou já o tenha feito sem a respectiva retribuição do GR, solicito que me informe via e-mail.

Obrigado.
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domingo, outubro 16, 2005

Correio electrónico dos leitores

«azia said... ói? hein? caro andré,estou mais ligado ao brasil do que possas pensar, sobretudo como consumidor de cultura e por vezes de afectos. não podemos querer fechar os olhos à qualidade das hordes de migração brasileira que tem entrado pelo país adentro. no geral, é de baixa qualidade, sem o mínimo de formação. não foi minha intenção querer comparar o empregado das beiras cinquentão e antipático com a frescura dos vinte e dois dos brasileirinhos que abundam por aí.mas pensar que "todo" o empregado português é "das beiras" é cair e voltar a cair no erro de sempre. mas o brasileiro, como o português, e de resto como a imagem mais ou menos difusa do africano e do sul-americo, não é de gente trabalhadora. nem educada.o português com o acréscimo de ser, muitas vezes, menos simpático.não esquecendo que há brasileiros muito educados e trabalhadores atrás do balcão em portugal ou a servir à mesa, não posso também afirmar que o protótipo do empregado português seja o "das beiras".por acaso conheço os serviços de restauração, hotelaria e turismo noutros países, sim. vivo em estocolmo há dois meses, e posso garantir-te que nunca fui tratado com tanta educação, profissionalismo e tanta simpatia em nenhum outro país. nem em espanha, nem mesmo em londres. mesmo tendo que obrigar as pessoas a falar comigo numa língua que não é a delas. até já me aconteceu, numa livraria, o empregado fazer um esforço considerável para, em vez que falar comigo em inglês, o fazer em espanhol, ao perceber que era espanhol o livro que eu procurava.sempre gostei de ser bem atendido. um sorriso simpático ou uma frase gentil podem fazer a diferença de um restaurante para outro, se a qualidade da cozinha for idêntica.quanto a tascas rascas e pastelarias-café-restaurante que pululam aí por lisboa, confesso que não tenho o hábito. há sítios mais interessantes para comer. até porque não é propriamente uma maioria avassaladora de brasileiros que trabalha em restaurantes de qualidade, salvo em restaurantes brasileiros, argentinos e um ou outro italiano-pagode.quanto a bares, melhor nem falarmos. quanto à caipirinha, confesso que sou um especialista. os melhores cumprimentos,azia.»

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Caro Azia,

Se bem consigo depreender do teu estilo "saramaguesco", aparentemente deves estar a fazer alguma confusão, pois o meu post, «Sejam bem-vindos meus irmãos!», em nada contradiz aquilo que estás a defender, excepto, que o protótipo do empregado de mesa português não seja o das "beiras" - e esta afirmação, infelizmente tenho de a manter.

Como o assunto é muito sério, e o post era necessariamente muito curto, limitei-me a ficcionar e ironizar um pouco - a ambiguidade foi propositada -, contudo gostaria - face às tuas observações - de esclarecer em alguns pontos a minha posição sobre este tema:

1. Quanto falo em "profissionalismo e educação do povo brasileiro", falo em comparação com o empregado de mesa típico português;

2. Todos os imigrantes devem ser bem recebidos, não podemos é receber todos os imigrantes;

3. Já temos imigrantes a mais;

4. Não confundo os brasileiros com empregados de mesa, contudo, há muitos brasileiros em Portugal a trabalhar nesta área - o que tem sido benéfico para a melhoria da qualidade dos serviços prestados aos portugueses nesta área específica;

5. Prefiro uma boa posta mirandesa ou uma feijoada à transmontana à picanha ou à feijoada à brasileira... e nem sequer gosto de caipirinha (mas gosto muito de caipiroskas).

Obrigado pelo teu e-mail, comentários e pelo teu link, que será retribuído brevemente. :)
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Saco de gatos

Uma «Festa andrajosa» de Baptista Bastos no Jornal de Negócios:

«O Bloco está cada vez mais semelhante a outro qualquer partido do «sistema», com a agravante de ser um saco de gatos, desprovido de ideologia, impelido pelo ratio de diversos humores, e com contradições e desentendimentos que já saltam a público»

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Apesar do catarro crónico, Baptista Bastos depois de ter escrito este artigo deve ter ficado muito mais aliviadinho...
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sábado, outubro 15, 2005

Há homens que lutam...

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Há os que lutam toda a vida. Estes são os imprescindíveis.

Bertolt Brecht
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Estratégias presidenciais

O semanário Independente dá destaque esta semana à recusa de apoio dos Capitães de Abril à candidatura de Mário Soares.

Fontes próximas de Mário Soares asseguraram-me que Vasco Lourenço ainda tem esperança, e vai agora tentar a sua sorte junto aos primeiros e segundos-tenentes de Abril, dos aspirantes-a-oficiais de Abril, dos primeiros, segundos e terceiros-sargentos de Abril, dos cabos de Abril e dos soldados de Abril.

Caso não seja bem-sucedido, Vasco Lourenço já tem previsto um plano de contingência que consistirá numa opção de mudança de mês. Assim, os convites seguintes serão dirigidos aos capitães de Maio, segundos-tenentes de Maio, e assim sucessivamente...

Mesmo mudando de ano e depois de arma, antevejo uma tarefa muito difícil para Vasco Lourenço.
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Trapalhas atrás de trapalhadas

Segundo o DN, o Tribunal Constitucional prepara-se para chumbar o referendo ao aborto.

Afinal parece que a nova sessão legislativa só começa em Setembro de 2006...
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sexta-feira, outubro 14, 2005

No cimo das cimeiras

Ontem realizou-se em Portugal a Cimeira Luso-Brasileira. Hoje está a decorrer a Cimeira Ibero-Americana em Espanha. Ambas têm em comum – entre outras coisas que não são para aqui chamadas – o facto de contarem com a presença de alguns dos mais altos dignitários do Estado português: o Presidente da República e o primeiro-ministro, para citar apenas dois deles.

Dos resultados de ontem, pouco se sabe, embora se saiba do interesse que alguns resultados práticos teriam para a comunidade brasileira que reside em Portugal. E – quem sabe – de idêntico modo para os cidadãos nacionais que vivem no Brasil… Dos resultados de hoje, com certeza que pouco se virá a saber também, porque isso é coisa que não interessa aos Portugueses. Pelo menos é o que devem pensar no cimo das cimeiras os seus intervenientes. Ou então nem sequer há coisa passível de dar resultados. E, se assim é, para que servem as ditas cimeiras? (Pergunto eu, um dos portugueses que se interessa.) Servirão para que esses intervenientes mantenham uma certa actividade? Ou para que passeiem pelo mundo? Ou para que tragam para a agenda dos media algumas questões que os entretenham durante uns dias?

Bem, no caso da Cimeira Ibero-Americana – não havendo mais nada digno de notícia – ficámos a saber que o nosso Presidente deu uma reprimenda ao Presidente da Venezuela a propósito do lento funcionamento da Justiça nesse país, em particular no que se refere ao processo do piloto português aí detido. Infelizmente, o campo de manobra diplomática não era muito grande porque, como veio lembrar o embaixador venezuelano em Lisboa, o seu país parece não ser «o único» com problemas de morosidade no funcionamento da Justiça. Vale, no entanto, a intenção de Jorge Sampaio. Valem, igualmente, as restantes «cerca de 100» iniciativas diplomáticas portuguesas junto das autoridades venezuelanas.

Que bom que seria se os nossos governantes fossem sempre assim tão diligentes. Hoje seríamos um país tão menos atrasado em tantos domínios. Como, por exemplo, no do funcionamento da Justiça.
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... E em baixo?

Bem, em baixo, na Cimeira Ibero-Americana, Fidel Castro parece ser o assunto na ordem do dia. Sobretudo porque El Comandante não pôs os pés na referida cimeira. É que o Tribunal Constitucional de Espanha resolveu dificultar-lhe vida, ao atribuir jurisdição aos tribunais espanhóis nos casos de governantes estrangeiros acusados de crimes contra a Humanidade. Com a decisão, esse órgão judicial foi ao encontro das expectativas de um grupo de dissidentes cubanos que querem a detenção e o julgamento daquele ditador, precisamente sob essa acusação. Assim, se ele for apanhado em território espanhol corre o sério risco de ser preso.

Embora, nessa eventualidade, o nosso Presidente possa sempre «dar uma palavrinha» ao Presidente do Governo espanhol… para que Fidel seja extraditado para a Venezuela e por lá fique a aguardar o julgamento…
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Sejam bem-vindos meus irmãos!

Ontem, por ocasião da VIII Cimeira Luso-Brasileira, Sócrates garantiu a Lula da Silva que os brasileiros são bem-vindos.

Mas ainda resta alguma dúvida? Claro que são bem-vindos! Nem imagino como seria viver nos dias de hoje em Portugal sem a companhia dos nossos irmãos brasileiros.

Os brasileiros têm-se dispersado "suavemente", como o samba, por toda a costa centro e sul de Portugal, e com um efeito especialmente "gostoso": não há café, restaurante ou bar que não tenha caipirinha, kaipiroska, ou morangoska. E até o fino já foi substituído em muitos locais pelo chopinho. A picanha, a maminha e o rodízio já fazem parte integrante da cozinha tradicional portuguesa, assim como o feijão preto. Eu até já prefiro a lima ao limão, e o abacaxi ao ananás.

Agora, "todo" o restaurante, tasca ou similar, tem uma musiquinha, uma luzinha, uma velinha, uma caipirinha… mas o mais "gostoso mesmo", é a simpatia, educação e profissionalismo do povo brasileiro. Os brasileiros têm sido o abono da nossa restauração, hotelaria e turismo.

É que eu já não tinha nenhuma pachorra para o tradicional, sebento, mandrião, mal-encarado e mal-educado empregado de mesa made in beiras. Felizmente, e graças aos brasileiros, o típico empregado de mesa português encontrou a sua verdadeira vocação, e direccionou a sua "carreira" para uma nova área profissional em ampla expansão, cujas características se adequam na perfeição ao seu perfil manhoso: a profissão de segurança.

Sem os brasileiros, como poderíamos sonhar estar confortavelmente deitados na fina areia branca de uma qualquer praia portuguesa, a curtir o sol, e sermos servidos por uns/umas "caras" sempre "legais", sempre "numa boa", sempre de sorriso franco, sempre com o tom de voz adequado e musicado, e sempre com uma bandeja carregada de caipirinhas e snacks. Ai…as saudades que já tenho do Verão… :)
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Portugal

Estava já com um pé fora do sofá, não fosse a memória da RTP, quando interrompi o ciclo ascendente do zapping para me reter no riso estupidamente infantil de um Carlos Cruz com quarenta anos – um miúdo, portanto. Recolhi à posição original e acendi nervosamente um cigarro ao espantar-me com o independentíssimo pré-candidato a presidente da república, em 1994. Era o ex-actor Mário Viegas. Um furacão silencioso, aquela maravilha. Mimetizava cada gesto seu e tive que subir o volume do aparelho porque o reaccionário cão do meu vizinho troglodita não parava de protestar. Ainda aturei o Paulo de Carvalho a cantar com a orquestra metropolitana de Londres só para o ver outra vez. Foi o melhor que fiz. Já no final do programa, como quem já não espera mais que uma boca amortecida pela banalidade dos risinhos nervosos do público, o CC pede ao Mário Viegas para que declame um poema de Camões (a propósito de conversas menos interessantes de sebastianismos e afins). O pré-candidato mostra-se relutante e propõe outro espectáculo – o poema de um tal Jorge de Sousa Braga. Ilustres, à impossibilidade de trazer de novo aquela forma incontornável de dizer as coisas, deixo-vos as palavras que eu nunca conseguiria encontrar.


Portugal

Portugal
Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse oitocentos
Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os infiéis ao norte de África
só porque não podia combater a doença que lhe atacava os órgãos genitais
e nunca mais voltasse
Quase chego a pensar que é tudo mentira, que o Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney
e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente
Portugal
Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino nacional
(que os meus egrégios avós me perdoem)
Ontem estive a jogar póker com o velho do Restelo
Anda na consulta externa do Júlio de Matos
Deram-lhe uns electro-choques e está a recuperar
àparte o facto de agora me tentar convencer que nos
espera um futuro de rosas
Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar uma pétala que fosse
das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador
Portugal
Se tivesse dinheiro comprava um Império e dava-to
Juro que era capaz de fazer isso só para te ver sorrir
Portugal
Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém
Sabes
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e idiota como tu
mas que tem o coração doce ainda mais doce que os pastéis de Tentugal
e o corpo cheio de pontos negros para poder espremer à minha vontade
Portugal estás a ouvir-me?
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete, Salazar estava no poder, nada de ressentimentos
o meu irmão esteve na guerra, tenho amigos que emigraram, nada de ressentimentos
um dia bebi vinagre, nada de ressentimentos
Portugal depois de ter salvo inúmeras vezes os Lusíadas a nado na piscina municipal de Braga
ia agora propôr-te um projecto eminentemente nacional
Que fossemos todos a Ceuta à procura do olho que Camões lá deixou
Portugal
Sabes de que cor são os meus olhos?
São castanhos como os da minha mãe
Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente
na boca

Jorge de Sousa Braga, O Poeta Nu, Ed. Fenda, 1991.
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